Nas décadas desde que o R.M.S. Titanic foi descoberto no Atlântico Norte, a condição dos destroços ...

O que está destruindo o Titanic no fundo do mar? O colapso de seus destroços tem um culpado

O colapso da grade da proa do navio – retratado na cena icônica do filme “Titanic” – é o mais recente capítulo da deterioração contínua dos destroços, ameaçados por certas atividades humanas.

Nas décadas desde que o R.M.S. Titanic foi descoberto no Atlântico Norte, a condição dos destroços foi corroída pela ferrugem e por comunidades de micróbios. Mais recentemente, um trecho da grade de sua icônica proa caiu no fundo do oceano.

Foto de Emory Kristof, NatGeo Image Collection
Por Becky Little
Publicado 1 de ago. de 2025, 12:59 BRT
Nas décadas desde que o R.M.S. Titanic foi descoberto no Atlântico Norte, a condição dos destroços ...

Nas décadas desde que o R.M.S. Titanic foi descoberto no Atlântico Norte, a condição dos destroços foi corroída pela ferrugem e por comunidades de micróbios. Mais recentemente, um trecho da grade de sua icônica proa caiu no fundo do oceano.

Foto de Emory Kristof, NatGeo Image Collection

Em uma das cenas mais memoráveis do filme “Titanic", de James Cameron, feito em 1997, Leonardo DiCaprio está em uma recriação da famosa proa do navio e declara: “Eu sou o rei do mundo!”. Em agosto de 2024, no entanto, a empresa americana RMS Titanic, Inc. produziu novas imagens mostrando que uma parte de 4,5 metros de comprimento da grade da proa real havia desmoronado, se tornando um marco significativo na desintegração dos destroços históricos.

Desde que o R.M.S. Titanic afundou nas águas geladas do Atlântico Norte em 15 de abril de 1912, o desastre tem atraído o interesse do público. Depois que o navio atingiu um iceberg, cerca de 1.500 dos 2.200 passageiros e tripulantes morreram.

Em mais um capítulo da história do famoso transatlântico, a descoberta dos destroços do Titanic, em 1985, gerou – e continua gerando – seus próprios dramas sobre a conservação de locais históricos de desastres

National Geographic analisa qual é a situação do navio nos dias de hoje na linha do tempo abaixo.

As luzes Mir 2 iluminam as características do convés da proa, mostrando o guincho da âncora ...

As luzes Mir 2 iluminam as características do convés da proa, mostrando o guincho da âncora de bombordo do R.M.S. Titanic.

Foto de Emory Kristof, NatGeo Image Collection

1985: a descoberta dos destroços do Titanic

Após seu naufrágio, os destroços do Titanic permaneceram desconhecidos por 73 anos, mas não por falta de interesse em encontrá-los. Em 1914, um arquiteto propôs tentar retirar os destroços com eletroímãs. Várias outras propostas nas décadas de 1950, 1960 e 1970 fracassaram ou nunca saíram do papel.

Então, em 1º de setembro de 1985, uma equipe liderada pelo oceanógrafo americano Robert Ballard finalmente avistou uma das caldeiras do Titanic, o que os levou a descobrir os destroços. A notícia ganhou manchetes internacionais. 

No entanto, a verdadeira história de como Ballard encontrou os destroços em águas internacionais a sudeste de Newfoundland, no Canadá, permaneceu em segredo por muitos anos.

1991: surgem as primeiras fotos dos destroços do Titanic feitas em um mergulho 

Acontece que Ballard, agora explorador da National Geographic, estava na verdade em uma missão secreta da Guerra Fria para investigar os destroços de dois submarinos nucleares dos Estados Unidos quando fez a descoberta

Embora a busca pelo Titanic não fizesse parte dessa missão, Ballard disse aos oficiais da Marinha que queria procurar os destroços do navio se tivesse tempo.

