Mudanças climáticas irão alterar a cor dos oceanos

No próximo século, os satélites vão registrar a intensificação das cores azul e verde nos mares.

Por Sarah Gibbens
Publicado 16 de fev. de 2019, 09:00 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Fitoplâncton em florescimento no mar de Barents, em 14 de agosto de 2011. Essa imagem foi ...
Fitoplâncton em florescimento no mar de Barents, em 14 de agosto de 2011. Essa imagem foi registrada pelo Espectrorradiômetro de imagens de Resolução Moderada (MODIS) no satélite Aqua.
Foto de NASA, Gsfc, Jeff Schmaltz, Modis Land Rapid Response Team

ATÉ O ANO DE 2100, O oceano que conhecemos provavelmente mudará de cor.

Essa foi a conclusão de um estudo publicado na revista científica Nature Communications, que exemplificou como o fitoplâncton mudará em razão do constante aquecimento dos oceanos. Em um cenário em que os hábitos continuam os mesmos e a emissão de gases de efeito estufa siga inabalável, as zonas subtropicais mais azuis do oceano se tornarão ainda mais azuis, e as regiões mais verdes ao longo do equador e dos pólos se tornarão ainda mais verdes.

Mais do que uma anormalidade, os autores do estudo dizem que a mudança na cor é um sinal de alerta para as drásticas mudanças globais que acontecerão em um mundo aquecido pelas mudanças climáticas.

Medindo as cores

É de conhecimento que mudanças sazonais regularmente alteram as cores das águas, mas o aquecimento dos oceanos pode alterar de forma permanente os mosaicos azuis e verdes observados do espaço.

A luz solar penetra mais de 180 metros abaixo da superfície do oceano. Tudo abaixo disso é mantido na escuridão. Acima disso, a maioria das moléculas da água é capaz de absorver todas as cores, exceto azul, o que faz com que essa cor reflita.

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A matéria orgânica que reveste a superfície do oceano, como o fitoplâncton, muda essa cor. Grande parte dele contém clorofila, um pigmento de cor verde que absorve a luz do sol que as plantas necessitam para gerar alimento. Conforme os oceanos aquecem, as correntes se tornam mais irregulares e as camadas na água ficam mais estratificadas, o que significa que regiões quentes não se misturam tão facilmente com regiões frias. Existem milhares de espécies de fitoplâncton adaptadas exclusivamente à água quente ou fria. Com o constante aquecimento dos oceanos, algumas espécies podem morrer, algumas florescerão e outras migrarão para regiões diferentes.

No entanto, analisar apenas a clorofila não dirá aos cientistas como o aquecimento do clima está alterando o fitoplâncton. Eventos de ocorrência natural, como El Niños e La Niñas, podem influenciar na quantidade de fitoplâncton concentrada em uma determinada área.

Então, o grupo de pesquisa utilizou satélites para medir a luz refletida como um todo.

Stephanie Dutkiewicz, autora principal do estudo, diz que o mesmo modelo já foi utilizado anteriormente para analisar como o aquecimento dos oceanos mudará o comportamento do fitoplâncton. Ele indica os ciclos de vida e movimentos do fitoplâncton nos padrões do oceano que ocorrem naturalmente. Usando esse mesmo modelo, eles estimaram quanto de luz havia em uma determinada região com base no número de organismos presentes.

A conclusão: metade dos oceanos do mundo exibirá tons mais intensos de azul e verde até 2100.

Cenário em que hábitos continuem iguais

“O especial desse modelo é que ele sugere que as sutis mudanças na cor são um sinal de alerta precoce,” diz Dutkiewicz. “O fitoplâncton é a base da cadeia alimentar marinha. Tudo no oceano necessita da existência do fitoplâncton. O impacto será sentido até no topo da cadeia alimentar”.

Essas projeções foram baseadas na probabilidade de que a temperatura do mundo aumentará três graus Celsius até 2100. No último mês de novembro, a Organização Meteorológica das Nações Unidas estimou que ocorrerá um aumento de três a cinco graus na Terra até o final deste século.

Dutkiewicz diz que seu modelo se baseia em um “mundo muito mais quente.” Se mudanças significativas forem implementadas, as cores dos oceanos podem permanecer as mesmas.

Isso exigiria reduções significativas nas emissões dos gases de efeito estufa gerados pela queima de combustíveis fósseis. 

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