
As 5 curiosidades sobre a Capela Sistina, local onde acontece o conclave 2025 para eleger o novo Papa
As paredes decoradas por afrescos artísticos da Capela Sistina têm assinatura de alguns dos mais importantes pintores da época, entre eles Pietro Perugino, Pinturicchio, Sandro Botticelli, Domenico Ghirlandaio, Cosimo Rosselli e Michelângelo, o mais famoso deles.
A Capela Sistina é considerada “o maior tesouro artístico e cultural do Vaticano”, como define o Italia.it, o site do Ministério do Turismo da Itália — além de ser um dos locais históricos mais visitados do mundo. Todos os anos, cerca de 6 milhões de pessoas vão ao Vaticano para ver essa maravilha artística, informa um artigo da National Geographic de Espanha.
A Capela Sistina está localizada à direita da Basílica de São Pedro dentro do estado do Vaticano, precisamente no Palácio Apostólico, e sua história remonta há séculos. Em 2025, após a morte do Papa Francisco, a atenção do mundo estará voltada para essa bela capela, já que um novo conclave papal começa em 7 de maio para eleger o sucessor do argentino Jorge Bergoglio.
Para celebrar esse momento histórico, a National Geographic reuniu cinco fatos marcantes sobre a famosa Capela Sistina.
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Na foto, o exterior sóbrio da Capela Sistina contrasta com a decoração interna. Ela foi construída com tijolos e tem seis janelas externas.
1. A Capela Sistina tem mais de 600 anos
No século 15, o Papa Sisto 4º (nome secular Francesco Della Rovere, que foi papa entre 1471 e 1484) promoveu uma série de reformas na antiga Capela Magna, construída por volta de 1377. A reestruturação começou em 1477 e, ao final desse processo, o templo adotou o nome do sumo pontífice da época: Capela Sistina.
Esse fato é detalhado em um artigo publicado no site oficial do Vaticano, que também afirma que os arquitetos italianos Giovannino de Dolci e Baccio Pontelli foram os responsáveis pela melhoria e reforma da antiga capela.


"O Juízo Final", um dos afrescos de Michelangelo, é considerado uma das obras-primas do pintor renascentista.
"A Tentação de Cristo", um afresco do pintor italiano Sandro Botticelli que está na Capela Sistina.
2. Perugino, Botticelli e Michelangelo são alguns dos grandes pintores que decoraram a Capela Sistina
O prédio da capela é simples por fora: tem formato retangular, foi construído com tijolos e tem seis janelas em arco nas laterais, além de um teto abobadado, como descreve a Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento do Reino Unidos).
Mas o exterior simples contrasta com a exuberante decoração interna, que apresenta afrescos de vários mestres da Renascença artística de Florença, continua a fonte.
“Os afrescos nas paredes laterais da capela foram pintados entre 1481 e 1483. Na parede norte há seis afrescos que retratam eventos da vida de Jesus Cristo pintados pelos artistas Pietro Perugino, Pinturicchio, Sandro Botticelli, Domenico Ghirlandaio e Cosimo Rosselli”, descreve a Britannica.
Na parede sul, há seis outras pinturas que retratam eventos na vida de Moisés feitas pelos artistas Perugino, Pinturicchio, Botticelli, Domenico e Benedetto Ghirlandaio, Rosselli, Luca Signorelli e Bartolomeo della Gatta, grandes nomes da época.
Acima dessas obras, há afrescos menores que retratam vários Papas líderes da Igreja Católica ao longo da história. Além dessas obras, “as partes inferiores das paredes laterais da Capela Sistina eram cobertas com uma série de tapeçarias que retratavam eventos dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos durante importantes cerimônias”, explica a fonte inglesa. “Elas foram projetadas pelo artista Rafael e feitas entre 1515 e 1519 em Bruxelas, capital da Bélgica”, relata a fonte.

