
Quantos sobreviventes do Holocausto estão vivos até a atualidade e onde eles moram?
Um visitante estuda uma exposição sobre o Holocausto no Museu da Segunda Guerra Mundial em Gdansk, na Polônia.
O Holocausto é um fato histórico fartamente registrado e definido pela Enciclopédia do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos (USHMM) como “a perseguição e o assassinato sistemáticos de aproximadamente seis milhões de judeus europeus” por ordem do regime nazista alemão e por todos aqueles que colaboraram com ele a partir de 1933 e durante a Segunda Guerra Mundial.
Para que os horrores vividos neste período nefasto da história, que começa com a ascensão do ditador Adolf Hitler ao poder, na Alemanha, jamais sejam esquecidos ou normalizados, o Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto é celebrado anualmente em 27 de janeiro.
Criada através de uma resolução da da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em 2005, a efeméride busca "mobilizar a sociedade civil para a educação e a lembrança do Holocausto", a fim de evitar futuros genocídios.
(Vale a pena ler também: Conclave: como um novo papa é eleito na igreja católica?)

Um rabino vê uma exposição de sapatos de vítimas de campos de concentração em Auschwitz, na Polônia.
Quantas pessoas morreram no Holocausto?
Dentre as mais de 6 milhões de pessoas mortas violentamente em campos de concentração, fuzilamentos, câmaras de gás, através de torturas e espancamentos, ou por falta de comida, ação do frio e de doenças – entre outras causas conhecidas – havia também uma uma parcela de não-judeus que foram “deslocados, perseguidos ou discriminadas devido às políticas raciais, religiosas, étnicas, sociais e políticas dos nazistas e seus colaboradores entre 1933 e 1945", explica o Museu Memorial do Holocausto.
Apesar dos judeus serem o alvo prioritário do antissemitismo nazista, o total de perseguidos incluia ainda homens homossexuais ou bissexuais; civis acusados pelo governo nazista de “resistência” ao regime ou de “atividade partidária" distinta da que estava no poder; estrangeiros que viviam na Alemanha e passaram a ser considerados "criminosos profissionais"; pessoas negras: portadores de deficiência; prisioneiros de guerra de origem soviéticos; romanis (chamados de “ciganos”); além de Testemunhas de Jeová, detalha a Enciclopédia do Holocausto.
(Para mergulhar no assunto: Como Hitler foi derrotado na Segunda Guerra Mundial?)

Na foto, o Memorial aos Judeus Assassinados da Europa, também conhecido como Memorial do Holocausto, projetado pelo arquiteto Peter Eisenman e pelo engenheiro Buro Happold, e localizado no centro de Berlim, capital da Alemanha.
Existem sobreviventes do Holocausto até hoje? Onde eles vivem?
Uma recente e vasta pesquisa publicada em 23 de janeiro de 2024 e realizada pela Conferência sobre Reivindicações Materiais Judaicas contra a Alemanha (ou Claims Conference, entidade judia sem fins lucrativos) indica que – até esta data – existiam 245 mil sobreviventes do Holocausto ainda vivos.
A investigação é considerada a mais atualizada e completa sobre o assunto, segundo a rede de comunicação pública alemã Deutsche Welle em um artigo publicado online. Os dados também mostram que estas pessoas estão espalhadas por 90 países, sendo que quase metade (49%) vive em Israel. Outros 18% estão na Europa Ocidental (como na França, por exemplo, com 21.900 pessoas), 16% nos Estados Unidos e 12% em países da antiga União Soviética.
”Na América do Sul e no Caribe vivem cerca de 700 sobreviventes, sendo 300 deles no Brasil e 200 na Argentina”, destaca a reportagem da DW.
Como era de se esperar, a maioria daqueles que escaparam vivos do regime nazista já é bastante idosa e tem, em média, 86 anos de idade. Cerca de 20% dos sobreviventes já passaram dos 90 anos e o número de mulheres vivas (61%) é maior do que o de homens (39%).
O estudo também indicou que 96% destes sobreviventes eram crianças quando os horrores ordenados por Hitler estavam sendo impostos. "Quase toda a atual população de sobreviventes era criança na altura da perseguição nazista, tendo resistido a campos, guetos, fugas e vidas na clandestinidade", diz o estudo.
Antes disso, as estimativas de pessoas que escaparam do Holocausto ainda restantes no mundo variavam muito e dependiam de uma definição mais precisa do que seria um sobrevivente.
Neste sentido, o Memorial do Holocausto delimita como sobreviventes “todas as pessoas, judias ou não judias, que foram deslocadas, perseguidas ou discriminadas devido às políticas raciais, religiosas, étnicas e políticas dos nazistas e seus aliados entre 1933 e 1945”. Também inclui ex-internos de campos de concentração, guetos e prisões, e aqueles que se refugiaram ou estiveram escondidos durante esse período.