“A Marinha nunca esperava que eu encontrasse o Titanic e, quando isso aconteceu, eles ficaram muito nervosos por causa da publicidade”, disse Ballard à National Geographic em uma entrevista anterior sobre a missão. “Mas as pessoas estavam tão focadas na lenda do Titanic que nunca ligaram os pontos.”

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    Vista aérea da grade na proa do R.M.S. Titanic, fotografada em 1991. Cientistas descobriram que o navio está repleto de bactérias que podem corroer o metal.

    Foto de Emory Kristof, NatGeo Image Collection

    1987 a 1997: começa o “resgate” de vítimas e do espólio do Titanic 

    Logo após o naufrágio do Titanic, equipes de resgate recuperaram os corpos das vítimas e seus pertences pessoais que flutuavam na superfície do Atlântico para enviá-los às suas famílias. 

    No entanto, a descoberta dos destroços em 1985 abriu novas oportunidades para as pessoas que queriam “resgatar” artefatos do Titanic — um ato que, ao longo dos anos, algumas pessoas compararam a saquear um túmulo histórico.

    Em 1987, uma empresa americana chamada Titanic Ventures Limited Partnership — antecessora da RMS Titanic, Inc. — removeu cerca de 1.800 artefatos dos destroços. Para realizar a controversa expedição, ela fez uma parceria com o instituto nacional de oceanografia da França, IFREMER, que havia auxiliado a Marinha dos Estados Unidos na expedição de Ballard em 1985. 

    Posteriormente, o governo francês reconheceu a Titanic Ventures como proprietária desses artefatos.

    No início da década de 1990, os Estados Unidos concederam à Titanic Ventures direitos exclusivos de resgate do Titanic. A RMS Titanic utilizou esses direitos para realizar viagens adicionais ao local do naufrágio em 1993, 1994 e 1996, obtendo aproximadamente mais 2.200 artefatos e atraindo maior escrutínio. 

    Em 1997, o Congresso Internacional de Museus Marítimos denunciou uma exposição desses artefatos em Memphis, Tennessee, alegando que a RMS Titanic não estava conservando adequadamente os destroços do Titanic e seus artefatos.

    Mais tarde naquele ano, o filme “Titanic” estreou. Isso gerou ainda mais interesse público pelos destroços do navio, que os turistas logo começaram a pagar caro para visitar.

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      O interior de uma cabine de primeira classe do RMS Titanic foi fotografado em 1991, coberto de ferrugem e com duas janelas abertas. Os seres humanos também estão contribuindo para a deterioração dos destroços, pois o turismo e as expedições científicas perturbam o local.

      Foto de Emory Kristof

      1998 a 2012: a ascensão do turismo para ver o Titanic 

      Em 1998, uma empresa britânica chamada Deep Ocean Expeditions começou a vender ingressos por cerca de R$177 mil (em torno de 32 mil dólares) para ver o Titanic em um submersível

      A RMS Titanic entrou com uma ação judicial para impedi-los, alegando que seus direitos exclusivos de resgate impediam outra empresa de realizar esses passeios. O tribunal decidiu a favor da RMS Titanic, mas um tribunal de apelação anulou a decisão em 1999, permitindo que a Deep Ocean realizasse os passeios.

      Outros também fizeram visitas turísticas aos destroços. Em 2001, um casal americano se casou em um navio de pesquisa russo enquanto ele pairava perto do convés subaquático do Titanic. Em 2002, a empresa americana Bluefish começou a oferecer a turistas mergulhos em águas profundas nos destroços

      A Deep Oceans ofereceu sua última excursão em 2012, ano que marcou o 100º aniversário do desastre, em meio a apelos de conservacionistas para que o turismo do Titanic fosse interrompido.

