As joias submarinas de Cuba estão na rota do turismo
Os Jardines de la Reina, a imensa reserva marinha de Cuba, são um paraíso do mergulho agora na rota do turismo.
Esta história é parte da edição de outubro de 2016 da revista National Geographic Brasil.
Quinze anos se passaram desde que exploramos pela última vez os Jardines de la Reina. Nesse colar de cayos, mangues e recifes de coral a 80 quilômetros da costa cubana, revisitamos a natureza marinha vibrante – e que ainda nos assombra.
Depois de tanto tempo e tantas mudanças climáticas, voltamos a Cuba apreensivos com o que iríamos encontrar nesse parque nacional que se estende por cerca de 2 200 quilômetros quadrados. Em nosso primeiro mergulho, descemos até um coral-chifre-de-alce, uma espécie ameaçada de extinção e que vem diminuindo por todo o Caribe. Acabamos em meio a um matagal aquático, deslumbrados com as cocorocas-bocas-defogo e as caranhas. Isso é o que esperávamos ver: uma cápsula do tempo líquida, a volta a um novo mundo de coral repleto de peixes, tal como o Mar do Caribe se revelara aos nossos olhos décadas antes.
Noel López, um experimente mergulhador que frequenta essas águas há duas décadas, nos conduziu até um recife mais profundo, em que encontramos quatro espécies de garoupa, entre as quais um mero tão grande quanto um fogão.
Depois, certa manhã, entramos pelos manguezais e nadamos entre cardumes de reluzentes peixinhos aterinídeos. Em mar aberto, mergulhamos com dúzias de esguios tubarões-seda. Ao cair da tarde, voltamos aos manguezais com poderosos holofotes, e pudemos observar um crocodilo-americano caçando silenciosamente. Encontrar tantas presas e tantos predadores em um único ecossistema, e em apenas um dia, é algo inacreditável.
A prosperidade desse oásis no oceano depende, como ressalta o oceanógrafo Fabián Pina Amargós, do zelo com que as autoridades cubanas protegem a reserva, um local em que as marés e as correntes contribuem para a retenção de nutrientes e larvas. Esse ecossistema marinho não está isento das mesmas pressões sofridas por outros recifes à medida que os oceanos vão se tornando mais aquecidos e mais ácidos.
Com o fim do embargo a Cuba, as belezas nos mares da ilha deverão atrair cada vez mais americanos. Há, por isso, uma necessidade urgente de se alcançar um equilíbrio entre os objetivos do ecoturismo e os da preservação. Os cubanos sabem muito bem o que está em jogo.
Trabalhando juntos, David Doubilet e Jennifer Hayes fotografaram todas as regiões oceânicas, das equatoriais às polares.