Como o uso excessivo das telas afeta o cérebro
A nomofobia afeta as pessoas que não conseguem largar o celular sem se sentirem ansiosas por não tê-lo por perto e por se manterem conectadas. Na imagem um jovem casal se concentra em seus telefones.
Através do uso de telefones celulares, computadores ou televisores, as pessoas podem aprender, se divertir e interagir uns com os outros. No entanto, nem tudo nesta dinâmica de uso é positivo. Estar na frente das telas por longos períodos de tempo pode ter efeitos nocivos à saúde.
O uso da tela pode afetar os ritmos circadianos
Os ritmos circadianos do nosso corpo – mudanças físicas, mentais e comportamentais que seguem um ciclo de 24 horas e respondem principalmente à luz e à escuridão – são afetados pela exposição às telas dos aparelhos eletrônicos.
Dados do Instituto Nacional de Ciências Médicas Gerais (Nigms, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, indicam que a luz dos dispositivos durante a noite pode confundir os relógios biológicos. Como resultado, ela pode causar distúrbios do sono e levar a outras condições médicas crônicas, tais como obesidade, diabetes ou depressão.
Além disso, o tempo de tela pode substituir o tempo gasto com exercícios, este, sim, benéfico para o sono. A informação está publicada no artigo intitulado “Aumento do tempo de tela como causa de diminuição da saúde física, saúde psicológica e padrões de sono: uma revisão da literatura”, de 2022, publicado na revista científica médica Cureus.
As telas afetam o sistema de recompensa do cérebro
Por outro lado, o tempo de tela dessensibiliza o sistema de recompensa do cérebro, de acordo com um artigo informativo de Victoria Dunckley, psiquiatra e autora do livro “Reset Your Child's Brain” (“Redefina o Cérebro do seu Filho”, em tradução livre), publicado no site da Universidade do Estado de Nova York, nos Estados Unidos.
Como relata o material, os jogos eletrônicos e redes sociais fazem com que algumas crianças fiquem "viciadas" nos dispositivos e liberam muita dopamina (um neurotransmissor que gera uma sensação de bem-estar). "Mas quando os caminhos de recompensa são usados em excesso, eles se tornam menos responsivos e é necessário cada vez mais estímulo para experimentar o prazer".
A exposição excessiva na tela afeta o desenvolvimento cognitivo
Passar muito tempo diante de uma tela afeta o desenvolvimento cerebral e aumenta o risco de distúrbios cognitivos, emocionais e comportamentais em adolescentes e jovens adultos.
É o que explica o artigo “Demência digital na geração da Internet: o tempo excessivo de tela durante o desenvolvimento do cérebro aumentará o risco de doença de Alzheimer e demências relacionadas na vida adulta”, publicado no Journal of Integrative Neuroscience em 2022.
Segundo o estudo, o tempo de tela excessivo "afeta negativamente a atenção e a concentração, a aprendizagem e a memória, a regulação emocional e o funcionamento social, a saúde física, e o desenvolvimento de distúrbios mentais e de uso de substâncias".
A exposição precoce à tela aumenta o risco de Alzheimer
Um artigo publicado no Journal of Integrative Neuroscience vai pelo mesmo caminho e também adverte: "Se os circuitos neurais subjacentes às habilidades cognitivo-comportamentais essenciais para a inteligência geral e adaptabilidade durante toda a vida são subdesenvolvidos ou anormalmente desenvolvidos antes da idade adulta”, diz o documento.
A investigação científica continua e diz que “é provável que essas mudanças persistam na idade adulta precoce e média e sejam mais vulneráveis à neurodegeneração acelerada na idade adulta tardia, o que aumentará o risco de leve comprometimento cognitivo e doença de Alzheimer precoce e demências relacionadas".