Gabriel García Márquez: os 5 fatos essenciais sobre o escritor de “Cem Anos de Solidão”
Autor de obras memoráveis, entre elas “Cem Anos de Solidão”, o colombiano ganhou um prêmio Nobel de Literatura e é considerado um dos maiores escritores latino-americanos.
O escritor e jornalista colombiano Gabriel García Márquez é um dos autores latino-americanos mais famosos do mundo, sendo reconhecido principalmente por seu livro "Cem Anos de Solidão", publicado em 1967.
Nascido na pequena cidade de Aracataca, na Colômbia, em 6 de março de 1927, Gabriel García Márquez se tornou um dos maiores escritores do século 20 e um dos seis grandes nomes da literatura latino-americana a entrar no seleto grupo que recebeu um prêmio Nobel por conta de sua obra de romances, crônicas e contos criativos de realismo fantástico.
Em 17 de abril de 2024 completou-se dez anos da morte do escritor, efeméride que tem impulsionado muitos leitores em todo mundo a revisitar sua obra tanto em livros como em séries, levando um novo público a conhecer suas geniais histórias. De toda a sua produção literária, uma das obras mais notórias é, certamente, “Cem Anos de Solidão”, livro lançado em 1967 e considerado pela Real Academia Española um clássico da literatura em espanhol.
National Geographic reuniu pontos-chave da vida e da obra do celebrado autor colombiano, o qual soube unir a imaginação e a realidade criando tramas atemporais para diversas gerações.
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Na foto, o detalhe do escritório do avô materno do escritor, o coronel Nicolás Márquez, na Casa Museo Gabriel García Márquez - que fica na cidade de Aracataca, na Colômbia.
Gabriel García Márquez passou a infância com os avós
Na pequena e tranquila Aracataca, na Colômbia, García Márquez passou os primeiros oito anos de sua vida vivendo com seus pais na casa dos avós maternos e, por isso mesmo, convivendo bastante com eles. O avô era o coronel Nicolás Márquez (veterano que lutou na Guerra dos Mil Dias, um violento conflito civil ocorrido na Colômbia entre 1899 e 1902), e com Tranquilina Iguarán Cotes de Márquez.
Ambos eram responsáveis por contar ao jovem García Márquez muitas histórias e lendas locais. É o que detalha um artigo sobre o autor presente na Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido).
Após a morte de Nicolás, a família se mudou para Barranquilla, uma cidade maior onde García Márquez fez boa parte de seus estudos. Aos 12 anos, ele ganhou uma bolsa de estudos em um internato em Zipaquirá, cidade perto de Bogotá e lá, solitário, viveu anos importantes para sua formação de escritor, já que passava dias lendo os livros de escritores como Julio Verne e de Alexandre Dumas.
Segundo a Britannica, já adulto García Márquez teria afirmado que suas fontes literárias mais importantes eram as histórias que o avô Nicolás lhe contava sobre Aracataca e sua família.
García Márquez trabalhou como jornalista e viveu em Paris
Seguindo a linha do tempo do autor colombiano, em 1947 García Márquez começou a estudar Direito na Universidade Nacional de Colômbia, em Bogotá. Apesar de concluir o curso, nunca se dedicou à profissão e se tornou jornalista e escritor, trabalhando inicialmente em vários jornais da Colômbia.
Nos anos 1950, García Márquez se tornou correspondente internacional em Paris, na França, período em que ele expandiu sua educação, lendo uma grande quantidade de autores da literatura moderna norte-americana e europeia, segundo a enciclopédia inglesa.
No final da década de 1950 e início dos anos 60, voltou a trabalhar em Bogotá e se casou com Mercedes Barcha em 1958. Depois, novamente foi morar no Exterior ao se tornar correspondente em Nova York, nos Estados Unidos, para a agência Prensa Latina – um serviço de notícias criado pelo regime do líder cubano Fidel Castro.
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Estatua Gabriel García Márquez na praça de sua cidade natal, Aracataca, na Colômbia.
García Márquez e a literatura: uma combinação de realidade, fantasia e sucesso
A essa altura de sua carreira, Gabriel García Márquez já era um jornalista famoso e respeitado e também tinha publicado contos e um livro.
Quando ainda trabalhava para o jornal colombiano “El Espectador”, García Márquez publicou seu primeiro conto, “La Tercera Resignación”, em 1947. Em 1951 ele escreveu seu primeiro romance, “A Revoada”, mas que só foi publicado anos mais tarde.
Foi por esse periódico que ele se tornou correspondente em Paris. Nessa época, o governo ditatorial da Colômbia fechou o jornal e, então, García Márquez decidiu investir o dinheiro da passagem de volta para ficar na Europa e finalizar o livro “Ninguém Escreve ao Coronel” – que foi publicado em 1961. Em 1962, o escritor lançou “O Veneno da Madrugada (A má hora)”,
Gabriel García Márquez em 2009 com a então Ministra da Cultura da Colômbia, Paula Moreno, na entrega do prêmio Mayahuel de Plata ao cineasta Víctor Gaviria no Festival Internacional de Cine de Guadalajara, no México.
O surgimento de “Cem Anos de Solidão”
Foi somente em 1967 que García Márquez lançou sua obra mais complexa e que se tornou famosa no mundo inteiro: “Cem Anos de Solidão”.
No livro, ele conta a história da fictícia Macondo, uma cidade isolada inspirada em no local onde nasceu, e que faz uma relação com a América Latina, ao mostrar a ascensão e a queda da família Buendía ao longo de sete gerações, tal como detalha um artigo sobre o livro presente no site da Universidade de São Paulo (USP).
Dando continuidade à sua produção literária, publicou “O outono do patriarca” (1975) e “Crônica de uma Morte Anunciada (1981).
Um Nobel para García Marques
Já fazendo muito sucesso e com livros editados em várias línguas, o reconhecimento mundial veio em 1982, quando ele recebeu o prêmio Nobel de Literatura da Academia Sueca de Letras pelo conjunto de sua obra.
Detalhe do prêmio Nobel de Literatura recebido pelo autor colombiano Gabriel García Márquez em 1982, que está exposta na Biblioteca Nacional da Colômbia, na capital Bogotá.
Na época em que recebeu o prêmio, na tradicional cerimônia realizada na Suécia, fez um discurso conhecido por sua beleza poética, chamado “A solidão da América Latina”. “Poetas e mendigos, músicos e profetas, guerreiros e malandros, todos nós, criaturas daquela realidade desaforada, tivemos que pedir muito pouco à imaginação, porque para nós o maior desafio foi a insuficiência dos recursos convencionais para tornar nossa vida acreditável. Este é, amigos, o nó da nossa solidão”, diz um dos trechos memoráveis da fala de reconhecimento do escritor.
Após o Nobel, García Márquez seguiu produzindo grandes romances que se tornaram clássicos, como “O Amor nos Tempos de Cólera” (1985), que se tornou um filme em 2007; “O General e seu Labirinto” (1989); e “Do Amor e outros Demônios” (1994), para citar alguns.
Após ser diagnosticado com câncer em 1999, ele escreveu o livro de memórias “Viver para Contar” (2002), que se concentra em seus primeiros 30 anos de vida. Depois, voltou à ficção com “Memórias de Minhas Putas Tristes” (2004), seu último livro.
Gabriel García Márquez morreu aos 87 anos, em 17 de abril de 2014, na Cidade do México, onde vivia desde o final dos anos 1960, após ter passado uma temporada na Espanha.