"A Criação de Adão", o mais famoso afresco de Michelangelo na abóbada da Capela Sistina, na Cidade do Vaticano. Ele foi feito entre 1508 e 1512.
3. Michelangelo pintou o teto da Capela Sistina, mas partes de seu trabalho foram censuradas
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni, um arquiteto, pintor e escultor italiano que posteriormente se tornou um dos mais famosos do mundo, foi encarregado de decorar o teto abobado da Capela Sistina.
Ele começou o projeto a partir de 1508, depois que o Papa Júlio 2º (1503-1513) pediu que ele pintasse afrescos inspirados nas histórias de Gênesis, da bíblia católica, como conta um artigo no site oficial do Vaticano.
O artista florentino achou o trabalho muito exigente, de acordo com cartas que ele mesmo enviou a seus parentes nas quais ele falava de um “esforço muito grande” e das dificuldades de não ser um pintor nato, já que se considerava mais um escultor. De fato, “as primeiras tentativas de pintura foram decepcionantes”, relata um artigo da National Geographic espanhola.
O trabalho foi concluído em 1512 e, em 1º de novembro, o Papa Júlio 2º celebrou uma missa na Capela Sistina por ocasião do Dia de Todos os Santos, inaugurando a obra concluída. Como descreve o site dos Museus do Vaticano, “os nove painéis centrais (da abóbada) retratam as histórias de Gênesis, desde a criação até a queda do homem, o dilúvio e o novo renascimento da humanidade com a família de Noé”.
Só que 20 anos mais tarde, Michelangelo retornou à Capela Sistina depois que o Papa Clemente 7º o encarregou, em 1533, de pintar o afresco do Juízo Final na parede do coro (no lado oeste). Após a morte de Clemente, Paulo 3º, que foi eleito papa em 1534, garantiu que o artista concluísse a encomenda.

Um retrato de Alexandre 6º (Borgia, 1492-1503), o primeiro Papa a ser eleito em um conclave na Capela Sistina.
No entanto, quando a obra foi concluída, algumas reações foram desfavoráveis, pois a pintura mostrava corpos nus. O Papa Pio 4º ordenou o “imbraghettamento”, ou seja, a cobertura dos órgãos sexuais das figuras pintadas, e Daniele da Volterra, um pintor e escultor contemporâneo de Michelangelo, foi encarregado de cobrir parte da nudez.
Nos séculos posteriores, também houve reformas menos delicadas e menos respeitosas com o trabalho original, diz a NatGeo espanhola. Séculos depois, os afrescos foram completamente restaurados entre 1979 e 1999.
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4. Quando foi o primeiro conclave realizado na Capela Sistina
Desde 1878, a Capela Sistina tem sido a sede oficial do conclave papal (a reunião dos cardeais da Igreja Católica para eleger um novo Papa), como descreve a fonte oficial do Vaticano.
Entretanto, a primeira eleição de um Papa na Capela Sistina data de vários séculos atrás. Especificamente, o primeiro conclave realizado ali ocorreu em 1492, quando Alexandre 6º (1492 – 1503) foi coroado como pontífice supremo, detalha o Vatican News, o portal de informações da Santa Sé.
Além do conclave, às vésperas da Vigília de Corpus Christi, as Matinas, a Vigília de Natal e a missa de Domingo de Ramos também foram realizadas também na Capela Sistina por um certo período, continua o site do Vaticano.

O registro da fumaça branca que sai da chaminé localizada na Capela Sistina, significando a eleição de um novo Papa.
5. É uma chaminé na Capela Sistina que anuncia ao mundo um novo Papa
O conclave – palavra com origem no latim cum clave e que significa “fechado” – ocorre na Capela Sistina, que é equipada com bancadas para a contagem de votos, um forno onde as cédulas são queimadas e chaminés para comunicar o resultado positivo (quando o Papa é escolhido) ou negativo (quando a eleição ainda não resulta em um vencedor).
De acordo com o procedimento oficial, uma vez dentro da Capela Sistina, os cardeais cantam o hino “Veni, Creator Spiritus” e fazem um juramento. Eles ficam temporariamente isolados dentro da pequena igreja até chegarem a um acordo sobre quem será o novo líder da Igreja Católica.
O novo Papa só é escolhido quando se alcança uma maioria qualificada de 2/3 (89 votos em 2025, pois há 133 cardeais eleitores). Nesta ocasião, “estão previstos quatro escrutínios por dia, dois pela manhã e dois à tarde, e após a 33ª ou 34ª votação, em qualquer caso, haverá um segundo turno direto e obrigatório entre os dois cardeais que obtiveram o maior número de votos na última votação”, detalha o Vatican News.
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Depois que os votos são revisados, as cédulas são queimadas em um forno de ferro fundido “usado pela primeira vez durante o conclave de 1939”. “Um segundo forno, de 2005, que está conectado, é usado para os produtos químicos que irão colorir a fumaça produzida pelas cédulas queimadas que sairá da chaminé no telhado da Capela Sistina: preto no caso de não tiverem decidido a eleição e branco no caso de uma eleição”, explica a fonte.
No final do conclave, o Papa recém eleito vai para a “Sala das Lágrimas” (que é a sacristia da Capela Sistina) “onde ele, pela primeira vez, coloca as vestes papais com as quais será apresentado à multidão de fiéis que o aguardam na praça de São Pedro após o anúncio com a fumaça branca”, continua o Vatican News.
