Como a anestesia passou a ser usada no Ocidente?
A anestesia ganhou maior impacto no Ocidente a partir de uma cirurgia realizada em 1846, em Boston, nos Estados Unidos. Após esse fato ela se espalhou para outras partes, como Londres, por exemplo.
A anestesia é um desenvolvimento científico e médico que foi fundamental para a prática cirúrgica moderna. Ela tem seu início documentado na década de 1840 quando o óxido nitroso e o éter passaram a ser usados em procedimentos médicos nos países ocidentais, como explica a Federação Mundial de Sociedades de Anestesiologistas (World Federation of Societies of Anaesthesiologists, da sigla WFSA) – uma entidade internacional de anestesiologistas baseada em Londres, na Inglaterra.
(Você pode se interessar por: Espécies humanas coexistiram há milhares de anos, segundo descoberta de cientistas)
Existem diversos tipos de anestesia, a depender da necessidade do procedimento médico. No caso dos partos, por exemplo, a anestesia que costuma ser usada é a peridural, administrada regionalmente.
As origens da anestesia em todo o mundo
As origens da anestesia podem ser rastreadas até Seishu Hanaoka, um cirurgião japonês que desenvolveu um anestésico oral à base de ervas que lhe permitiu realizar cirurgias complexas sem dor, aproximadamente 40 anos antes da primeira anestesia documentada na década de 1840, relata a WFSA. Essa técnica foi ensinada no Japão até a chegada dos métodos ocidentais no século 19.
Além disso, o uso de anestésicos não se limitou apenas a esses avanços. De acordo com a federação mundial, há documentos medievais de várias culturas que registram o uso de bebidas à base de ervas para induzir um estado que facilitava a cirurgia indolor.
Textos da China antiga, os Vedas indianos e os escritos árabes foram estudados em suas respectivas tradições culturais, sugerindo um desenvolvimento mais amplo e diversificado no uso da anestesia ao longo da história.
Esses avanços revolucionaram a cirurgia e estabeleceram a base para o desenvolvimento de técnicas mais seguras e eficazes. De acordo com a WFSA, esse período de inovação permitiu que os procedimentos cirúrgicos fossem realizados com foco no bem-estar do paciente.
Mas além do uso no Oriente e desse histórico, quando a anestesia foi realmente usada no Ocidente?
(Vale a pena ler também: Para além dos sustos e dos filmes de terror: o que o medo faz com seu cérebro e seu corpo)
Existem vários anestésicos intravenosos e inalatórios, cada um projetado para diferentes procedimentos e necessidades do paciente.
Há quanto tempo a anestesia foi implementada no Ocidente?
Em relação ao desenvolvimento na anestesia ocidental, a WFSA menciona que, embora tenha havido tentativas de administrar agentes anestésicos entre 1835 e 1845, elas não tiveram um grande impacto na prática médica até 16 de outubro de 1846.
Nesta data específica, foi realizada a primeira demonstração pública de anestesia com éter no Massachusetts General Hospital, na cidade de Boston, Estados Unidos, conduzida pelo dentista norte-americano William Morton e pelo cirurgião John Warren, que removeram um nódulo sob a mandíbula de um paciente chamado Gilbert Abbott, detalha a entidade médica.
As notícias sobre a técnica se espalharam rapidamente graças a uma carta escrita por Jacob Bigelow, um outro cirurgião estadunidense da época, presente na operação, que foi enviada para Londres, na Inglaterra, diz a fonte oficial dos anestesistas.
Ainda de acordo com a Federação Mundial de Anestesiologistas, outras aplicações de éter foram realizadas em 19 de dezembro de 1846 na cidade escocesa de Dumfries e também em Londres. Embora os detalhes do caso em Dumfries sejam escassos, sabe-se que ele envolveu amputação.
Já em Londres, o que é relatado é o trabalho de um dentista, que extraiu o dente de um paciente usando anestesia com éter, e um cirurgião amputou a perna de um paciente no University College Hospital.
Antes desses avanços, a cirurgia era vista como um último recurso assustador, observa a WFSA. As intervenções eram raras e limitadas a procedimentos superficiais. Portanto, a anestesia permitiu que a cirurgia fosse realizada com mais segurança e eficácia, mudando o curso da medicina.
(Leia mais: Nova pesquisa mostra como identificar riscos de câncer de mama pela genética)
Quais são os principais anestésicos em uso atualmente?
A introdução da anestesia revolucionou a cirurgia, permitindo intervenções mais precisas em áreas complexas do corpo. De acordo com a WFSA, o uso do éter foi seguido pelo clorofórmio, introduzido pelo médico escocês James Simpson em 1847. Embora o clorofórmio fosse mais potente, ele tinha efeitos colaterais graves, o que levou à busca de outros anestésicos.
Com o tempo, foram desenvolvidos anestésicos locais, como o uso da cocaína em 1877, e técnicas avançadas como as anestesias espinhal e epidural. De acordo com a mesma fonte, nas décadas de 1940 e 1950, relaxantes musculares passaram a ser usados, começando com o curare.
Atualmente, existem vários anestésicos intravenosos e inalatórios, cada um projetado para diferentes procedimentos e necessidades do paciente. As informações da WFSA listam:
- Anestesia local: é o tipo de anestesia que se aplica apenas a uma pequena área do corpo. É comumente usada para procedimentos menores, como extrair um dente ou suturar um ferimento. Durante este processo, o paciente permanece acordado e consciente.
- Anestesia regional: é uma abordagem que envolve áreas maiores do corpo, como um braço, uma perna ou a parte inferior do corpo. O paciente pode ficar acordado durante o procedimento, embora muitas vezes seja administrada sedação para maior conforto. A anestesia regional é frequentemente usada para partos, cesarianas e pequenas cirurgias.
Anestesia geral: é o tipo que afeta todo o corpo, deixando o paciente inconsciente e incapaz de se mover. É usada em cirurgias de grande porte, como procedimentos cardíacos, cerebrais, de coluna e de transplante de órgãos.