Como a fome afeta o corpo?

Algumas consequências da fome no organismo podem durar anos e, em casos extremos, levar à morte.

Sem acesso à fonte energética que vem da alimentação, a curto prazo o corpo busca retirar energia armazenada na gordura corporal ou dos músculos.

Foto de Karla Gachet
Por Redação National Geographic
Publicado 3 de fev. de 2023, 17:01 BRT

O estado no qual o organismo sente carência de nutrientes e vitaminas, comprometendo o bem-estar e saúde de um indivíduo é denominado fome. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente o número de pessoas afetadas pela fome no mundo é de cerca de 828 milhões. São pessoas que sofrem com a falta de alimentos necessários para suprir as necessidades do organismo em manter suas funções vitais.

O que a fome causa no organismo a curto prazo

Segundo a nutricionista Thais Barca, especialista em nutrição aplicada e nutrição esportiva funcional, a fome crônica – que é diferente da fome fisiológica, que é sentida entre refeições – tem efeitos a curto e longo prazo no organismo. 

Sem acesso à fonte energética que vem da alimentação, a curto prazo o corpo busca retirar energia armazenada na gordura corporal ou dos músculos. “Isso causa uma perda de peso brusca, redução de massa muscular, deficiências de macronutrientes, vitaminas e minerais. Isso pode levar à queda de cabelo, unhas fracas, dificuldade de raciocínio, tontura e náusea”, explica Barca. 

Na fase extrema da fome – ou seja, a longo prazo – ocorre uma alteração no metabolismo. Ele passa a trabalhar de forma bastante lenta, “comprometendo o funcionamento de todos os órgãos e impedindo a produção de substâncias importantes como os hormônios e as enzimas”, esclarece a nutricionista. 

Não havendo recursos para satisfazer a fome, o indivíduo pode chegar à morte.

Outros sintomas da fome

Barca também lista outros sintomas da fome crônica: 

  • Desaceleração ou interrupção do crescimento;
  • Mudanças psicológicas e psíquicas, deixando o indivíduo apático e depressivo;
  • Pele com aspecto enrugado;
  • Anemia e outras alterações sanguíneas;
  • Raquitismo (quando os ossos ficam fracos, frágeis e tortos) devido à falta de vitamina D;
  • Fadiga;
  • Danificação do bom funcionamento de todos os órgãos do corpo humano;
  • Baixa imunidade.

A fome afeta o cérebro, o humor e a concentração

Sem mais fontes de energia, o cérebro também é prejudicado, perdendo sua função de comandar o corpo. Segundo Barca, os efeitos da fome no sistema nervoso causam tonturas, inconsciências, mudanças de humor, dificuldade de concentração e queda no número de neurônios, o que pode levar à apatia e à depressão

As crianças são especialmente mais afetadas por esses sintomas da fome, principalmente em idade escolar. “A fome causa déficit de atenção e memória muito ruim, então, vai ser difícil para a criança aprender e gravar novas informações”, diz Barca. “E, mesmo que ela saia de uma situação de insegurança alimentar, ela terá sequelas, e esses problemas de atenção e memória vão acabar perpetuando até a idade adulta.”

A fome aumenta o risco de doenças crônicas

Além dos sintomas diretos, a desnutrição e fome extrema também estão relacionadas com maiores riscos de doenças crônicas, como pressão alta, doenças cardíacas, diabetes e maior predisposição para obesidade. 

De acordo com Barca, esse risco maior acontece mesmo depois de anos da pessoa ter saído da situação de fome extrema. “Mesmo após anos, as alterações do metabolismo causadas pela fome ainda podem trazer consequências.”

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