Vulcões foram determinantes para a extinção dos dinossauros, diz novo estudo

Diversas espécies foram extintas antes do impacto, há 66 milhões de anos, fornecendo mais evidências de que os vulcões foram os verdadeiros culpados pela morte em massa.

Por Shannon Hall
Publicado 9 de fev. de 2018, 13:41 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Durante o período Cretáceo, atividade vulcânica encobriu o que é hoje os Gates Ocidentais, na Índia.
Foto de Frans Lanting, National Geographic Creative

O que matou os dinossauros? Poucas questões na ciência permaneceram tanto tempo envoltas em tanto mistério – e controvérsias. Hoje, os livros didáticos e professores ensinam que os dinossauros não-aviários, juntamente com três quartos de todas as espécies da Terra, desapareceram quando um enorme asteroide atingiu o planeta perto da Península de Iucatã, no México, há cerca de 66 milhões de anos.

No entanto, um novo estudo publicado no periódico Geology mostra que uma intensa atividade vulcânica na Índia dizimou várias espécies antes que esse impacto ocorresse.

O resultado fornece mais argumentos de que erupções, combinadas com o asteroide, causaram uma extinção em dois tempos. A atividade vulcânica desferiu o primeiro golpe, enfraquecendo tanto o clima que um meteoro – o golpe mais impactante – foi capaz de causar um desastre para o tiranossauro rex e seus parentes do fim do cretáceo.

Considerando que a maioria das evidências geológicas sobre a extinção em massa foi obtida no continente norte-americano, Laiming Zhang, da Universidade de Geociências da China, em Pequim, e seus colegas, voltaram suas atenções para o norte da China. Eles argumentam que a região está longe o suficiente da cratera causada pelo impacto no México e dos antigos fluxos de lava conhecidos como Armadilhas de Deccan, na Índia, que é a localização ideal para testar sinais climáticos de grande alcance relacionados a ambos os eventos.

A equipe analisou sedimentos antigos no fundo da bacia de um lago e descobriu que a temperatura do lago começou a aumentar centenas de milhares de anos antes do impacto. Esse aquecimento coincide com erupções nas Armadilhas de Deccan, na Índia, que provavelmente jogou imensas quantidades de dióxido de carbono na atmosfera muito antes do impacto. (Pesquisas recentes também sugerem que o asteróide que matou os dinossauros atingiu o único ponto da Terra onde ele seria capaz de causar a extinção em massa).

Apesar de dados anteriores mostrarem mudanças de temperatura antes do impacto em todo o mundo, a equipe também fez uma descoberta alarmante. Zhang e seus colegas descobriram que muitos fósseis dentro dos sedimentos desapareceram no momento desse aquecimento. Dois terços das extinções na região realmente ocorreram após o início da atividade vulcânica e antes do impacto.

Assim, o estudo prova que os vulcões desestabilizaram o clima, preparando o mundo para a catástrofe, diz o coautor Paul Wignall, paleontólogo da Universidade de Leeds.

"Nosso estudo fez com que o pêndulo fosse um pouco mais para o lado da atividade vulcânica", diz ele.

Catástrofe climática

“O clima mais quente certamente ajudou a enviar os dinossauros não-aviários para o túmulo prematuramente”, diz Paul Renne, especialista em geocronologia da Universidade de Berkeley, que não estava envolvido no estudo. Isso ocorreu porque o aumento da temperatura foi imediatamente seguido por um resfriamento – uma mudança drástica que provavelmente preparou o cenário para um desastre planetário.

“Imagine que alguma forma de vida tenha sido capaz de se adaptar às condições mais quentes, aproximando-se dos polos”, diz Renne. "Caso ocorra um grande evento de resfriamento, é mais difícil de se adaptar, especialmente se for muito rápido.”

Nesse cenário, a atividade vulcânica provavelmente instaurou o caos no planeta, gerando muitas extinções e aumentando as temperaturas de forma tão drástica que a maioria das espécies remanescentes da Terra não foi capaz de proteger-se do segundo golpe, quando o asteroide atingiu o planeta.

"Os dinossauros foram extremamente azarados", diz Wignall.

Porém, será difícil convencer Sean Gulick, geofísico da Universidade do Texas, em Austin, que liderou um estudo recente que perfurou o coração da cratera no México. Ele aponta para vários estudos que sugeriram que grande parte dos ecossistemas permaneceu intacto até o momento do impacto.

Apesar de admitir que a nova pesquisa sugira que houve um caos ecológico que coincidiu com a atividade vulcânica na Armadilhas de Deccan, ele gostaria de ver evidências dessa tendência em outros locais além da China.

"Não há nada naquela bacia capaz de provar a ocorrência de um fenômeno global", diz ele.

“Além disso, um estudo futuro pode dar mais corpo a tese de que o impacto por si só causou a extinção em massa”, diz Jay Melosh, geofísico da Universidade de Purdue, que trabalhou nas primeiras fases do projeto de perfuração. Parece que o debate continuará com tanta energia quanto os eventos que abalaram nosso mundo há 66 milhões de anos.

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