Mpox: por que a varíola dos macacos mudou de nome
Desde 1970, a doença mantinha o mesmo nome. Como a varíola dos macacos é chamada atualmente e por que ela mudou de nome?
Micrografia eletrônica de varredura colorida do vírus da varíola dos macacos (laranja) na superfície de células VERO E6 infectadas (verde). Imagem capturada no NIAID Integrated Research Facility (IRF) em Fort Detrick, Maryland.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou novamente que a varíola dos macacos, conhecida oficialmente hoje como Mpox, configura como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. O novo anúncio (em julho de 2022 a doença foi decretada como emergência mundial também) foi feito no dia 14 de agosto de 2024 pelo diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma coletiva de imprensa.
Em 2022, após receber informes sobre a linguagem racista e estigmatizante em torno do nome da doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu usar um novo termo para designá-la: Mpox.
A varíola dos macacos era chamada desta maneira desde 1970. De acordo com a entidade mundial, os dois nomes (varíola dos macacos e Mpox) poderiam ser usados simultaneamente por um ano a partir da decisão (em 2022). Após esse período, o termo original será eliminado. O anúncio foi feito em um comunicado de imprensa, em 28 de novembro de 2022.
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Como se realiza a troca de nomes de doenças
A nomenclatura de novas doenças e, excepcionalmente, de enfermidades já existentes é de responsabilidade da OMS, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID) e a Família de Classificações Internacionais Relacionadas à Saúde da OMS, por meio de um processo consultivo que inclui os estados membros.
De acordo com esses protocolos, a organização realizou consultas para coletar as opiniões de vários especialistas, assim como de países e do público em geral. Com base nessas pesquisas e discussões, a OMS passou a adotar o termo Mpox para aliviar as preocupações levantadas por especialistas e garantir que a denominação possa ser usada em diferentes idiomas.
As considerações incluíram como justificativa a adequação científica, o alcance do uso atual, a pronúncia, a usabilidade em diferentes idiomas, a ausência de referências geográficas ou zoológicas e a facilidade de recuperação de informações científicas históricas, assegurou a OMS.
O que é a Mpox
A Mpox (varíola dos macacos) é uma zoonose viral (um vírus transmitido aos humanos por animais) com sintomas semelhantes aos observados no passado em pacientes com a varíola comum, embora clinicamente de forma menos grave, indica a organização internacional.
“Vários estudos de observação demonstraram que a vacinação contra a varíola tem uma eficácia de cerca de 85% na prevenção da varíola dos macacos. Portanto, a vacinação prévia contra a varíola pode resultar em uma enfermidade mais leve”, sugere a OMS.
O surto de Mpox em 2022 e em 2024
Em 2022, casos de varíola dos macacos foram notificados em países onde a doença não é endêmica e continuaram sendo relatados em vários países endêmicos.
De acordo com o Mapa global do surto de varíola dos macacos de 2022, dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), foram registrados 81 188 casos em todo o mundo até o dia 28 de novembro de 2022.
Já a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) indica que, até 28 de novembro de 2022, foram registrados mais de 54 mil casos confirmados e 37 mortes no continente americano. No Brasil, mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da doença no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
Agora, em agosto de 2024, a OMS voltou a indicar o perigo da Mpox para o mundo. O Dr. Tedros disse oficialmente: “O surgimento de um novo clado de Mpox, sua rápida disseminação no leste da República Democrática do Congo e o relato de casos em vários países vizinhos são muito preocupantes. Além dos surtos em outros países da África, está claro que é necessária uma resposta internacional coordenada para deter esses surtos e salvar vidas”.
Em todo o Brasil foram notificados em 2024 ao menos 709 casos confirmados ou prováveis da doença, segundo o Ministério da Saúde. O número é significativamente menor em comparação aos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da doença no Brasil, segundo a pasta.