Vírus de Marburg: o que dizem os especialistas?
Micrografia eletrônica de transmissão colorida de partículas do vírus Marburg (azul). Imagem capturada e colorida no NIAID Integrated Research Facility, em Fort Detrick, Maryland (EUA).
O vírus de Marburg tem muitas semelhanças com o ebola. “Causa sintomas similares, é transmitido de pessoa para pessoa da mesma maneira e possui uma letalidade muito elevada”.
O alerta foi feito por Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), em uma conferência de imprensa. O vírus produz uma febre hemorrágica grave que pode ser fatal para o ser-humano, segundo a OMS.
Vírus de Marburg: o que diz a ciência
De acordo com as informações divulgadas pela OMS, esses são os dados conhecidos sobre o vírus de Marburg:
- A taxa média de letalidade oscila entre 24% e 88%, dependendo da cepa do vírus, da situação do paciente e do tratamento;
- A reidratação (com fluidos orais ou intravenosos) e a administração rápida de medicamentos para os sintomas melhoram as chances de sobrevivência e são, até agora, o único tratamento recomendado pela OMS;
- O hospedeiro natural do vírus de Marburg é o morcego da espécie Rousettus aegyptiacus;
- Ainda que o vírus de Marburg e o vírus ebola sejam distintos, eles pertencem à mesma família Filoviridae e produzem sintomas semelhantes;
- A doença provocada pelo vírus de Marburg foi identificada pela primeira vez em Marburg (Alemanha) e em Belgrado (Sérvia), em 1967;
- Nesses dois países, ocorreu um surto em 1967. Segundo a OMS, a disseminação do vírus estava relacionada com o contato de humanos com macacos Cercopithecus aethiops que foram trazidos de Uganda, na África;
- Uma nova cepa, no entanto, surgiu a partir da exposição de pessoas a minas e cavernas com colônias de morcegos Rousettus, indicam os dados da OMS.
Como é a transmissão do vírus
A transmissão entre pessoas ocorre por contato direto da pele lesionada, de mucosas com sangue, secreções, órgãos e fluídos corporais de indivíduos infectados, além de superfícies e materiais contaminados (roupas, por exemplo), afirma a OMS.
O contato próximo com pacientes também é um risco, principalmente se o profissional de saúde não estiver com o equipamento de proteção adequado. O vírus ainda pode ser transmitido por meio de cerimônias funerárias em que haja contato próximo com o corpo da pessoa falecida.
Micrografia eletrônica de transmissão colorida de uma partícula do vírus Marburg (laranja) brotando de uma célula VERO E6 infectada (castanho). Imagem capturada no NIAID Integrated Research Center em Fort Detrick, Maryland.
Quais os sintomas do vírus de Marburg
O vírus tem um período de incubação que varia entre dois e 21 dias.
- Nos primeiros dias, a pessoa pode apresentar febre alta, fortes dores de cabeça, mal-estar e dores musculares;
- A partir do terceiro dia, diarreia, cólicas abdominais, náuseas e vômitos, que podem se estender por até uma semana;
- Depois dessa etapa, ressalta a OMS, a pessoa passa a ter um “aspecto de fantasma”, com olhos fundos, falta de expressão facial e letargia (estado de cansaço que toma conta do corpo);
- Os sinais mais graves costumam aparecer de cinco a sete dias da incubação do vírus, com manifestações hemorrágicas. A pessoa com o vírus de Marburg apresenta febre elevada persistente que afeta o sistema nervoso central, levando a confusões mentais, irritabilidade ou agressividade;
- As mortes costumam ocorrer entre oito e nove dias após a aparição dos sintomas, em decorrência da perda de grande quantidade de sangue.
Há vacina para o vírus de Marburg?
Tedros Adhanom esclareceu que, no momento, não há vacina e nem tratamentos aprovados para combater esse tipo específico de vírus (combatem-se os sintomas, não o vírus em si).
O diretor-geral da OMS anunciou que a organização convocou uma reunião do consórcio de vacinas (formado por cientistas e especialistas de todo o mundo) para discutir a viabilidade de um imunizante e “quais as vacinas candidatas que devem ser avaliadas em primeiro lugar para dar os passos necessários para os ensaios clínicos”.
Além disso, a organização está avaliando com o Ministério da Saúde da Guiné Equatorial (país que registrou surto do vírus de Marburg) a possibilidade de acesso a tratamentos experimentais na forma de ensaio clínico.