As 3 curiosidades sobre o pisco: a bebida é peruana ou chilena?

Popular em drinques encontrados em vários países, a tradicional bebida andina apresenta um dilema sobre sua origem.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 21 de nov. de 2023, 15:00 BRT
Garrafa de pisco na Expo Ceviche 2023: a 10ª edição do evento promove a gastronomia e ...

Garrafa de pisco na Expo Ceviche 2023: a 10ª edição do evento promove a gastronomia e a cultura peruanas, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, Brasil.

Foto de Fernando Frazão Agência Brasil

Questão que há séculos ronda dois países vizinhos da América do Sul, a origem do pisco coloca PeruChile em um dilema: afinal, a bebida surgiu onde? Como explica a Encyclopædia Britannica (plataforma de conhecimento do Reino Unido), cada um desses países tem a sua história com esse destilado de uva, distintos sabores de pisco e peculiaridades que fazem dessa bebida alcóolica única e cada vez mais famosa. 

A seguir, conheça as principais curiosidades sobre essa bebida, inclusive as histórias sobre a origem do pisco: 

1. Afinal, o pisco é peruano ou chileno? 

Peru e Chile são países vizinhos que compartilham muitas coisas, como a Cordilheira dos Andes, além de antepassados, costumes e…. O debate da origem do pisco. Faz tempo que existe essa questão sobre qual é o verdadeiro local de nascimento do pisco e os dois países reivindicam o destilado como sendo sua bebida nacional. 

A palavra “pisco” tem origem quechua como "Pisku", que significa "pássaro". Pisco também é o nome de um vilarejo de pescadores e fazendeiros cuja existência remonta aos séculos 16 e 17 no Peru, e foi justamente nessa região, na época sob domínio espanhol – povo que levou ao local as uvas –, que a cidade de Pisco foi fundada.

O fato ocorreu durante o governo do vice-rei Pedro Álvarez de Toledo e o lugar recebeu primeiro o nome de Villa de San Clemente de Mancera, embora sempre tenha sido popularmente conhecida como "Villa de Pisco", como explica o site oficial do governo do Peru. 

O texto governamental destaca ainda que o historiador peruano Lorenzo Huertas encontrou em 1986 – quando ficou encarregado pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do Governo do Peru a pesquisar sobre a história da produção do vinho e do pisco no país – o testamento de Dom Pedro Manuel, conhecido localmente como "O Grego". Ele teria escrito, ainda em 31 de abril de 1613, que entre suas posses deixava para os herdeiros “30 frascos cheios de aguardente de vinho e seu destilador”, comprovando, assim, as teorias que teria sido um dos primeiros produtores de pisco no Peru. 

Hoje em dia, o pisco do Peru tem denominação controlada e o país exporta a bebida para muitos outros lugares do mundo. 

Já no Chile, a produção do pisco também remonta há séculos passados. O site oficial de turismo do governo chileno conta que as primeiras fabricações do pisco no país surgiram no Vale do Elqui (localizada a aproximadamente a 500 quilômetros de Santiago, capital chilena), durante a primeira metade do século 18, em uma terra fértil aos pés da Cordilheira dos Andes. 

Na fazenda La Torre, localizada na área hoje conhecida como Pisco Elqui, na região de Coquimbo, iniciou-se a produção chilena de pisco – que também possui denominação de origem para o seu destilado, afirma o site governamental.

Com o tempo, o pisco se tornou o destilado favorito de muitos chilenos, tanto que, desde 2009, o Dia Nacional do Pisco é comemorado em 15 de abril. Atualmente, o Chile produz cerca de 36 milhões de litros de pisco ao ano e exporta, principalmente, para Estados Unidos, Argentina, Alemanha e China, conforme conta o site do governo local.

Assim, vemos que os dois países andinos possuem tradição nessa bebida alcóolica centenária cheia de história e sabor que deu origem também a um drinque famoso no mundo todo, o pisco sour – que faz parte da lista internacional de coquetéis da Associação Internacional de Bartenders (da sigla IBA – International Bartenders Association).

Diferentes variedades de uvas são usadas para fazer pisco, entre elas Quebranta, Negra Criolla, Mollar, Itália, Moscatel, Albilla, Torontel e Uvina.

Foto de James Stanfield

2. As diferenças entre o pisco peruano e o pisco chileno

Segundo a Comissão Nacional do Pisco do Peru, a bebida é definida como um produto obtido exclusivamente pela destilação de mostos (líquido resultante da prensagem da uva) frescos e das chamadas "uvas Pisqueras" (das variedades Quebranta, Negra Criolla, Mollar, Itália, Moscatel, Albilla, Torontel e Uvina) fermentadas, usando métodos que mantêm os princípios de qualidade, explica a Encyclopædia Britannica

Na composição geral do pisco, a água é o principal ingrediente (entre 52% e 62%), seguida pelo etanol (entre 30% e 48%) – sendo essa uma bebida de alta graduação alcoólica.

As definições do que é o pisco e como ele é obtido são iguais nos dois países. Porém, a forma de armazenamento é distinta no Peru e no Chile, e isso resulta em sabores e características únicas para cada destilado, como explica a Britannica

O pisco fabricado no Peru é armazenado em recipientes neutros, como vidro ou aço inoxidável. Além disso, o pisco peruano deve ser destilado apenas uma vez e não pode ser diluído com água ou outros ingredientes, e seu resultado é um destilado claro, como relata a enciclopédia. 

Já o pisco produzido no Chile é tradicionalmente armazenado e envelhecido em madeira, como um conhaque francês, o que lhe dá um sabor mais seco e amadeirado – diferente do pisco peruano, enfatiza a plataforma.

3. Quais são os tipos de pisco?

Como explica o site de turismo do Chile, o pisco chileno possui três tipos desse destilado: pisco branco ou claro, feito com álcool jovem que pode ter sido destilado entre uma e três vezes, com um máximo de seis meses de descanso em tanques inativos de madeira ou aço. É um tipo de pisco extremamente limpo e versátil, pois geralmente é usado em coquetéis.

Há ainda o pisco de guarda, que foi envelhecido em carvalho americano ou carvalho francês por um período entre 180 dias e um ano. E também o pisco envelhecido – nesse tipo as bebidas alcoólicas são submetidas a um processo de envelhecimento em madeira ativa por um período mínimo de um ano – que lhe dá um forte aroma amadeirado e um sabor mais marcante das uvas.

O pisco peruano, também conta com regulamentação legal e possui as seguintes variedades: o pisco puro, que é obtido exclusivamente de uma única variedade de uva; o pisco mosto verde que é feito a partir da destilação de mosto fresco de uvas com fermentação interrompida; e ainda o pisco “acholado”, que vem da mistura de uvas pisqueras aromáticas e/ou não aromáticas com o mosto dessas uvas, só que totalmente fermentados. 

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