
Armas, danças e assassinatos? Entre no mundo selvagem dos insetos e seus namoros
Os besouros-veados se enfrentam em uma luta livre para defender seus recursos, que geralmente são áreas onde as fêmeas estão disponíveis para acasalamento. O comportamento de cortejo entre os insetos é tão dramático quanto o que se vê entre criaturas maiores.
Os carneiros Bighorn batem os chifres quando chega a hora de acasalar. Os perus se pavoneiam em seus territórios. As rãs-touro berram umas para as outras em barítono. Você deve estar ciente das várias maneiras pelas quais os animais grandes sinalizam que estão prontos para o amor.
Mas e quanto aos animais pequenos? Quanto aos insetos? Afinal, os besouros, as aranhas e as moscas também precisam encontrar parceiros. E o fato de o palco ser menor não significa que haja menos drama.
Com a nova temporada da série documental da National Geographic “Um Verdadeira Vida de Inseto” no Disney+, vamos dar uma olhada em alguns dos outros comportamentos de acasalamento fantásticos e bizarros encontrados em insetos e aracnídeos.
(Sobre Animais, leia também: Como os lobos se transformaram em cachorros? Fósseis antigos trazem pistas intrigantes)

Um besouro macho (Lucanus cervus) monta uma fêmea por trás em um galho - uma vez que ele se defronta com outros machos, esses insetos podem começar a acasalar.
Combate de “sumô” do besouro-veado
Embora os besouros-veado estejam armados com peças bucais gigantescas e de aparência medieval, quando dois machos se encontram em um combate ritualístico, é provável que nenhum deles morra.
“Os biólogos se referem a eles como armas naturais”, comenta Ainsley Seago, curador associado de zoologia de invertebrados do Carnegie Museum of Natural History em Pittsburgh, nos Estados Unidos. “E o que é legal nelas é que, se você as usar corretamente, ninguém se machuca.”
É interessante notar que, segundo Seago, quando os besouros machos se enfrentam, eles não estão lutando por uma fêmea individual. Em vez disso, eles estão defendendo um recurso ou uma área onde as fêmeas provavelmente estarão, como fluxos de seiva.
“É um alimento gratuito, delicioso e açucarado, que geralmente tem levedura crescendo nele. Essa combinação de alimento açucarado e levedura deliciosa é como um shake realmente saudável”, diz ela. “E desculpe-me por dizer isso, mas esse milkshake traz todas as garotas para o quintal.”
Quando vários machos querem reivindicar uma área, as coisas podem se complicar. Em vez de correrem uns contra os outros como cavaleiros com uma lança, Seago diz que os besouros se envolverão em algo semelhante a uma luta de sumô – arte marcial típica do Japão. É “basicamente um teste de força, tentando jogar o outro cara para fora do tronco”, diz ela.
(Você pode se interessar: Os 4 dados sobre a perigosa aranha-violinista ou aranha-marrom: seu habitat é a casa das pessoas)

Um macho de libélula demoiselle com faixas (Calopteryx splendens) agarra uma fêmea com as garras da cauda – o que os machos de libélulas costumam fazer para coagir as fêmeas a acasalar com eles.
A perigosa relação das libélulas
Se você já passou algum tempo perto de uma lagoa, lago ou rio e viu as libélulas fazendo um formato de coração com seus corpos, então você testemunhou o que os cientistas chamam de roda copulatória.
Mas isso pode não ser tão romântico quanto você pensa.
Para convencer uma fêmea a acasalar, o macho primeiro usa pinças especializadas para agarrar a parte de trás da cabeça dela. E ele permanecerá preso à fêmea mesmo que ela tente voar para longe.
“Na verdade, é uma forma de assédio”, afirma Jessica Ware, curadora do Museu Americano de História Natural, em Nova York, e especialista na ordem de insetos Odonata, que inclui libélulas e libelinhas.
Veja bem, cada momento gasto preso a um macho é o tempo que a fêmea poderia estar se alimentando, botando ovos ou acasalando com outros machos. Mas é também por isso que os machos fazem isso – para garantir que seu material genético seja usado para criar a próxima geração.
Mesmo depois de a fêmea ter aceitado o macho e colocado o abdômen em posição para receber o esperma dele, o macho pode mantê-la presa por meia hora ou mais. Às vezes, o macho chega a arrastar a fêmea para a superfície da água e a mantém debaixo d'água enquanto ela deposita seus ovos em um pedaço de vegetação. (Enquanto está embaixo da água, uma bolha formada ao redor da cabeça da fêmea permite que ela respire).
“Eu diria que nem sempre é voluntário”, comenta Ware. “Porque assim que ele a solta, outro macho pode vir e raspar seu esperma.”
As libélulas machos podem ser tão persistentes que algumas fêmeas do gênero Ischnura até desenvolveram uma maneira de se esconder deles. “As fêmeas realmente mudam sua cor para se parecerem com a cor dos machos”, diz Ware.

