Terremoto em Portugal traz de volta a história do catastrófico tremor de terra que atingiu Lisboa em 1755
O recente terremoto em Portugal, de magnitude de 5,3 na Escala Richter, atingiu Lisboa e trouxe de volta à memória um evento sísmico que destruiu boa parte da cidade no passado.
Em 1755, um grande terremoto destruiu boa parte da cidade de Lisboa. Ele teve seu epicentro no Oceano Atlântico e foi tão intenso (acredita-se que alcançou 8,2 pontos na Escala Richter) que desencadeou também um maremoto, o qual atingiu a capital portuguesa. Estima-se que este foi um dos maiores terremotos da Europa que se tem conhecimento.
A cidade de Lisboa foi acordada, na segunda-feira, 26 de agosto, por um terremoto de magnitude de 5,3 na Escala Richter, o qual chacoalhou parte de Portugal – em especial a península de Setúbal, ao sul da capital portuguesa. Os dados são do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o qual informa também que o local de origem do terremoto foi no Oceano Atlântico, próximo à cidade litorânea de Sines, na região do Alentejo.
Apesar de os registros de terremotos não serem recorrentes nesta parte da Europa, o sismo levantou alertas e trouxe de volta uma dura memória. Isso porque Lisboa tem em seu passado uma trágica história relacionada a tremores de terra, tendo sido atingida por um evento como esse no século 18 que praticamente destruiu a cidade.
Trata-se do terremoto de Lisboa de 1755, que desencadeou um tsunami e matou cerca de 60 mil pessoas no total, segundo explica a Encyclopedia Britannica (plataforma online de conhecimento baseada no Reino Unido). "O número total de mortos inclui aqueles que morreram afogados e em incêndios que queimaram Lisboa por cerca de seis dias após o choque", detalha a plataforma.
A catástrofe foi tanta que serviu como impulsionador para os estudos da sismologia e estruturas resistentes a terremotos, como se conhece hoje.
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O registro do Serviço Geológico dos Estados Unidos (da sigla USGS) mostra onde foi o epicentro do terremoto ocorrido em 26 de agosto e que afetou Lisboa e parte da região ao sul da capital portuguesa.
Como foi o trágico terremoto de Lisboa em 1755?
Em 1º de novembro de 1755, uma série de tremores de terra de surpreenderam a população de Lisboa em um espaço de tempo de sete minutos, como detalha o artigo "O Mal Sobre a Terra", publicado pela revista científica da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), instituição brasileira governamental de pesquisa acadêmica do governo do estado de São Paulo.
"Foram dois ou três abalos precedidos de um forte estrondo", detalha o documento. "Por ser dia santo, boa parte da população estava nas igrejas ou em casa. Em ambos os lugares as velas acesas e os fogões funcionando levaram a um incêndio de grandes proporções imediatamente após o tremor, quando caíram casas, palácios, igrejas e prédios públicos", completa a fonte. "As igrejas, incapazes de suportar o abalo sísmico, desabaram, matando ou ferindo milhares de fiéis", detalha a Britannica.
O artigo da Fapesp conta ainda que ao terremoto se somou um maremoto no Oceano Atlântico, o qual chegou ao Rio Tejo e atingiu a parte baixa de Lisboa, margeada pelo curso de água. Parte da população que havia sobrevivido à queda de estruturas causada pelo sismo e fugia dos incêndios acabou atingida pelas ondas de "seis a nove metros, que destruiu o porto local".
A foto de Lisboa no século 19 mostra um pouco da cidade, que foi reconstruída em diversas partes depois do terremoto de 1755. Desde então, as estruturas dos edifícios lisboetas passaram a considerar a possibilidade de grandes tremores de terras e medidas como construir prédios mais baixos em estatura foram tomadas à época. Na imagem, o Elevador de Santa Justa, que tem estilo arquitetônico gótico.
Quantas pessoas morreram no terremoto de 1755 em Lisboa?
Alguns dados estimam que de 20 a 30 mil pessoas morreram imediatamente em decorrência do desastre. "A população lisboeta daquele tempo era algo em torno de 200 mil moradores", completa o artigo. Acredita-se que o epicentro desse terremoto tenha sido no mar, alcançando entre 8,5 e 9 graus na Escala Richter (a pontuação mais alta da medição de sismos), diz o documento da Fapesp.
O trágico terremoto de Lisboa de 1755, no entanto, fez com que os estudos antissísmicos se desenvolvessem, iniciando as pesquisas do que se considera a sismologia moderna. Para a reconstrução da capital portuguesa foi usada engenharia antiterremotos em iniciativas comandadas por aquele que viria a ser conhecido como Marquês de Pombal, à mando do então rei da época, Dom José 1º, finaliza a fonte histórica.
Entre as novas técnicas estavam construir ruas mais largas e prédios mais baixos, bem como usar a chamada "técnica de gaiola" nas construções reerguidas. Ela coloca travas e vigas de madeira em diagonal, revestidas por muros de alvenaria, para evitar o desmoronamento total das estruturas sobre as pessoas, finaliza a Fapesp.