Qual é a relação do urso panda com a China?

Os pandas-gigantes são animais adorados no mundo inteiro, mas é com um país asiático que sua existência está intimamente ligada. Descubra tudo sobre essa conexão.

Um panda gigante come bambu no Wolong China Conservation and Research Center.

Foto de Ami Vitale
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 20 de mar. de 2024, 12:00 BRT

Personagens principais de filmes de ficção, de animações famosasdocumentários respeitados (como o Nascidos na China, disponível no Disney+), os ursos pandas-gigantes atraem a curiosidade das pessoas em todo mundo. Afinal, são ursos com uma impressionante coloração preta e branca, combinada com um rosto redondo, que lhes dá uma aparência cativante e atrai pessoas mundo afora, como afirma até a Encyclopædia Britannica (plataforma de conhecimento do Reino Unido).

Os pandas são da classe Mammalia (mamíferos), da família Ursidae e da espécie Ailuropoda melanoleuca – que justamente só existe na China, como afirma o site Animal Diversity Web (ADW), enciclopédia online sobre a vida animal mantida pelo Museu de Zoologia da Universidade de Michigan, dos Estados Unidos. 

E como são originários da Chinaos pandas-gigantes possuem uma intrínseca relação com o maior país da Ásia. Descubra a importância dos pandas para os chineses, desde culturalmente até como símbolo da política internacional do país. 

Em que parte da China os pandas são encontrados? 

Os pandas-gigantes são animais milenares, mas já eram considerados raros na China Antiga. Só que agora, o seu habitat natural está limitado às florestas temperadas das províncias de Sichuan, Gansu Shanxi, na parte central do país. A área total dedicada ao animal cobre cerca de 29 km², mas apenas 5.900 km² são, de fato, o habitat dos pandas-gigantes, como afirma a ADW.

Essa região é conhecida por ter florestas de bambu – alimento sempre relacionado aos pandas-gigantes. Isso porque eles realmente comem muito bambu, apesar de serem naturalmente carnívoros (como os demais ursos), os pandas mantêm hábitos rotineiramente herbívoros

(Veja também: A surpreendente dificuldade de fotografar pandas)

Os pandas adaptaram sua alimentação ao viver na China 

Ao longo do tempo, os pandas-gigantes adaptaram seu organismo justamente por conta viverem na região central da China. Cerca de 90 a 98% da dieta do panda consiste em folhas, brotos e caules de bambu – disponível o ano todo nessa região chinesa. Apesar das adaptações nas patas dianteirasdentes e mandíbulas para o consumo de bambu, o panda-gigante manteve o sistema digestivo de seu ancestral carnívoro e, portanto, não consegue digerir a celulose, um dos principais componentes do bambu.

As cores preto e branco características dos ursos panda fazem parte de importantes símbolos culturais chineses, tamanha a conexão entre o animal e o país. 

Foto de Ami Vitale

De acordo com a Britannica, os pandas resolveram esse problema digestivo comendo muito, sem dar tempo para o organismo lidar com a celulose. Eles passam rapidamente enormes quantidades de grama e bambu pelo trato digestivo todos os dias. Isso significa que a cada 24 horas do dia de um panda-gigante, 16 delas são dedicadas à alimentação, e a eliminação de resíduos ocorre até 50 vezes por dia. 

A enciclopédia também ressalta que os restos dentários fossilizados de pandas já encontrados indicam que o panda-gigante adotou o bambu como sua principal fonte de alimento há pelo menos 3 milhões de anos.

A China criou um santuário para os pandas

Desde 2006 considerado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) um Patrimônio Mundial por ser um santuário dos pandas-gigantes, o Sichuan Giant Panda Sanctuaries fica localizado na província de Sichuan e é o lar de mais de 30% dos pandas do mundo

O local possui uma área de mais de 924 hectares espalhadas em sete reservas naturais e nove parques cênicos nas montanhas Qionglai e Jiajin, de acordo com informações da própria Unesco. 

O site oficial dos santuários explica que o local constitui o maior habitat contíguo remanescente do panda-gigante, uma relíquia das florestas paleotropicais da Era Terciária. É também o local mais importante da espécie para a criação em cativeiro. Eles estão também entre os locais mais ricos em termos botânicos de qualquer região do mundo fora das florestas tropicais, com entre 5 e 6 mil espécies de plantas em mais de mil gêneros.

A importância cultural dos pandas na China

Os pandas simbolizam a alegria e a harmoniosa convivência do homem com a natureza, de acordo com o site do Consulado da China no Canadá. Eles explicam que inclusive a escolha do animal como mascote das Olimpíadas de 2008, realizada na China, e cujo mascote panda fora batizado de Jingjing – teve a intenção de demonstrar o valor desse animal na cultura chinesa para todo o mundo. 

consulado chinês explica também a relação das similaridades do passado dos pandas e da China, mais um elo que os une. Ambos tiveram que se adaptar a várias adversidades: os pandas mudaram seus hábitos e até se transformaram fisicamente para sobreviver ao longo dos milênios, ao passo que a China também passou por guerras e diferentes momentos sócio-políticos até chegar ao seu atual desenvolvimento em paz. 

Eles relatam ainda que os próprios chineses apontam o panda como o “GuoBao”, ou seja, uma herança nacional – afinal é um animal exclusivamente chinês – nenhum panda selvagem vive em outro país do mundo. Até hoje as cores preto e branco do panda fazem parte de outros importantes símbolos culturais chineses, como no Yin e Yang, já que simboliza o dualismo e lados opostos da natureza – complementares, em harmonia e interdependentes. 

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    Os pandas, da especie Ailuropoda melanoleuca só existe na China e geralmente são herbívoros.

    Foto de SHUTTERSTOCK

    Os pandas são importantes até na diplomacia da China

    Um artigo da Universidade de Oxford, da Inglaterra, relata que os pandas-gigantes começaram a se tornar um símbolo também político, especialmente durante a Revolução Cultural da China (1966-1976). Nesse período, o panda se tornou uma expressão popular de nacionalismo da época. Ele foi repetidamente reproduzido como uma imagem politicamente segura da China perante os outros países.

    Universidade do Mississipi, nos Estados Unidos, também tem um longo artigo onde explica como desde essa época o panda começou a ser um símbolo político e diplomático para a China como ferramenta influente de soft power a fim de promover uma imagem "mais suave" da China globalmente

    Para isso, entre os anos 1950 e 1980, os pandas-gigantes foram usados como “moeda”, sendo doados pela República Popular da China como um gesto de reconhecimento e amizade com outras nações – em uma prática que ficou conhecida como a Diplomacia do Panda, e até hoje vários países possuem pandas em cativeiro por conta disso. 

    Atualmente, no entanto, por conta do perigo de extinção dos pandas, o país foi pressionado por ambientalistas a mudar essa prática. Hoje alguns exemplares de pandas-gigantes são emprestados a outros países pelo governo chinês por períodos de até dez anos, como explica um artigo da National Geographic

    Em 2024, por exemplo, a Wildlife Conservation Association da China está em negociação com o Zoológico Nacional de Washington para levar mais pandas aos Estados Unidos, sinalizando a melhoria das relações diplomáticas entre as duas superpotências. A associação também negocia o envio para o zoológico de Madri, na Espanha, e ao de Viena, na Áustria, de acordo com a agência Reuters. 

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