Os ursos-pardos estão ressurgindo. Mas haverá espaço para eles?

O que chamamos de “ataques” são considerados defesa pelos ursos. Seja como for, as interações entre humanos e ursos-pardos estão aumentando.

Por AARON TEASDALE
Publicado 1 de mar. de 2021, 07:30 BRT
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Armadilha fotográfica captura ursos-pardos se banhando, espirrando água e brincando em uma lagoa.

Foto de Michael Nichols With Ronan Donovan And The National Park Service, National Geographic

MISSOULA, MONTANA Um galho se partiu e Kyler Alm congelou de susto. Havia algo na floresta atrás dele. Alm, caçador de 19 anos com licença para caçar alces machos, posicionou uma flecha em seu arco e aguardou. A pelagem parda de um animal em movimento surgiu por entre as árvores, mas havia algo errado. Alm, que havia entrado sozinho na mata, não viu chifres.

Momentos depois, o jovem caçador, a mais de três quilômetros de sua caminhonete estacionada na base das montanhas Bitterroot, no oeste de Montana, ficou frente a frente com o maior urso que já vira. Ao contrário dos ursos-negros comuns na mata daquela região, aquele não correu. Como todos sabiam que não havia ursos-pardos na região — fazia 70 anos que nenhum era avistado nas montanhas Bitterroot — Alm não havia levado um spray para espantar ursos.

O urso olhou nos olhos do jovem. O grande urso marrom com uma faixa de pelos prateada reveladora atrás do ombro, comum em ursos-pardos, fixou o olhar em Alm.

“Calma, urso, calma”, Alm pronunciou trêmulo. O urso bufou e se manteve firme. Alm gritou tão alto quanto seus pulmões permitiram. Ainda assim, o urso continuou a encará-lo.

Temendo um ataque, Alm apontou sua pistola de nove milímetros para o chão na frente do urso e disparou três tiros. O animal recuou alguns metros, parou e voltou a se virar para o jovem, bufando repetidamente. Alm deu um passo para trás. Mas o solo estava escorregadio devido à chuva e ele caiu de costas. Foi quando ouviu patas enormes batendo no chão.

“Tinha certeza de que o urso estava vindo para cima de mim”, conta Alm.

Para sua sorte, não estava. Alm se levantou rapidamente e viu as costas do animal fugindo mata adentro.

“Acho que nunca saí das montanhas tão rápido”, conta Alm sobre seu retorno à caminhonete.

Passados quatro dias, uma câmera ativada por movimento na base de Bitterroot fotografou um urso-pardo se alimentando  das frutas de uma macieira em uma propriedade rural. Os dois incidentes foram noticiados pelos jornais em Missoula, cidade vizinha de 80 mil habitantes, onde os moradores não estão acostumados com a presença de ursos-pardos nas montanhas ao redor da cidade.

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Câmera distante fotografa urso-pardo se alimentando de pinhas em pinheiro da espécie Pinus albicaulis no Grande Ecossistema de Yellowstone, em Wyoming.

Foto de Drew Rush, National Geographic

“Neste momento, as pessoas têm uma falsa sensação de segurança”, declarou Justin Singleterry, guarda-caça que investigou o encontro de Alm com o urso, ao jornal local The Missoulian em outubro.

“Os ursos-pardos estão voltando a ocupar áreas significativas de sua antiga área de distribuição”, afirma Chris Servheen, biólogo experiente em ursos, referindo-se ao aumento constante na população de ursos-pardos nas Montanhas Rochosas do Norte. “Então, mesmo fora do Parque Nacional de Glacier ou do Parque Nacional de Yellowstone pode ser encontrado um urso-pardo.” Servheen se aposentou recentemente do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos, trabalho em que supervisionou o manejo de ursos-pardos no país por 35 anos, e reitera que é possível o convívio entre pessoas e ursos — se tomadas as devidas precauções.

Com a expansão da área de distribuição dos ursos-pardos em Montana, Idaho e Wyoming, e sua presença em locais onde não eram observados há um século ou mais, tem ocorrido cada vez mais encontros desses animais com humanos, especialmente a partir da metade do ano passado, quando trilhas e acampamentos de toda a região ficaram repletos de turistas inexperientes em busca de refúgio ao ar livre durante a pandemia do coronavírus. Os ataques de ursos-pardos dispararam. Os responsáveis pelo manejo de ursos passaram a receber uma infinidade de chamados sobre ursos-pardos revirando o lixo, perseguindo galinhas e outros acontecimentos. Alguns ursos dispersos chegaram inesperadamente perto de estados vizinhos — uma câmera remota em Wyoming fotografou um urso-pardo a apenas cerca de 30 quilômetros da fronteira de Utah e um urso monitorado por uma coleira de rastreamento por rádio em Idaho quase chegou a Oregon e Washington. O ano de 2020 acabou oferecendo, em última análise, um panorama preocupante sobre os desafios e o futuro complexo dos ursos-pardos nos Estados Unidos.

