Primeiro transporte oficial de judeus para Auschwitz levou 999 jovens mulheres

Sobreviventes do campo de concentração na Polônia relembram como descobriram que eram prisioneiras.

Por Heather Dune Macadam
Publicado 21 de jan. de 2020, 07:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Sabe-se que duas das cinco meninas nesta fotografia — tirada em Humenné, Eslováquia, por volta de ...
Sabe-se que duas das cinco meninas nesta fotografia — tirada em Humenné, Eslováquia, por volta de 1936 — foram levadas para Auschwitz, na Polônia, em 25 de março de 1942, no primeiro transporte oficial de judeus para um campo de extermínio. Nem Anna Herskovic (segunda da esquerda para a direita) nem Lea Friedman (quarta da esquerda para a direita) sobreviveram.
Foto de The Grosman and Gross families

POPRAD, ESLOVÁQUIA “Abrimos e fechamos Auschwitz”, diz Edith Grosman. Edith e eu estamos sentadas em um quarto de hotel da era soviética nesta pitoresca cidade eslovaca. Do lado de fora, picos cobertos de neve do Alto Tatras podem ser vistos à distância. No interior, Edith, agora com 95 anos, conta sobre os eventos fatídicos que moldaram sua vida.

“Acordamos um dia”, diz Edith, estendendo suas mãos afetadas pela artrite e dando tapinhas no ar, “e vimos do lado de fora, na rua, colado nas laterais das casas, um comunicado dizendo que todas as meninas judias, meninas solteiras, a partir de 16 anos de idade, teriam que se dirigir à escola no dia 20 de março de 1942 para trabalhar”.

Edith Friedman, que na época tinha apenas 17 anos, sonhava em se tornar médica. Lea, sua irmã de 19 anos, queria ser advogada. Mas esses sonhos foram destruídos dois anos antes, quando a Alemanha de Hitler anexou a Eslováquia. O governo traidor da República Eslovaca começou a implementar rigorosas leis contra os judeus, incluindo a revogação do direito à educação após os 14 anos de idade. “Nós não podíamos nem sequer ter um gato”, diz Edith, incrédula, erguendo as sobrancelhas.

Esta foto das crianças Friedman foi tirada em Humenné por volta de 1936. Da esquerda para a direita: Herman, Edith, Hilda, Ruthie, Lea e a mais nova, Ishtak.
Foto de The Grosman and Gross families

Edith faz uma pausa, depois suspira profundamente ao lembrar do comunicado. “Meus pais tinham duas meninas prontas para ir.”

Sua mãe, Hanna, foi contra, lembra Edith. “Ela disse: ‘Essa lei é errada!’”

Mas as autoridades de Humenné, a cidade onde moravam, garantiram aos pais preocupados que suas meninas iriam trabalhar como “voluntárias contratadas” em uma fábrica de botas para o exército. Então, Hanna colocou os poucos pertences de suas filhas em sacolas e enviou Edith e Lea para se cadastrarem como parte da nova força de trabalho feminina. Ela pensou que elas voltariam para o almoço.

Edith reconheceu a maioria das cerca de 200 jovens, muitas delas também adolescentes, que estavam fazendo fila. “Humenné era uma grande família — todo mundo se conhecia”, diz ela. Autoridades locais e militares estavam presentes no processo de cadastramento, mas entre eles estava um homem que vestia o uniforme da SS, a Schutzstaffel (Esquadrão de Proteção). “Achei estranho um agente da SS estar lá”, diz Edith.

Depois que seus nomes foram anotados, um médico ordenou que as meninas se despissem para um exame de saúde. Tirar a roupa na frente de homens estranhos não era algo normal, mas quem eram elas para questionar as autoridades? “Não foi um exame de verdade”, lembra Edith. “Ninguém foi reprovada.”

Os pais se reuniram no lado de fora da escola. A hora do almoço chegou e terminou, e eles se perguntavam por que estava demorando tanto justo naquela sexta-feira, quando as famílias se preparavam para o Shabat, o sábado judaico. Então, alguém percebeu que os guardas estavam retirando as meninas pela porta dos fundos para serem conduzidas à estação de trem. Pais desesperados os seguiram, xingando e exigindo saber para onde suas filhas estavam indo. Ninguém lhes dizia nada.

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    Das nove meninas judias nesta foto da turma em sua escola em Humenné, apenas três sobreviveram ao Holocausto. Edith Friedman é a segunda da esquerda para a direita, na fileira de cima.
    Foto de The Grosman and Gross families

    Na estação, as meninas foram embarcadas em vagões de passeio e não tiveram nem mesmo a chance de se despedir de seus pais. Edith podia ouvir a voz de sua mãe na multidão: “Não me preocupo tanto com a Lea, mas a Edith é como um cisco.” Era uma piada na família de que os ventos das montanhas levariam a pequena Edith se ela não tomasse cuidado.

