Peixe de águas profundas usa estômago expansível como ‘sacola de compras’

Muitas espécies desenvolveram maneiras de transportar o próprio alimento, uma adaptação a desafios ambientais como a seca e o frio.

Por Liz Langley
Publicado 6 de nov. de 2019, 11:45 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
O engolidor-negro devora refeições gigantescas porque os alimentos são escassos no fundo do oceano.
O engolidor-negro devora refeições gigantescas porque os alimentos são escassos no fundo do oceano.
Foto de Norbert Wu, Minden Pictures/Nat Geo Image Collection

Para muitos animais, encontrar alimento não é uma atividade simples: requer uma combinação de sentidos aguçados, proeza física e uma boa dose sorte. É por isso que algumas espécies desenvolveram uma estratégia única para combater a fome: armazenar alimento no próprio corpo.

Provavelmente a espécie mais lembrada por isso seja o esquilo, cujas enormes bolsas nas bochechas guardam nozes e sementes colhidas durante os meses mais quentes. Em vez de engordar para suportar o longo inverno, estas 25 espécies de roedores escondem petiscos em suas bochechas salientes.

“Armazenar alimento é uma característica bastante avançada”, afirma Tracey Sutton, ecologista marinha da Nova Southeastern University, na Flórida. “É uma importante estratégia ecológica para animais que vivem em ambientes com oferta muito irregular de alimento”, seja a temperaturas congelantes ou a profundidades marinhas remotas.

Um esquilo-tâmia enche as bolsas de suas bochechas com frutos do carvalho antes do inverno que ...
Um esquilo-tâmia enche as bolsas de suas bochechas com frutos do carvalho antes do inverno que se aproxima.
Foto de Tim Lamán, Nat Geo Image Collection

O estudo dessas adaptações também ajuda os cientistas a entenderem como a fauna silvestre é capaz de suportar mudanças ambientais, como as mudanças climáticas.

Aqui estão alguns animais fascinantes que sempre têm lanchinhos à mão.

Formigas-pote-de-mel

As formigas-pote-de-mel vivem em regiões de clima árido em todo o mundo, como na Austrália, no sul da África e no México. Durante a estiagem e a estação seca, algumas dessas formigas sustentam a colônia desenvolvendo seus próprios potes de mel.

Essas formigas especializadas, conhecidas como repletas, se enchem de néctar, de seiva e de uma substância açucarada chamada melada, que é secretada por outro tipo de inseto: o pulgão.

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    A captive honeypot ant displays its gaster swollen with nectar, sap, and honeydew.

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    Foto de Joël Sartore, National Geographic Photo Ark

    As repletas se empanturram até o ventre ou a porção traseira do corpo, inchando com a mistura doce. A seguir, os insetos se penduram no teto das colônias subterrâneas e regurgitam o líquido para alimentar os colegas famintos.

    Engolidores-negros

    engolidor-negro é um peixe de águas profundas que captura presas muito maiores e depois transporta a refeição digerida em um estômago que fica pendurado na parte inferior, como uma sacola de compras.

    Os engolidores-negros vivem em profundidades de até 4 quilômetros, onde o alimento é relativamente escasso — talvez por isso o engolidor-negro coma tanto, fazendo uso de uma estratégia do tipo “pegue enquanto puder”. E, nessas profundezas pouco povoadas, o peixe pode digerir lentamente cada uma de suas grandes presas sem medo de ameaças, afirma Sutton.

    O engolidor-negro também nunca foi filmado. Sutton espera que isso mude no futuro.

    “Nosso conhecimento sobre as profundezas do mar é, em grande parte, um conhecimento forense”, conta ele, a maioria das amostras é analisada já morta.

    “Observar comportamentos na natureza, ainda que tão simples quanto nadar, nos ajuda a preencher lacunas.”

    A maior das espécies de pelicanos, o pelicano-crespo é nativo da Europa e da Ásia.
    A maior das espécies de pelicanos, o pelicano-crespo é nativo da Europa e da Ásia.
    Foto de Marcin Dobas, Nat Geo Image Collection

    Pelicanos

    Como uma criança que come todos os doces antes de chegar em casa, os pelicanos não armazenam peixes nas enormes bolsas que possuem em seus bicos e, sim, os engolem rapidamente. Suas bolsas ficam quase totalmente cheias de água e, quando inclinam a cabeça para trás, deixam a água sair para engolir o alimento.

    A maioria das sete espécies de pelicanos, encontradas em todo o mundo, exceto na Antártida, “pesca coletivamente ao nadar em linha reta ou em grupo, cercando os peixes”, conta Bob Mulvihill, ornitólogo do Aviário Nacional em Pittsburgh. As aves então encurralam os peixes entre si ou os forçam contra a costa, utilizando os bicos para apanhá-los.

    A exceção é o pelicano-pardo, uma espécie norte-americana que mergulha na água e agarra o peixe no processo (assista ao vídeo).

    Plantas de jarro

    A planta de jarro do gênero Nepenthes, nativa do sudeste da Ásia e do extremo norte da Austrália, possui uma folha em forma de jarro que serve para aprisionar insetos, salamandras e até pequenos mamíferos.

    As plantas de jarro do gênero Nepenthes aprisionam insetos e outros pequenos animais em seus jarros ...
    As plantas de jarro do gênero Nepenthes aprisionam insetos e outros pequenos animais em seus jarros repletos de líquido.
    Foto de Thomas P. Peschak, Nat Geo Image Collection

    Algumas folhas dessa espécie possuem manchas coloridas que se assemelham um pouco com carniça saborosa, o que atrai presas para dentro do jarro. As laterais escorregadias e a borda saliente do jarro então garantem que a vítima não consiga sair.

    No fundo dos jarros, há fluidos digestivos nos quais as presas se afogam e se decompõem lentamente — permitindo que essas plantas carnívoras prosperem em regiões pobres em nutrientes.

    Algumas dessas bolsas tinham que ter um truque.

     

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