Fóssil revela como eram os ancestrais dos répteis voadores e dos dinossauros

O fóssil foi encontrado no sul do Brasil em 2022 e ajuda a compreender melhor os ecossistemas terrestres do período Mesozóico.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 17 de ago. de 2023, 15:23 BRT

O Tupuxuara, um tipo de pterossauro, viveu no território onde hoje é o Brasil atual.

Foto de Raul Martin

Um novo esqueleto descoberto em 2022 em rochas de 230 milhões de anos no sul do Brasil ajuda a resolver um quebra-cabeça da paleontologia. O fóssil está bem preservado, o que é útil para fornecer informações sobre a evolução inicial dos pterossauros, também conhecidos como répteis voadores, e seus primos mais próximos, os dinossauros.

Os resultados da descoberta foram publicados no último dia 16 de agosto de 2023 na revista Nature, com a contribuição de Rodrigo Temp Müller, pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria, no Brasil. Ele é o autor principal do trabalho científico e responsável pela descoberta. Pesquisadores do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) da Argentina também participaram do estudo.

(Conteúdo relacionado: Os dinossauros do Brasil: país é berço de espécies e tem potencial para novas descobertas)

Quais são as características do novo fóssil?

O novo réptil foi batizado de Venetoraptor gassenae e pertence a um grupo de animais extintos chamado Lagerpetidae, cujos fósseis foram originalmente encontrados em rochas do Período Triássico (que ocorreu entre 252 e 201 milhões de anos atrás) na província de La Rioja, na Argentina. 

Acreditava-se que os Lagerpetidae eram os precursores dos dinossauros. Mas um estudo publicado na revista Nature, em 2020, e liderado pelos mesmos pesquisadores do Conicet propôs que eles eram, na verdade, precursores dos pterossauros, embora não pudessem voar. 

Os especialistas destacam no artigo que o Venetoraptor tinha um bico afiado semelhante ao de uma ave de rapina e mãos grandes com garras longas e afiadas. De acordo com o Conicet em um comunicado à imprensa, acredita-se que essas características físicas poderiam ter sido usadas pelo animal para lidar com possíveis presas ou para subir em árvores.

Acredita-se também que o animal tinha, aproximadamente, um metro de comprimento e pesava entre quatro e oito quilos.

Qual é o valor da descoberta do fóssil do Venetoraptor?

Os pterossauros viveram na Era Mesozóica (entre 252 e 66 milhões de anos atrás). Até agora, sabia-se muito sobre sua extinção, mas quase não havia registros fósseis de seus precursores, portanto, sua origem era um mistério. 

Embora já existissem fósseis deste grupo, eles eram fragmentários, incompletos e mal preservados. Em contraste, o Venetoraptor gassenae é um dos precursores mais completos já descobertos, permitindo uma análise confiável desses répteis.

"Com a análise do Venetoraptor, os pesquisadores concluíram que os ancestrais dos pterossauros e dinossauros eram muito variados em termos de suas adaptações anatômicas, comportamentos e modos de vida, algo que era desconhecido antes dessa descoberta", diz o Conselho Argentino.

De acordo com o Conselho, a descoberta lança luz sobre os ecossistemas terrestres de 230 milhões de anos atrás, quando a história dos dinossauros e pterossauros começou, e, completa o estudo publicado na Nature, oferece uma visão mais completa da ecologia dessa criatura enigmática.

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