      “Não tenho nenhum problema com as pessoas que vão ao Titanic — tenho problema com as pessoas que destroem o Titanic”, disse Ballard à National Geographic em uma entrevista de 2012 sobre o fenômeno. “Temos provas irrefutáveis de todos os tipos de danos. Possuímos um mosaico de fotos do navio antes da chegada dos submarinos[hoje] podemos mostrar onde eles pousaram no navio. Podemos mostrar onde eles derrubaram o cesto da gávea”, disse ele, referindo-se a parte do navio 

      (Leia também: Como foi o naufrágio e a redescoberta do Titanic)

      2010: feito um mapeamento arqueológico detalhado dos destroços

      Em 2010, um grupo de parceiros governamentais e privados — incluindo a RMS Titanic e o Woods Hole Oceanographic Institute em Massachusetts — decidiu criar um mapa arqueológico detalhado dos destroços para analisar a deterioração que já havia ocorrido e determinar quanto tempo ela poderia durar. 

      Uma combinação de fatores naturais (como micróbios formando comunidades nos destroços) e não naturais (como submersíveis humanos perturbando a carcaça do navio) já havia levado a mudanças visíveis no local.

      “Algumas pessoas acham que a proa entrará em colapso em um ou dois anos”, disse Bill Lange, diretor do Woods Hole Oceanographic Institution, em uma entrevista à National Geographic em 2010, antes do colapso da proa. “Outros, por sua vez, dizem que ela permanecerá lá por centenas de anos.”

      A estrutura metálica de um banco do convés do R.M.S. Titanic jaz entre os destroços no ...

      A estrutura metálica de um banco do convés do R.M.S. Titanic jaz entre os destroços no fundo do oceano nesta imagem tirada em 1991. Desde então, ela foi acompanhada por parte da amurada da proa icônica do navio.

      Foto de Emory Kristof, NatGeo Image Collection

      2012: o Titanic passa a ser protegido pela Unesco

      Quando os destroços do Titanic completaram 100 anos, em abril de 2012, eles passaram a ser protegidos por uma convenção da Unesco. Isso significa que os países que ratificaram a Convenção sobre o Patrimônio Cultural Subaquático de 2001 podem aprovar leis contra a pilhagemvenda ou destruição de artefatos dos destroços do Titanic. Eles também podem fechar seus portos para embarcações que violarem o tratado.

      No entanto, os Estados Unidos, o Reino Unido e o Canadá nunca ratificaram a convenção — e, portanto, as controvérsias continuaram sobre o turismo, o resgate e os direitos de propriedade dos artefatos do Titanic.

      2016: o destino dos artefatos do Titanic em risco

      Já no ano de 2016, a RMS Titanic entrou com pedido de falênciacolocando em risco o destino dos cerca de 5.500 artefatos que havia coletado em oito expedições. Apesar das ofertas de museus para adquirir as peças e disponibilizá-las ao público, a empresa os vendeu a fundos de hedge por 19,5 milhões de dólares em 2018.

      2023: quando o turismo do Titanic se tornou fatal

      Apesar de toda a controvérsia, fazer turismo para “ver” o Titanic no fundo do mar continuou sendo uma atividade lucrativa, ainda que as preocupações sobre como isso estava afetando os destroços estivesse aumentando a cada ano.

      Um trágico fato chamou a atenção para esse problema quando a infame excursão da OceanGate Expeditions, feita em um pequeno submersível, acabou com a explosão do veículo marinho em junho de 2023. O fato matou todas as cinco pessoas a bordo.

      Mas mesmo esse fato não foi suficiente para dissuadir todos do turismo do Titanic: quase um ano depois, um bilionário americano anunciou seus planos de visitar os destroços em seu próprio submersível.   

      (Conteúdo relacionado: Tragédia no fundo do mar: o que podemos aprender com o submarino da expedição ao Titanic?)

      2023: uma réplica digital para ajudar a “salvar” o Titanic

      No mesmo ano da explosão do submersível, cientistas revelaram uma nova réplica digital dos destroços do Titanicdocumentando o local com detalhes incríveis. Embora o navio já estivesse bastante deteriorado desde sua descoberta em 1985, essa réplica digital já ajudou a preservar algo que os destroços reais perderam: a tão famosa grade da proa.

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