Surto de tuberculose está matando lêmures em zoo de Madagascar

Visitantes do zoológico foram fotografados segurando os animais. Lêmures provavelmente pegaram a doença de humanos.

Por Dina Fine Maron
Publicado 10 de out. de 2022, 10:27 BRT

Um lêmure preto e branco é retratado em um parque nacional em Madagascar. A tuberculose infectou vários desses animais criticamente ameaçados em um zoológico na capital do país. 

Foto de Paul Souders, Getty Images

Um surto de tuberculose em um zoológico de Madagascar matou primatas criticamente ameaçados, incluindo espécies de lêmures que nunca tiveram a doença.

Nas últimas semanas, oito lêmures preto e branco e um sifaka, além de uma fossa (mamífero que lembra um gato) morreram no Zoológico e Parque Botânico de Tsimbazaza (PBZT, na sigla em francês), administrado pelo governo, em Antananarivo, capital de Madagascar, todos por supostos casos da doença. Cientistas do Instituto Pasteur de Madagascar, apoiados por membros da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), confirmaram a presença de Mycobacterium tuberculosis (tuberculose) nos tecidos de vários dos animais mortos.

O zoológico, que abriga várias centenas de animais e permanece aberto aos visitantes, deve ser fechado imediatamente, de acordo com Jonah Ratsimbazafy, primatologista malgaxe.

 

Dez animais do Zoológico e do Parque Botânico de Tsimbazaza morreram nas últimas semanas em meio a um surto de tuberculose.

 

Foto de Travelpix, Alamy Stock Photo

O zoológico não respondeu aos pedidos de comentários.

Cuidadores ou visitantes provavelmente transmitiram a doença, que nunca foi encontrada em lêmures na natureza, diz Ratsimbazafy. A tuberculose é generalizada em pessoas em Madagascar e, em 2019, um lêmure de cauda anelada de estimação foi infectado.

O Zoológico de Tsimbazaza tem cerca de uma dúzia de espécies de lêmures, e o surto envolve a primeira incidência documentada em lêmures preto e branco e sifaka, e em fossa, cita Ratsimbazafy. A IUCN lista lêmures e sifaka como criticamente ameaçados, e fossa como vulnerável à extinção.

“Não se sabe se esses animais podem transmitir a doença entre si ou para humanos”, pondera Ratsimbazafy. “Sabemos que os humanos podem transmitir tuberculose aos lêmures e suspeitamos que os animais adquiriram tuberculose de humanos com os quais estão – ou estiveram – em contato próximo.”

A exploradora da National Geographic Marni LaFleur, antropóloga da Universidade de San Diego, na Califórnia, Estados Unidos, que estuda a espécie, fez parte da equipe que relatou a doença em um lêmure de estimação, num artigo no ano passado. Ela diz que os visitantes do zoológico costumam postar fotos no Instagram que os mostram segurando e alimentando lêmures.

Ratsimbazafy alerta que, a menos que o zoológico seja fechado, funcionários e animais podem transmitir tuberculose aos visitantes. O zoológico não tem capacidade para controlar essa doença altamente contagiosa, diz ele, e deve trabalhar com especialistas veterinários e médicos nacionais e internacionais para impedir sua propagação.

“Conter a propagação da tuberculose no PBZT provavelmente exigirá a eutanásia dos animais”, ressalta Ratsimbazafy. Ele recomenda fortemente contra a captura de lêmures da natureza para reabastecer animais que podem ser sacrificados ou já morreram.

Madagascar tem mais de 100 espécies de lêmures, representando cerca de 20% dos primatas do mundo.

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