Qual é a origem do vegetarianismo?
Um dos hábitos mais antigos de alimentação, o vegetarianismo existe há séculos e já passou por várias fases até hoje, quando cresce e está presente em todo o mundo.
O menor consumo de carne pode ajudar o meio ambiente. A imagem mostra uma tábua de cortar e vários vegetais ao redor dela.
Ser vegetariano é adotar uma dieta baseada em vegetais, frutas, grãos, legumes e nozes – muitas vezes com a adição de leite, produtos lácteos e/ou ovos. A motivação para esse hábito pode ser variada, e tendo como motivos desde razões filosóficas, religiosas, éticas (como o posicionamento contra o sofrimento animal), até a defesa do meio ambiente, sem descartar ainda questões nutricionais e de saúde.
Mas quando esse hábito alimentar surgiu? National Geographic foi buscar a origem antiga do vegetarianismo, suas diferentes influências e como ele se desenvolveu ao longo do tempo.
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Como o vegetarianismo surgiu?
As primeiras culturas alimentares humanas eram baseadas em vegetais, com os humanos coletores de frutas, vegetais e grãos. O desejo humano por comer vegetais e raízes pode ter começado há pelo menos 170 mil anos, segundo uma pesquisa apresentada na Smithsonian Magazine, revista mantida pelo Museu de História Natural Smithsonian (instituição educacional e de pesquisa administrada pelo governo dos Estados Unidos).
Já uma outra equipe de pesquisadores descobriu e publicou na revista científica Science, um artigo sobre os restos carbonizados de plantas ricas em carboidratos, envoltos em cinzas de um antigo incêndio que ocorreu em uma caverna da África do Sul há cerca de 170 mil anos. Essa descoberta é o exemplo mais antigo de humanos cozinhando e consumindo plantas até o momento.
O vegetarianismo provavelmente começou há 170 mil anos e, na Renascença, difundiu-se como um hábito alimentar por opção.
Porém, a prática de se evitar deliberadamente o consumo de carnes provavelmente apareceu pela primeira vez em rituais, seja como uma purificação temporária do corpo ou como qualificação para uma função sacerdotal. Tanto que algumas religiões, como o Hinduísmo e o Budismo, recomendam um estilo de vida vegetariano desde sua concepção há séculos – explica a Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido).
Dessa forma, a história registrada da alimentação vegetariana (como opção) começou no século 6 a.C. iniciada pelos seguidores dos mistérios filosóficos na Índia e no Mediterrâneo Oriental (especialmente na Grécia), sendo que o filósofo grego Pitágoras é considerado o “pai do vegetarianismo ético”, de acordo com um artigo da National Library of Medicine dos Estados Unidos.
Pitágoras alegava que o parentesco de todos os animais era uma base para a benevolência humana em relação a outras criaturas. De Platão em diante, muitos filósofos (como por exemplo, Epicuro e Plutarco), especialmente os neoplatônicos, recomendavam uma dieta sem carne. A ideia condenava sacrifícios sangrentos na adoração de deuses e era frequentemente associada à crença na reencarnação das almas e, de modo mais geral, à busca de princípios de harmonia cósmica de acordo com os quais os seres humanos poderiam viver.
A evolução do vegetarianismo ao longo do tempo
Na Europa, a alimentação vegetariana desapareceu mais ou menos durante o período da Idade Média. Só bem depois, na era Renascentista, as pessoas voltaram a praticar o vegetarianismo por opção. Já nos séculos 17 e 18, houve um maior interesse no humanitarismo na Europa e a sensibilidade ao sofrimento dos animais foi, portanto, reavivada, conforme relata a Britannica.
Pitágoras, um filósofo grego, é tido como o “pai do vegetarianismo ético”. Ele considerava que o parentesco entre todos os animais era a base da benevolência humana para com outras criaturas.
Já no século 19, pessoas renomadas de diversas visões filosóficas da época defendiam o vegetarianismo, como por exemplo, o famoso escritor e filósofo francês Voltaire e o escritor norte-americano Henry David Thoreau, que praticavam a dieta, segundo a enciclopédia inglesa. Em 1847 foi fundada a primeira sociedade vegetariana no mundo, na Inglaterra, e já em 1889, se criou a International Vegetarian Union.
Atualmente, a alimentação vegetariana cresce em todo o mundo e é cada vez mais aceita pela sociedade. Os principais motivos para essa tendência são as preocupações com a saúde e as questões éticas, ambientais e sociais.
A National Library of Medicine afirma que o futuro da alimentação vegetariana é promissor porque a nutrição sustentável é crucial para o bem-estar da humanidade. Isso porque um menor consumo de carne comprovadamente desacelera as mudanças climáticas; ajuda a evitar doenças pandêmicas que podem ser prevenidas sem a ingestão de animais e, dessa forma, pode favorecer um futuro melhor para as próximas gerações.