    Conforme o trem deixava a estação, algumas das meninas mais velhas tentavam encorajar as mais jovens. “Eu pensei que estávamos embarcando em uma aventura”, disse uma das amigas de infância de Edith, Margie Becker. “Quando vimos as belas montanhas, as Montanhas Tatra, todas estavam cantando 'As Belas Montanhas' e o hino nacional da Eslováquia.”

    Em Poprad, cerca de 120 quilômetros a oeste de Humenné, Edith e suas amigas desembarcaram do trem e foram levadas a um vazio do exército. Na manhã seguinte, os guardas as colocaram para trabalhar na limpeza do local. “Nós pensamos, talvez seja isso”, diz Edith. “Talvez seja esse o trabalho que devemos fazer.” Então, outro trem repleto de jovens mulheres chegou. E no dia seguinte, mais trens chegaram da região ao redor, cheios de jovens judias solteiras.

    Cinco dias depois de o grupo de Edith ter saído de casa em Humenné, cerca de mil jovens chegaram a Poprad. Um dia, os guardas ordenaram para que guardassem suas coisas. Ao passarem pelo quartel, viram vagões de transporte alinhados nos trilhos. “Nós começamos a chorar”, diz Edith, “e estávamos com muito medo.”

    Esta fotografia de Edith Grosman, então com 92 anos, foi tirada em Poprad, Eslováquia, em 24 de março de 2017 — véspera do 75º aniversário do primeiro transporte oficial para Auschwitz.
    Foto de Stephen Hopkins

    Edith conta que elas se recusaram a entrar nos vagões, então os guardas as espancavam até que entrassem nos vagões úmidos e fétidos. “Eu estava com minha irmã e as nossas amigas mais próximas — queríamos ficar juntas”, conta ela. “Não havia nada lá dentro. Não havia um balde. Não havia água. Nada. Só uma janelinha.” Edith desenha um pequeno retângulo com os dedos para mostrar quão pequena era a janela. “E era trancado por fora.”

    Elas não tinham ideia para onde estavam indo, mas, por mais aterrorizada que Edith estivesse, sentiu-se um pouco mais segura de estar com Lea e Margie, da loja da esquina; Adela Gross, com seus cabelos vermelhos; Anna Herskovic, que adorava ir ao cinema com Lea; e outras que elas conheciam da escola, da sinagoga e do mercado.

    Após horas de viagem, no meio da noite, o trem parou na fronteira entre a Grande Alemanha (antiga Polônia) e a Eslováquia. Foi realizada uma transação secreta entre os dois governos, com os eslovacos pagando aos nazistas 500 Reichsmarks (cerca de US$ 250) por cada jovem levada para trabalho escravo. E com isso, a primeira remessa oficial de vítimas da “solução definitiva” de Hitler chegou à ponta sudoeste da Polônia de trem.

    Vida e morte em Auschwitz

    Por que o plano de Hitler de erradicar os judeus através de campos de trabalho escravo na Polônia começou com 999 jovens mulheres? O governo fascista queria eliminar as mulheres férteis da próxima geração de judeus, mas também, segundo o historiador eslovaco Pavol Mešťan, era mais fácil conseguir que as famílias abrissem mão de suas filhas do que de seus filhos. Além disso, pensava-se que as meninas seduziriam suas famílias a segui-las até os campos de realocação, diz Mešťan, onde os judeus eram “reassentados” ou “realojados” — eufemismos nazistas para mortos.

    Quando o trem finalmente parou, Edith, Lea e suas amigas se viram no que parecia ser um terreno baldio, com nada além de neve até onde se podia enxergar. “Era um lugar vazio — não havia nada lá”, exclama Edith.

    Quando Edith Friedmann e as outras jovens chegaram a Auschwitz, elas não sabiam que eram prisioneiras. Edith, porém, desconfiou do arame farpado que cercava as barracas. O complexo de campos de extermínio, nesta foto de 1990, foi preservado como um memorial.
    Foto de Francois Le Diascorn, Gamma-Rapho, Getty

    Os guardas ordenaram que homens de uniforme listrado usassem pedaços de pau para cutucar as mulheres para que saíssem do trem. Um sobrevivente polonês se lembra deles sussurrando para as meninas: “Rápido! Não queremos machucá-las.” Depois de quase 12 horas no vagão congelante, Edith e as outras meninas tiveram dificuldade para levar seus pertences pelos campos nevados em direção ao que uma sobrevivente descreveu como “luzes trêmulas e caixas”. Até então, Auschwitz havia sido utilizado como campo de concentração para homens, principalmente prisioneiros de guerra e combatentes da resistência. Edith não fazia ideia de que os homens com os pedaços de pau eram prisioneiros. Tampouco sabia que também era prisioneira, embora houvesse desconfiado das cercas de arame farpado.