Quantos ursos serão suficientes?

Os ursos-pardos ocupam um lugar conflituoso e diverso no imaginário norte-americano — são reverenciados até mesmo ao assombrar os pesadelos. É possível fazer compras no mercado Grizzly Grocery (“Mercado Urso-pardo”, em tradução livre) antes de escalar o Grizzly Peak (“Pico do Urso-pardo”, em tradução livre) ou fazer uma caminhada pelo Grizzly Gulch (“Desfiladeiro do Urso-pardo”, em tradução livre), e também é possível consertar um forno usando os serviços da Grizzly Plumbing and Heating (“Serviços de Encanamento e Aquecimento Urso-pardo”, em tradução livre). Nas Montanhas Rochosas do Norte e em todos os locais onde ursos-pardos são encontrados, as pessoas erguem estátuas para eles, penduram quadros com imagens de ursos nas paredes e, se virem um urso-pardo na mata, contam histórias de tirar o fôlego em volta de fogueiras e mesas de jantar pelo resto de suas vidas. É só perguntar aos turistas de todo o mundo que lotam os Parques Nacionais de Yellowstone e Glacier o que mais querem ver e, geralmente, a resposta será: um urso-pardo.

A região ocidental dos Estados Unidos estava repleta de ursos-pardos na época do contato europeu, com uma estimativa de 50 mil ou mais ursos convivendo com nativos americanos, do Pacífico até as pradarias do Meio Oeste e até as montanhas do México. No início da década de 1970, após séculos de extermínios incessantes a bala, armadilhas e envenenamento por parte dos colonizadores, restaram entre 600 e 800 ursos-pardos em apenas 2% de sua área de distribuição anterior na fortaleza alpina das Montanhas Rochosas do Norte. Esses animais só não caíram no esquecimento porque, em 1975, foram incluídos na Lei das Espécies Ameaçadas e nas proteções legais previstas por essa lei.

Hoje, como prova da capacidade de recuperação de populações de animais silvestres quando lhes são oferecidas as condições favoráveis, estima-se que haja dois mil ou mais ursos-pardos nos Estados Unidos contíguos (além de aproximadamente 25 mil no Canadá e 30 mil no Alasca). A recuperação da espécie foi tão bem-sucedida que o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos tentou duas vezes nos últimos 13 anos retirar a espécie da lista de proteção, a última vez em 2017, o que afrouxaria as proteções legais e permitiria sua caça. Ambas as iniciativas foram descartadas no tribunal federal devido a ações judiciais de grupos conservacionistas. Por ora, os ursos-pardos permanecem na lista de proteção.

Nos Estados Unidos contíguos, há duas populações fixas de ursos-pardos nos Parques Nacionais de Glacier e Yellowstone e ecossistemas circundantes. Os ursos do Parque Nacional de Glacier representam a extremidade sul da grande área de distribuição ininterrupta de ursos-pardos que habitam as matas entre Montana e Alasca.

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    Mirante de Gird Point, na Floresta Nacional de Bitterroot, em Darby, Montana.

    Foto de Ami Vitale, National Geographic

    Os ursos-pardos do parque de Yellowstone, por outro lado, sobreviveram em uma ilha genética, isolada geograficamente dessa população maior, como se fosse o ponto abaixo de um ponto de exclamação. O isolamento genético deixa os ursos vulneráveis à consanguinidade, doenças, mudanças no habitat causadas pelo clima e outras ameaças à sua existência. Foi a subpopulação de ursos-pardos de Yellowstone que o Serviço de Pesca e Vida Selvagem tentou retirar primeiro da lista de proteção (os ursos-pardos de Glacier seriam os próximos), mas a iniciativa foi descartada principalmente devido à falta de ligação entre as populações.

    Para a sobrevivência dos ursos-pardos dos Estados Unidos, é necessária a presença de mais ursos em mais lugares. A questão é: será que as pessoas permitirão que isso aconteça?

    Mantendo os ursos longe de encrencas

    O problema de ursos-pardos andando por aí não é a falta de espaço — seu habitat é amplo, seja em Montana, Wyoming, ou até mesmo no Colorado ou na Califórnia (onde grupos conservacionistas pediram sua reintrodução) — e sim o que é denominado “aceitação social” pelos biólogos.

