Aves brasileiras foram extintas da natureza na última década

O ritmo de extinção de pássaros em todo o mundo está acelerando conforme seus habitats desaparecem.

Por Sarah Gibbens
Publicado 19 de set. de 2018, 17:53 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
A ararinha-azul pode estar extinta na natureza, de acordo com um novo estudo da BirdLife International.
A ararinha-azul pode estar extinta na natureza, de acordo com um novo estudo da BirdLife International.
Foto de Claus Meyer, Minden Pictures, National Geographic Creative

Quando uma espécie é reduzida a poucos indivíduos, o mundo assiste ansiosamente ao fim dos últimos membros. Esse foi o caso de Sudan, o último rinoceronte branco macho que morreu em 2018.

No entanto, um estudo publicado na revista Biological Conservation descobriu que oito espécies raras de pássaros podem já ter desaparecido sem fazer alarde.

Financiado pela ONG BirdLife International, o estudo de oito anos analisou estatisticamente 51 espécies ameaçadas e descobriram que oito poderiam ser classificadas como extintas ou muito próximas da extinção. Descobriram que três foram extintas, uma está extinta na natureza e quatro estão muito perto da extinção, se não extintas.

Uma espécie, a ararinha azul, foi retratada no filme animado Rio, de 2011, que conta a história de uma ave de cativeiro que acasala com o último indivíduo selvagem da espécie. Pelas conclusões do estudo, o filme estava uma década atrasado. Eles estimam que a última ararinha azul selvagem tenha morrido em 2000 e há cerca de 70 cativas.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) é uma base de dados global que registra populações de animais, E a Birdlife International, que muitas vezes faz análises para a IUCN, recomenda que três espécies sejam oficialmente classificadas como extintas: o gritador-do-nordeste brasileiro, visto pela última vez em 2007; o limpa-folha-do-nordeste, visto pela última vez em 2011; e a trepadeira-de-cara-preta, do Havaí, vista pela última vez em 2004.

O limpa-folha-do-nordeste, antes encontrado no Nordeste do Brasil, também pode já estar extinto.
Foto de Agami Agency, Alamy

Desde que começaram a manter registros, os autores do estudo estimam que um total de 187 espécies tenham sido extintas. Historicamente, espécies que vivem em ilhas têm sido as mais vulneráveis. Um pouco menos da metade das extinções que os autores categorizaram foram causadas por espécies invasivas, que podem ser mais agressivas em ilhas. Quase 30% das extinções, eles descobriram, foram causadas pela caça e captura para venda como animais de estimação exóticos.

Mas conservacionistas estão preocupados que o desflorestamento decorrente da exploração da madeira e agricultura insustentáveis sejam a causa das próximas extinções.

“Nossos resultados confirmam que há uma crescente onda de extinções varrendo os continentes, causado principalmente pela perda e degradação de habitat devido a agricultura e exploração de madeira insustentáveis”, disse o autor e cientista da BirdLife, Stuart Butchart, em coletiva de imprensa.

Na Amazônia, onde muitas dessas espécies já foram abundantes, o desflorestamento é uma preocupação crescente. O World Wildlife Fund estima que mais de 17 milhões de hectares de floresta foram perdidos entre 2001 e 2012. Um editorial publicado em março na Science Advances constatou que a Amazônia está chegando a um ponto de inflexão ecológico -  se 40% da região for desflorestada, cientistas dizem que o ecossistema será irreversivelmente alterado.

Luisa Arnedo, bióloga e oficial de programas seniores da National Geographic Society, explicou que pássaros podem ser especialmente suscetíveis à extinção quando enfrentam perda de habitat, porque eles vivem em nichos ecológicos, se alimentando apenas de uma presa específica ou fazendo ninhos em árvores específicas.

“Assim que o habitat se vai, eles se vão também”, diz ela.

Poucas espécies de pássaros podem exacerbar problemas de desflorestamento, ela adiciona. Muitos pássaros servem como dispersadores de sementes, polinizadores e podem ajudar a trazer áreas desflorestadas de volta à vida.

A BirdLife diz que mais pesquisas são necessárias para confirmar com 100% de certeza que as quatro espécies que eles dizem que têm grandes chances de estarem extintas estão extintas de verdade, mas nenhuma delas foi vista na natureza desde antes de 2001. Apesar de ser raro, animais classificados como extintos já voltaram à vida antes.

No ano passado, um macaco do novo mundo foi visto vivo 80 anos após cientistas acreditarem que estava extinto, tornando-se uma rara vitória da conservação na vasta floresta Amazônica.

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