A pecuária insustentável é uma das principais causas da perda de habitat, do declínio da biodiversidade ...

Dia Mundial Sem Carne: 4 fatos que mostram como o consumo de carne impacta o meio ambiente

Espera-se que o consumo global de carne animal cresça 50% até 2050. E só a pecuária é responsável pela emissão de uma quantidade de carbono igual à gerada por todos os transportes do mundo combinados.

A pecuária insustentável é uma das principais causas da perda de habitat, do declínio da biodiversidade e da degradação da terra, afirma o PNUMA. Na foto, o gado se move ao longo da estrada que leva ao Açude Carnaubal, no Ceará, Brasil.

Foto de Fernando Frazão Agência Brasil
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 19 de mar. de 2024, 10:59 BRT

O que comemos e como produzimos os alimentos consumidos têm um enorme impacto sobre a saúde e o meio ambiente, reconhece a Organização das Nações Unidas (ONU). A agência ressalta que a forma como as pessoas se alimentam afeta o planeta e, no caso da carne, o impacto ambiental é considerado grande.

Embora os produtos animais convencionais sejam uma importante fonte de proteína para o organismo humano, a maneira como essa carne vem sendo produzida e a maneira como é consumida ocorrem em uma escala que impacta negativamente as pessoas e o planeta, reforça o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Um documento do PNUMA publicado em dezembro de 2023 indica que consumo global de carne em 2050 deverá ser aproximadamente 50%, ou ainda maior, do que o atual. A fonte adverte que a pecuária insustentável é uma das principais causas da perda de habitat e declínio da biodiversidade, e da degradação da terra. 

No Dia Mundial Sem Carne, que acontece todo dia 20 de março para promover uma dieta sem a ingestão de carne animal, descubra quatro dados que ilustram o impacto que produtos de origem animal  têm no planeta.

1. Os alimentos de origem animal geram as maiores emissões

A criação de gado emite quase a mesma quantidade de carbono gerada por todos os meios de transporte juntos. Ao digerir seus alimentos, animais como vacas e ovelhas também emitem o gás metano, bastante prejudicial para a camada de ozônio.

Foto de Ronan Donovan

"Globalmente, os sistemas alimentares são responsáveis por cerca de 30% das emissões antropogênicas atuais de gases de efeito estufa (GEE) que impulsionam as mudanças climáticas", diz o relatório “What's Cooking” (“O que está sendo preparado”, em tradução livre), uma edição especial do relatório “Frontiers” (“Fronteiras”), de 2023, do PNUMA.

Entre eles, os produtos de origem animal (incluindo emissões animais, ração animal, mudanças no uso da terra e cadeias de suprimentos globais com uso intensivo de energia) são responsáveis por quase 60% das emissões relacionadas a alimentos (incluindo metano, óxido nitroso e dióxido de carbono), continua o relatório.

Um documento publicado em 2021 pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) afirma que pecuária gera 14% de todas as emissões de carbono, uma quantidade semelhante à gerada por todos os transportes combinados. Especificamente, a convenção estima que "o setor pecuário gera um sétimo das emissões globais de GEE".

O gado e as ovelhas emitem metano quando digerem seus alimentos. Por sua vez, o óxido nitroso é emitido pelos resíduos da pecuária e pelos fertilizantes usados nas plantações utilizadas para alimentar os animais.

A título de comparação, um artigo de 2021 da National Geographic Espanha descreve que "os produtos de origem animal produzem de 10 a 50 vezes mais gases de Efeito Estufa do que os produtos de origem vegetal". Com exceção do chocolate, do café e do óleo de palma.

2. Produção de carne ligada ao desmatamento

A ONU reconhece que a produção de carne exige extensas áreas de pastagem, que são geralmente criadas com o corte de árvores – o que libera o dióxido de carbono (CO₂) presente nas florestas.

Além disso, um relatório publicado pela revista “Science”, em 2018, e citado pela UNFCCC em seu artigo revela que a carne e os laticínios fornecem apenas 18% das calorias consumidas, mas usam 83% das terras cultiváveis do mundo e são responsáveis por 60% das emissões de gases de efeito estufa da agricultura.

Considerando que as florestas absorvem carbono do ar, "sua destruição para dar lugar à agricultura intensifica as emissões e tem um impacto duplo (ou triplo, se considerarmos que as árvores que sequestraram CO₂ o liberam novamente quando morrem)", adverte a UNFCCC.

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    O impacto ambiental da produção de carne – seja ela vermelha ou não – leva em conta as práticas e a escala.

    Foto de Luca Locatelli

    3. Alimentos de origem animal estão ligados ao declínio da biodiversidade

    perda de habitat dos animais, por sua vez, leva a um declínio na biodiversidade. 

    "A diversidade das raças de gado locais está ameaçada pela crescente substituição de algumas raças internacionais, colocando quase um quinto das raças em risco de extinção", diz o documento de 2023.

    Mas a produção de carne e produtos de origem animal leva ao sobrepastoreio e ao desmatamento para a produção de culturas forrageiras. Isso pode levar à erosão e à degradação do solo, acrescenta a mesma fonte.

    O relatório do PNUMA adverte que o uso da terra e a mudança em seu uso são os fatores mais importantes da perda da biodiversidade terrestre. Embora os sistemas alimentares ocupem metade das terras habitáveis (71% da superfície terrestre, excluindo geleiras e terras estéreis), 77% das terras agrícolas são usadas para o setor pecuário. 

    "A carne de ruminantes, como gado e ovelhas, tem uma intensidade de uso da terra particularmente alta. Esse uso também ameaça as principais áreas de biodiversidade (pontos críticos para a persistência da biodiversidade global), sendo a produção de carne bovina e o pastoreio os principais responsáveis pela possível perda de espécies".

    (Você pode se interessar por: O que é desmatamento e por que ele acontece?)

    4. A criação de gado está associada ao alto consumo de água

    A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas também observa que "o setor pecuário consome aproximadamente um terço de toda a água doce do planeta".

    Na mesma linha, o documento de 2023 adverte que "a produção de ração para gado é responsável por mais de 40% do uso total de água na agricultura. A pegada hídrica por unidade de produto é maior para produtos de origem animal (especialmente carne bovina) do que para culturas".

    Também nota-se que o impacto ambiental da produção de carne varia conforme o tipo, os modos e as práticas de produção e a natureza e a magnitude do apoio governamental, conclui o relatório do PNUMA.

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