Um vaga-lume oriental comum (Photinus pyralis) voa à noite, exibindo seu rastro de luz bioluminescente. Os vaga-lumes machos devem tomar cuidado com as fêmeas canibais do grupo de espécies Photuris versicolor, que emitem sinais enganosos de acasalamento para atrair suas presas.
Vagalumes… Ou femmes fatales?
Quando um vaga-lume pisca sua parte traseira bioluminescente à noite, ele está tentando sinalizar aos vaga-lumes da mesma espécie e do sexo oposto que é solteiro e está pronto para se acasalar.
Não há coerção. Nenhum teste de força. Nem mesmo um som emitido. Apenas suaves feixes de luz. Mas os vaga-lumes fêmeas do grupo de espécies Photuris versicolor tiram proveito de toda essa suavidade.
“Suas fêmeas imitam os flashes das fêmeas de outras espécies e atraem os machos para o acasalamento”, diz Seago. “Quando os machos de outras espécies se aproximam para acasalar com ela, ela se vira e simplesmente o come.”
Os cientistas acreditam que as fêmeas Photuris, conhecidas como femme fatales, comem machos de outras espécies como uma forma de roubar seus compostos defensivos, ou substâncias químicas em seu sangue que fazem com que os vaga-lumes tenham um gosto ruim para os predadores. (As femme fatales infundem esses compostos em seus ovos).
(Conteúdo relacionado: A curiosa ave que faz danças complexas para conseguir o acasalamento)s.)

Uma aranha-pavão (Maratus volans) exibe a aba colorida do abdômen - parte da dança elaborada que os machos dessa espécie fazem para impressionar as fêmeas.
Aranhas-pavão que dançam
Na Austrália, há um grupo de aracnídeos minúsculos conhecidos como aranhas-pavão. À primeira vista, elas se parecem com qualquer outra aranha saltadora. “Elas têm o corpo minúsculo de aranha, pernas um pouco atarracadas e os olhos grandes na frente do rosto”, diz Sebastian Echeverri, cientista de aranhas da Xerces Society e autor do livro “Spiders of the United States & Canada”.
“Mas há algo realmente especial que acontece quando um macho adulto da aranha-pavão avista uma fêmea”, acrescenta.
Com uma fêmea na mira, o macho levanta a garupa no ar e a abre, como um leque de cores vivas, transformando seu abdômen em um hipnotizante mini-quadro de avisos. Algumas espécies de aranhas-pavão também têm estruturas semelhantes a pelos em relevo em suas pernas, que elas agitam como um código semafórico de bandeira, explica Echeverri.
As cores e os padrões dependem da espécie, assim como os movimentos que ela executa com as pernas, mas a exibição é nada menos que um número de dança coreografado com música! Os machos também podem emitir vibrações no solo, que a fêmea avalia junto com o restante da performance.
“As aranhas saltadoras são especiais porque desenvolveram esses olhos realmente grandes que conseguem enxergar muito bem os detalhes”, diz Echeverri. “E, por causa disso, seu cortejo também evoluiu para usar a linguagem visual, o movimento, a dança e as cores de uma forma que poucas outras aranhas fazem.”