    Em outras palavras, algumas pessoas simplesmente não gostam de ursos-pardos, os quais podem atrapalhar a vida de pessoas que morem em regiões onde esses animais circulam. Se não forem tomadas precauções, os ursos-pardos podem se tornar um incômodo, ocasionalmente matando gado ou vasculhando quintais em busca de alimento — o que pode provocar ataques preventivos aos próprios ursos. Em 9 de novembro, dois ursos-pardos baleados ilegalmente foram encontrados abandonados perto de Bigfork, Montana, justamente na Bear Creek Road (“Estrada do Riacho do Urso”, em tradução livre). Onze dias depois, outro urso-pardo foi encontrado morto com as patas cortadas nas proximidades de Yaak Valley.

    Apesar dessa hostilidade, ataques fatais a humanos são raros. Em média, há um encontro fatal a cada três anos nos Estados Unidos contíguos. É muito mais comum encontrar pessoas matando ursos — atirando ilegalmente neles, atropelando-os ou alimentando-os inadvertidamente.

    Todos os anos, dezenas de ursos-pardos são sacrificados por gestores de animais silvestres em toda a região após ficarem perigosamente condicionados ao que os biólogos chamam de “atrativos” — galinhas, pilhas de composto orgânico, sementes de pássaros e outras fontes de alimento — deixados do lado de fora das casas. Os ursos aprendem rapidamente e, quando encontram recompensas fáceis como alimentos fornecidos por humanos em casas ou acampamentos, invariavelmente procuram por mais, guiados por seu olfato potente. Foram registrados ursos-pardos farejando uma carcaça animal a mais de 16 quilômetros de distância.

    Uma vez condicionados a obter alimento de maneira fácil, os ursos-pardos normalmente são capturados pelos gestores de ursos em grandes armadilhas metálicas em forma de fuselagem de avião com patas de cervos atropelados como iscas. Então, para a segurança humana, são sacrificados. Esse é o motivo de nos Estados Unidos existir o ditado “um urso farto é um urso morto”.

    A título de ilustração, dois ursos-pardos irmãos, uma fêmea e um macho mais novo, em West Yellowstone, Montana, alimentaram-se repetidamente de lixo e ração de cachorro deixados expostos do lado de fora de uma casa na metade do ano passado. Acabaram capturados e sacrificados em 1 de setembro, depois de entrarem em uma barraca de acampamento ocupada.

    Se eliminados os alimentos e outros atrativos odoríferos das propriedades e dos acampamentos, os ursos-pardos normalmente ignoram esses locais sem causar problemas. Instalar cercas elétricas ao redor de galinheiros e outros abrigos de animais domésticos também é uma medida bastante eficaz em espantar ursos-pardos, que normalmente só precisam receber um choque uma única vez para nunca mais voltarem.

    “O ideal é ter uma paisagem limpa e sem atrativos pelos quais os ursos possam passar (em áreas urbanizadas) sem aprender maus hábitos”, explica James Jonkel, biólogo experiente do  Montana Fish, Wildlife, and Parks, órgão responsável pelo manejo dos ursos em Missoula e nos arredores.

    Estudos recentes sobre ursos monitorados por coleira de rastreamento por rádio em Swan Valley, em Montana, surpreenderam biólogos ao demonstrar a capacidade dos ursos-pardos de viver e se movimentar em áreas rurais povoadas sem serem notados. Em outras palavras, quando as pessoas toleram sua presença, os ursos-pardos seguem o mesmo comportamento pacífico — desde que atrativos não os guiem até encrencas.

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    Câmera remota fotografa urso-pardo na Floresta Nacional de Bridger Teton.

    Foto de Charlie Hamilton James, National Geographic

    O efeito covid-19

    Ursos-pardos não são as únicas espécies a aumentar a população nas Montanhas Rochosas do Norte: as populações humanas também estão crescendo. Os cerca de 320 quilômetros que separam os ecossistemas de Yellowstone e Glacier abrangem uma região em crescente e rápida urbanização com montanhas cobertas de neve e vales repletos de propriedades agropecuárias, cidadezinhas, além das prósperas pequenas cidades de Missoula e Bozeman. O condado de Gallatin, ao norte de Yellowstone, cresceu 30% na última década, e seu centro comercial de Bozeman, com 49 mil habitantes, é atualmente a área “micropolitana” de mais rápido crescimento do país, com uma previsão de crescimento populacional de 50% para os próximos 20 anos. O condado de Missoula e outros condados intermediários também estão apresentando um crescimento de dois dígitos.

    A pandemia impulsionou essa migração por desencadear mudanças de moradores de cidades para vilas distantes em toda a região. Stacy Courville, biólogo especializado em ursos das Tribos Confederadas Salish e Kootenai ao norte de Missoula, onde o pitoresco Mission Valley fascina compradores de casas, descreveu o choque no rosto de uma nova moradora ao saber que um urso-pardo havia sido capturado recentemente perto de sua casa, onde um pomar de maçãs pequeno e desprotegido servia como grande atrativo.

