
Guerra Mundial: como um conflito entre países se transforma em uma grande guerra?
O Major General Eric Clive Pegus Plant, conhecido militar do exército australiano discursa para os prisioneiros de guerra em Sydney, após a evacuação dos prisioneiros de guerra do Japão, na Segunda Guerra Mundial, pelo navio britânico HMS Speaker, em 1945. Curiosamente, Plant participou dos conflitos das duas Grandes Guerras.
Conflitos bélicos sempre fizeram parte da história da humanidade. No entanto, em algumas ocasiões, as disputas extrapolam os limites das fronteiras das nações inicialmente envolvidas e acabam ganhando magnitude planetária. Mas, afinal, o que é uma Guerra Mundial?
O século 20 viu dois grandes conflitos brutais se desenvolverem na Europa e se tornarem guerras sem fronteiras. Eles atraíram para suas trincheiras países geograficamente distantes localizados nas Américas, na Ásia e no Oriente Médio.
Mas o termo “guerra mundial” já havia sido usado ocasionalmente na história antes da Primeira Grande Guerra, em 1914, “embora se referisse especificamente a uma guerra entre as principais potências europeias”, explica a Enciclopédia Internacional da Primeira Guerra Mundial (uma plataforma de dados da Freie Universität Berlin – a Universidade Livre de Berlim, na Alemanha).
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Segundo a fonte, as guerras só passaram a ter esse caráter abrangente com a chegada “das bênçãos e das maldições da modernidade”, e o surgimento de um mundo que foi se tornando mais globalizado.
Nesse sentido, a Primeira Guerra Mundial foi o evento que deu início a esse conceito, já que “nenhum evento na história mundial anterior havia mudado a vida de tantas pessoas em todos os continentes”, continua a fonte.
“Essa guerra não foi conduzida apenas entre as potências europeias fora da Europa, como na África ou nos oceanos do mundo, como muitos conflitos anteriores”, diz a plataforma. “A luta agora também envolvia diretamente Estados soberanos não europeus em grande escala”, explica.

Soldados americanos da Primeira Guerra Mundial participam de um serviço religioso em um acampamento militar.
O que levou à Primeira Guerra Mundial?
“A Primeira Guerra foi logo designada como uma ‘guerra mundial’ nesse sentido eurocêntrico, pouco depois de seu início”, continua a plataforma alemã, também por ser uma “guerra de importância histórica mundial”.
Ocorrida entre 1914 e 1918, a Primeira Grande Guerra envolveu a maioria das nações europeias daquele momento, além de Rússia, dos Estados Unidos e de parte do Oriente Médio, explica um artigo da Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimentos gerais do Reino Unido) sobre o tema.
Este conflito colocou as chamadas Potências Centrais (Alemanha, Áustria-Hungria e Turquia) contra os Aliados, em especial França, Grã-Bretanha, Rússia, Itália e Japão. Os Estados Unidos chegaram ao conflito em 1917.
A guerra terminou com a derrota das Potências Centrais, continua a fonte, e o conflito foi “sem precedentes em termos de massacre, carnificina e destruição que causou”, destaca a Britannica.


Aviões de Bombardeiros Wellington, da Grã-Bretanha, usados na Segunda Guerra Mundial de 1940 até 1945, quando o conflito terminou. Segundo especialistas militares, esses bimotores da Royal Air Force (RAF), a Força Aérea Real, foram bem-sucedidos em suas investidas.
Dois fuzileiros navais norte-americanos e seu cachorro Andy, um Doberman Pinscher treinado para detectar armas, como metralhadoras japonesas, em uma ação dos Aliados nas Ilhas Salomão, no Oceano Pacífico.
Segunda Guerra Mundial: quando e como começou a maior guerra da história
O momento em que a Alemanha nazista invadiu a Polônia, em 1º de setembro de 1939, costuma ser apontado como fator desencadeante para a entrada de outros países no que acabou se tornando a Segunda Grande Guerra.
A partir deste fato, o Reino Unido e a França declararam guerra aos alemães, em 3 de setembro do mesmo ano. Já a entrada da União Soviética (URSS) no conflito se deu a partir de 22 de junho de 1941, com a chamada Operação Barbarossa, que foi a invasão alemã da União Soviética.
Os Estados Unidos, por sua vez, foram arrastados para a batalha quando o Japão atacou a base naval americana em Pearl Harbor, no Oceano Pacífico, na madrugada de 8 de dezembro de 1941, continua a Britannica.
Neste conflito, Japão, Itália e a Alemanha – a última sob a liderança de Adolf Hitler – formavam as forças do Eixo, enquanto Reino Unido, Estados Unidos, União Soviética, França e, em menor escala também a China, eram os Aliados na campanha contra a expansão militar e de poder nazista pela Europa, diz a plataforma.
Ao todo, a Segunda Guerra Mundial durou de 1939 a 1945 e teve um saldo entre 40 e 50 milhões de pessoas mortas, fazendo deste conflito “o mais sangrento e a maior guerra da história”, completa a Britannica.
As duas Grandes Guerras definiram a geopolítica do planeta até a atualidade.
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Os países "neutros”: eles não se envolveram em nenhuma das Grandes Guerras
Mesmo durante as guerras mundiais, nem todas as nações se envolveram no campo de batalha. Aquelas que se mantiveram “isentas”, ao menos em teoria ou anunciando isso oficialmente, são os chamados “países neutros”.
Mesmo assim, as chamadas “violações de neutralidade" – ou seja, atos em que países ditos isentos se envolveram em ações de um lado ou de outro, ocorreram diversas vezes nos dois grandes conflitos do mundo, completa a Enciclopédia Internacional da Primeira Guerra Mundial.
Na Segunda Guerra Mundial, “Suíça, Espanha, Portugal e Suécia se declararam neutros” durante o conflito, informa a Britannica.
Já na Primeira Guerra, ficaram de fora das trincheiras Noruega, Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Suíça e Espanha – na Europa; enquanto na América Latina, México, Chile e Argentina preferiram não se envolver, diz a fonte da universidade alemã.
O Brasil começou a Primeira Guerra Mundial declarando-se neutro, em 1914, mas se uniu ao conflito em 1917, após ataques alemães a navios brasileiros.
"Em 26 de outubro de 1917, o Brasil declarou guerra aos Impérios Centrais (Alemanha e seus aliados), tornando-se o único país latino-americano a participar diretamente do conflito", ainda que de forma limitada, informa um artigo sobre o tema do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Faculdade Getúlio Vargas, de São Paulo.