    Quando as meninas entraram no campo, Linda Reich, uma das sobreviventes, sussurrou para uma amiga: “Aquela deve ser a fábrica onde vamos trabalhar”. A estrutura era uma câmara de gás.

    Durante os próximos três anos, cinco câmaras de gás e crematórios foram construídos em um complexo de barracas que cobriam mais de 38 quilômetros quadrados. Embora o Reich tivesse declarado que o dia da Marcha seria realizado somente em julho, os nazistas tinham outras formas de matar jovens mulheres saudáveis. Elas eram consumidas por uma dieta precária de cerca de 600 calorias por dia, combinada com trabalho árduo que incluía demolir prédios e limpar pântanos com as próprias mãos. “As meninas começaram a morrer”, conta Edith.

    “Algumas pessoas dizem que anjos têm asas.” A voz de Edith é suave e reflexiva. “Meus anjos tinham pés.” Um dos trabalhos menos árduos do campo era separar as roupas e os pertences dos novos prisioneiros. Margie Becker foi designada para a tarefa e, quando os sapatos de Edith estavam desgastados a ponto de não poderem ser mais utilizados, Margie arranjou um par em boas condições para ela. “Sapatos podem salvar a sua vida”, comenta Edith.

    Mas seria necessário mais do que sapatos para salvar a irmã de Edith. Em agosto de 1942, as mulheres foram transferidas para outro campo no complexo de Auschwitz: Birkenau. As condições de vida eram tão ruins que logo uma epidemia de tifo se espalhou pelos blocos onde eram mantidos homens e mulheres, matando prisioneiros e também guardas da SS.

    Quando Lea ficou doente, ela fazia parte de uma frente de trabalho na qual precisava ficar de pé em meio a água fria o dia todo limpando valas. Durante semanas, Edith deu a Lea sua sopa porque Lea não conseguia engolir pão. Então, sua irmã não conseguiu mais se levantar. Ela estava doente e com febre.

    De alguma forma, Edith teve a sorte de ser designada para trabalhar na ala de separação e organização de roupas e, uma noite, quando voltou do trabalho para seu bloco, soube que Lea fora transferida para o Bloco 22, a enfermaria. Ninguém escapava do Bloco 22, onde os prisioneiros eram mantidos até serem levados em caminhões para a câmara de gás.

    Edith entrou escondida um dia e encontrou Lea deitada no chão. “Eu segurei a mão dela, beijei sua bochecha. Sei que ela podia me ouvir. Estava sentada com ela, olhando para seu lindo rosto, e senti que deveria estar no lugar dela. A culpa daqueles que sobrevivem nunca acaba.”

    No dia seguinte, 5 de dezembro, foi o Shabbat Hanukkah. Edith voltou ao Bloco 22 antes de ir trabalhar. Lea ainda estava deitada na terra. Ela estava “definhando”, diz Edith. “Estava tão frio. Já estava em coma.” Edith não teve escolha a não ser deixar a irmã.

    Naquele mesmo dia, os nazistas tomaram medidas para retirar do campo prisioneiros infectados com tifo. Quando o grupo de Edith voltou do trabalho, elas foram ordenadas a se despir e caminhar nuas, passando pelos guardas da SS. As mulheres com as evidentes manchas na pele causadas pela infecção eram levadas às câmaras de gás.

    Lea, que morreu em Auschwitz em 5 de dezembro de 1942, não participou desta feliz reunião da família Friedman em Israel, em 1963. Da esquerda para a direita: Herman, Edith (mostrando a língua), Margita (irmã mais velha de Edith), Ruthie (irmã mais nova de Edith), Hilda e Ishtak. Seus pais, Hanna e Emmanuel, estão na frente.
    Foto de The Grosman and Gross families

    A visão no interior assustou Edith. “O campo estava vazio”, conta ela. A sobrevivente Linda Reich lembra-se de ter encontrado apenas 20 mulheres em seu bloco dentre as mil que estavam lá naquela manhã. Todas foram levadas para as câmaras de gás. Lea estava entre elas.

    Edith não queria viver sem Lea, mas ela era uma lutadora. “Qual era o propósito a não ser viver para contar?”, lembra ela. Para Edith, a coragem de continuar lutando — a vontade de sobreviver — veio de um de seus anjos com pés, Elsa Rosenthal, de 16 anos. Lagerschwestern, irmãs no campo, elas eram como irmãs de verdade para mulheres que precisavam de alguém para cuidar delas, principalmente após a morte de uma irmã. Elsa, como irmã de Edith no campo, garantiu que Edith se alimentasse. Ela dormia ao lado de Edith à noite e a mantinha aquecida. Ela também disse a Edith: “Não consigo sobreviver sem você”.

