Encontrado novo dinossauro gigantesco com “dente de tubarão”

Com mais de 113 milhões de anos, os fósseis pertencem a "um dos mais importantes dinossauros tailandeses já encontrados", afirmam paleontólogos.

Por Michael Greshko
Publicado 30 de out. de 2019, 07:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Escavações na Tailândia revelaram o Siamraptor suwati, um tipo recém-encontrado de dinossauro predador. A criatura pertencia ...
Escavações na Tailândia revelaram o Siamraptor suwati, um tipo recém-encontrado de dinossauro predador. A criatura pertencia aos carcarodontossauros, um grupo conhecido por seus dentes serrilhados, como os de uma faca.
Image Courtesy of Chokchaloemwong et al., 2019

Hoje, as terras nos arredores de Ban Saphan Hin, na Tailândia central, são recobertas por uma delgada camada de solo avermelhado em que os produtores rurais da região plantam milho e mandioca. Contudo, há mais de 113 milhões de anos, a região abrigava antigas planícies alagáveis que eram aterrorizadas por um temível dinossauro com dentes semelhantes aos de um tubarão.

Descrito no periódico PLOS One, o predador recém-descoberto — chamado Siamraptor suwati — é o dinossauro mais completo de seu tipo e idade já encontrado no sudeste da Ásia. A fera, com ossos que medem cerca de 7,6 metros, é mais uma da série de grandes descobertas de dinossauros na região e revela um novo entendimento sobre a distribuição de um importante grupo de dinossauros predadores no mundo antigo.

“É um dos mais importantes dinossauros tailandeses já encontrados”, afirma por e-mail Steve Brusatte, paleontólogo da Universidade de Edinburgh, que analisou o estudo para publicação.

Uma equipe liderada por Duangsuda Chokchaloemwong, pesquisadora da Universidade Nakhon Ratchasima Rajabhat da Tailândia, examinou os ossos e descobriu que o esqueleto é permeado por sacos aéreos, o que tornaria leve a estrutura do dinossauro e talvez o ajudasse a respirar mais rápido, uma ideia que futuras varreduras ósseas poderiam pôr a prova.

“Teria sido uma fera ágil, feroz e dinâmica”, afirma Brusatte.

Pesquisadores reconstruíram em escala o esqueleto do Siamraptor suwati com os 22 fósseis recém-encontrados. A linha na escala equivale a um metro.
Image Courtesy of Chokchaloemwong et al., 2019

Dentes semelhantes aos de tubarões

Dezenas de milhões de anos antes que gigantescos tiranossauros como o T. rex entrassem em cena, outro grupo de grandes dinossauros predadores reinava: os alossauroides. Dentre esses pesos-pesados devoradores de carne, havia um grupo chamado carcarodontossauros, que foram os principais predadores durante a maior parte do Cretáceo.

“Foi apenas com o declínio dos carcarodontossauros que os pequenos tiranossauros ganharam importância e passaram a ter um papel de predador no topo da cadeia alimentar”, explica Brusatte.

As primeiras evidências do grupo surgiram no Saara, no Egito, em 1914, quando uma expedição financiada pelo paleontólogo alemão Ernst Stromer encontrou dentes de dinossauro serrilhados que se assemelhavam a facas de bife. As presas assustadoras fizeram Stromer se lembrar das presas existentes no Carcharodon, o gênero de tubarões que inclui o grande-tubarão-branco e, por isso, em 1931, ele batizou o dinossauro de Carcharodontosaurus saharicus.

Nas décadas seguintes, os paleontólogos encontraram mais parentes do dinossauro com os dentes de tubarão de Stromer, como alguns dos maiores dinossauros predadores que já existiram. No entanto, até recentemente, nenhum carcarodontossauro bem preservado tinha sido sequer encontrado no sudeste da Ásia. Essa ausência seria um sinal de sua completa inexistência na região ou de que seus restos mortais simplesmente não tinham sido descobertos ainda? Para descobrir, os cientistas precisavam começar as escavações.

Escavando um dinossauro

Nas últimas décadas, paleontólogos tailandeses encontraram diversos materiais fósseis da época dos dinossauros. Desde 2007, uma equipe internacional chamada Projeto de Dinossauros do Japão-Tailândia encontrou dois novos dinossauros herbívoros chamados Ratchasimasaurus Sirindhorna, bem como um antigo parente dos jacarés e crocodilos.

“Este projeto é extremamente importante para desvendar a história evolucionária dos dinossauros durante o período do Cretáceo Inicial”, afirma Soki Hattori, coautor do estudo, paleontólogo do Museu de Dinossauros da Prefeitura de Fukui, no Japão, por e-mail. “A comparação dos dinossauros do Cretáceo Inicial do Japão e Tailândia nos permite compreendê-los profundamente, além de esclarecer a história da disseminação geográfica dos dinossauros.”

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Os pesquisadores encontraram o herbívoro Sirindhorna próximo a Ban Saphan Hin, uma vila na província de Nakhon Ratchasima, em uma camada de rocha que, acredita-se, tenha se formado aproximadamente entre 113 e 125 milhões de anos atrás. As temperaturas máximas chegaram a 35oC durante as escavações da equipe e ressoavam no sítio as constantes batidas nas pedras.

O trabalho árduo valeu a pena: além de encontrar o Sirindhorna, a escavação desenterrou 22 partes não articuladas de um dinossauro predador. Os fósseis provinham de ao menos quatro indivíduos diferentes e continham segmentos da espinha dorsal, partes de membros e quadris, e fragmentos do crânio, como o lado direito de uma mandíbula inferior bastante preservada. Chokchaloemwong e seus colegas examinaram os ossos e verificaram que pertenciam a um carcarodontossauro.

A descoberta mostrou que os carcarodontossauros estavam espalhados pela Terra durante o período Cretáceo Inicial. Muitos outros grupos de dinossauros, como outros alossauroides, também tinham expandido suas áreas de ocorrência no período. Na época, a América do Norte era ligada à Europa e à Ásia, permitindo que os dinossauros dos três continentes convivessem e interagissem.

O Siamraptor também tem importância para a própria Tailândia. Chokchaloemwong afirma: “Tenho muita esperança de que essa descoberta faça os tailandeses perceberem que nosso país possui muitos fósseis que ainda precisam ser descobertos pela geração mais jovem.”

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