Por que no Brasil não tem grandes terremotos?
Foto de São Paulo feita do telhado do Edificio Copan, no centro da capital paulista.
Sempre que algum país é atingido por um terremoto de intensa magnitude surge a dúvida sobre se esse tipo de evento da natureza poderia ocorrer no Brasil. Como é o caso agora do terremoto que ocorreu dia 30 de julho de 2025 na Península de Kamchatka, na Rússia, a uma profundidade de 19 Km, atingiu 8.8 de magnitude – o mais forte dos últimos 14 anos.
A pergunta pode ser instigada pelo fato do Brasil estar, geograficamente, localizado muito próximo de uma nação como o Chile, por exemplo, um território que constantemente enfrenta tremores de terra.
Foi no país andino, inclusive, que se registrou o maior terremoto do mundo, ocorrido em 1960 e de magnitude 9.5, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
No entanto, o que explica um país tão próximo, na América do Sul, sofrer com terremotos e o Brasil não?
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A explicação para o Brasil não ter grandes terremotos
Primeiramente, é necessário saber que existem, sim, tremores de terra no Brasil. “O Nordeste é a região mais vulnerável. Em estados como o Ceará e Rio Grande do Norte já ocorreram diversos tremores com magnitude 5 causando danos e até desabamentos em casas fracas”, afirma Marcelo Assumpção, professor da Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Geofísica pela Universidade de Edimburgo, na Escócia.
No entanto, nem todo abalo sísmico é perceptível pela população ou destrutivo como os que atingiram Turquia, Síria e Marrocos, em setembro de 2023 e agora em 2025, o fortíssimo tremor na Rússia, que causou inclusive alertas de possíveis tsunami em diversos lugares, como no Japão, Havaí e costa Oeste dos Estados Unidos e litoral do Peru e Chile.
Uma consulta ao site do Centro de Sismologia da USP, que monitora a atividade sísmica do país, mostra que o Brasil teve tremores poucos dias antes do feriado da Independência em 2023. Em 4 de setembro de 2023, a cidade de Uaua, na Bahia, registrou abalos sísmicos de magnitude 2.2 e 2.3 no começo da manhã.
Já o risco de grandes tremores de terra, no entanto, é extremamente baixo. A explicação para isso está na localização do território brasileiro em relação às bordas das placas tectônicas. Isso porque terremotos são resultado do deslizamento e atrito entre essas placas.
“Os terremotos mais fortes ocorrem nas bordas das placas tectônicas. O Chile está ao longo do limite entre a placa oceânica de Nazca (parte do fundo oceânico do Pacífico) e a placa da América do Sul. Já o Brasil está no meio da placa Sul-Americana, longe das suas bordas”, explica Assumpção.
A título de comparação, “no Brasil, ocorre um terremoto de magnitude 5 a cada cinco anos. No Chile, a cada semana”, acrescenta o pesquisador.
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Qual o maior terremoto já registrado no Brasil
Em 27 de janeiro de 1955, ocorreu o maior sismo já registrado até então no Brasil, na região da Serra do Tombador, no norte do Mato Grosso, informa o site da USP. O terremoto teve magnitude de 6.2.
“O tremor chegou a acordar várias pessoas em Cuiabá, a 370 km de distância. Na época, a região epicentral era desabitada. Hoje, causaria muitos danos em cidades como Porto dos Gaúchos, por exemplo”, diz Assumpção.
Justamente pela baixa densidade populacional da região na época, o evento não gerou uma grande tragédia, ao contrário do que acontece quando terremotos atingem centros urbanos e locais extremamente habitados.