    “E então eu tive que continuar vivendo”, diz Edith.

    Saindo de Auschwitz

    Quase três anos depois de chegar a Auschwitz quando adolescentes, Edith e suas poucas amigas sobreviventes enfrentaram uma provação final. Os nazistas estavam fazendo planos para evacuar o campo e fugir do exército soviético que se aproximava. Ao longe, o céu noturno brilhava em vermelho e dourado enquanto Cracóvia queimava. Em 18 de janeiro de 1945, no meio de uma nevasca, os últimos prisioneiros de Auschwitz foram forçados a realizar o que ficou conhecido como a marcha da morte em direção à fronteira alemã. Estima-se que 15 mil prisioneiros do complexo de campos de Auschwitz tenham morrido nas marchas que levavam dias, atravessando a Polônia em direção à fronteira da Alemanha.

    De todos os horrores e provações que as primeiras meninas enviadas tiveram que passar, “a marcha foi a pior”, conta Edith. “A neve estava vermelha de sangue.” Se um prisioneiro tropeçasse e caísse, ele ou ela era baleado. A irmandade era mantida por um fio. Se uma de suas amigas caísse na neve, Elsa e Edith a colocavam de pé antes que um oficial da SS atirasse nela. Quando Edith sentiu que não podia dar mais um passo, sua amiga de infância Irena Fein insistiu para que continuasse. Não havia comida. Elas dormiram em celeiros. “Com a perna mancando durante todo o trajeto, como consegui sobreviver enquanto outros que eram saudáveis não sobreviveram?” Edith se pergunta.

    Os soldados soviéticos libertaram Auschwitz em 27 de janeiro de 1945. Eles encontraram sete mil prisioneiros esqueléticos, sendo quatro mil mulheres — e centenas de mortos abandonados. Durante as próximas semanas, outras centenas sucumbiriam à fome ou a doenças.

    Enquanto isso, os alemães escravizaram Edith e milhares de outros prisioneiros sobreviventes em Ravensbrück — o infame campo de extermínio de mulheres — e em outros campos como Bergen Belsen, na Alemanha, e Mauthausen, na Áustria. Superlotação e fome ameaçavam a vida de todos. Quando um caldeirão de sopa caía, as mulheres se ajoelhavam para lamber o chão, lembrou Linda Reich.

    Edith e Elsa foram enviadas para um campo de trabalho adjacente onde consertavam pistas de decolagem constantemente bombardeadas pelos Aliados. Edith diz que quando o complexo era atingido por bombardeios e os guardas da SS corriam para seus bunkers, os prisioneiros corriam para a cozinha — “para termos uma vida melhor, conseguíamos comida”.

    Em 8 de maio de 1945, foi declarada trégua na Europa. Das primeiras 999 jovens enviadas a Auschwitz, estima-se que menos de cem tenham sobrevivido para ganhar a liberdade novamente, entre elas cerca de oito das amigas de infância de Edith. Edith e Elsa levaram seis semanas para voltar para casa na Eslováquia. Lá, Edith enfrentou mais uma provação. Ela contraiu tuberculose óssea em Auschwitz e, após a libertação, ficou gravemente doente. “Auschwitz me incapacitou fisicamente”, diz ela. “Elsa foi psicologicamente afetada” — tomada por medo e ansiedade pelo resto e sua vida.

    Apesar da doença, Edith diz: “Senti muita esperança em relação ao mundo, à humanidade e ao nosso futuro. Eu pensei: agora o mundo vai mudar para sempre.” Ela também estava apaixonada. Em 1948, se casou com o roteirista e escritor Ladislav Grosman, cujo filme A Pequena Loja da Rua Principal ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1965. Ladislav morreu em 1981.

    Embora o sonho de Edith de se tornar médica tenha sido destruído, ela terminou o ensino médio e trabalhou como bióloga pesquisadora na Tchecoslováquia comunista e, posteriormente, em Israel. Ela agora vive em Toronto, no Canadá, perto de seus netos e bisnetos.

    “Vivemos nossos pequenos infernos, mas também nossos pequenos paraísos”, diz Edith sobre sua vida. “Vivi de tudo aqui na Terra.”

    Mas 75 anos depois de Auschwitz, Edith se preocupa com o fato de o mundo não corresponder àquela esperança que ela sentiu em 1945. O antissemitismo está em ascensão. Crimes de ódio contra minorias são uma constante nos noticiários. “Por que ainda existem guerras?”, ela pergunta. “Por favor, entendam: não há um vencedor na guerra.” Sua voz é frágil, mas urgente. “A guerra é a pior coisa que pode acontecer à humanidade.”

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