    “São moradores novos e nem sabiam que estavam em uma região onde habitam ursos”, conta ele. “Acredito que isso esteja ocorrendo por toda parte.”

    Também na metade do ano passado, houve uma invasão sem precedentes de viajantes inexperientes na região que deixaram comida e lixo em acampamentos, lotaram as terras públicas da região e tinham pouco conhecimento sobre os protocolos adotados para ursos-pardos.

    “Houve um grande efeito da covid-19 nesse período”, afirma Jeff Mow, superintendente do Parque Nacional de Glacier, que planeja aumentar as iniciativas de conscientização do parque sobre a recreação responsável na região dos ursos. “Tivemos um grande número de visitantes que não sabiam se comportar com habilidades muito rudimentares.”

    Nesse período, também foi registrado um número recorde de encontros físicos com ursos, chamados pelas pessoas de “ataques”, mas que os ursos consideram como formas de defesa.

    Em Big Sky, Montana, uma comunidade de resorts 40 quilômetros a noroeste de Yellowstone, foi registrado o primeiro ataque de urso-pardo em 23 anos no feriado de Memorial Day. O segundo ocorreu 17 dias depois, e o terceiro, em 7 de setembro. Nenhum foi fatal, mas um deles quase foi. Todos os ataques causaram ferimentos significativos.

    Segundo Megan Robbins, pesquisadora da Universidade de Montana que conduziu uma pesquisa sobre ataques de ursos-pardos, o número médio de ataques geralmente é inferior a seis por ano nos Estados Unidos contíguos. Neste ano, foram 13.

    Alguns biólogos suspeitam que a pandemia contribuiu para o aumento de ataques de ursos-pardos, primeiro devido à ausência em massa de pessoas, por estarem muitas delas sob ordens de isolamento em casa, nos habitats dos ursos-pardos onde normalmente permanecem no segundo trimestre, o que levou os ursos a serem atraídos a áreas que haviam deixado de ser populares e que normalmente eles evitariam e, por fim, devido à invasão de visitantes na metade do ano passado.

    Servheen reitera que é possível evitar os ataques, sobretudo se os visitantes e caçadores levarem consigo e utilizarem spray para espantar ursos de maneira adequada, método que se revelou mais eficaz em espantar ursos do que armas e, além disso, deixa os animais ilesos. “As pessoas devem prestar atenção quando estiverem em habitats de ursos-pardos, devem levar sprays para espantar ursos, fazer barulho e estar sempre acompanhadas”, adverte ele. “Se isso for feito, todos ficarão em segurança.”

    Estabelecendo uma ligação

    Assim como em Missoula, os moradores de Bozeman estão acostumados a uma vida sem ursos-pardos nas proximidades. Quando um urso-pardo foi visto em 17 de outubro a apenas oito quilômetros da cidade, chocou a comunidade, cujas trilhas estão repletas de ciclistas, praticantes de corrida e outros visitantes, pois há um número crescente de pessoas que se mudou recentemente ao local vindo de áreas urbanas.

    Kevin Frey, biólogo de ursos que supervisiona a região de Bozeman, em Montana, está preocupado com a possibilidade de conflitos futuros. “As pessoas precisam acordar e perceber que aqui não é o Central Park”, afirma ele.

    Ao mesmo tempo, os ursos-pardos estão cada vez mais perto de estabelecer a ligação crucial entre as populações de Yellowstone e Glacier, o que garantirá saúde aos ursos do sul — e permitirá que sejam retirados da lista de proteção. Ao longo da fronteira entre Montana e Idaho, as montanhas Bitterroot, onde Alm encontrou o urso-pardo, podem ajudar a criar essa ligação fundamental entre os dois parques. O biólogo Jonkel, junto com grupos conservacionistas como Defenders of Wildlife e People and Carnivores, estão preparando os moradores de Bitterroot Valley para a chegada dos ursos-pardos, ensinando-lhes práticas não prejudiciais aos ursos. Frey está fazendo o mesmo em Big Hole Valley ao sul, onde ursos-pardos também ressurgiram recentemente.

    Suas iniciativas, e as de gestores de terras e biólogos que buscam manter ursos e pessoas em segurança em toda a região, poderão em breve ser colocadas à prova. Quando chegar o fim de março, um número extraordinariamente grande de ursos-pardos que receberam alimentos humanos como “recompensas” de campistas e moradores neste ano estará perambulando pelas Montanhas Rochosas do Norte em busca de sua próxima refeição.

    “Com tanta gente nova de mudança para Montana, vai ser interessante observar esses episódios”, afirma Jonkel.

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