Dia Mundial do Orangotango: saiba tudo sobre a inteligência deste primata
Os orangotangos são grandes primatas do Sudeste Asiático que possuem uma inteligência única que fazem deles animais com um comportamento diferente e impressionante.
Os machos adultos dos orangotangos emitem um tipo de chamado longo e direcionam o som do chamado para quem quer se comunicar, usando o chamado para adiantar seus movimentos, avisar outros indivíduos e até marcar seu território.
Grandes e imponentes, os orangotangos (gênero Pongo) fazem parte do grupo dos Grandes Primatas – em que estão também os gorilas, os bonobo, os chimpanzés e também os seres humanos, como explica o Museu de História Natural Smithsonian (instituição educacional e de pesquisa administrada pelo governo dos Estados Unidos).
Todos os anos, é celebrado em 19 de agosto o Dia Mundial do Orangotango – uma data dedicada à conservação e cuidado desses animais que são nativos do Sudeste Asíatico, encontrados somente nas ilhas de Bornéu e de Sumatra.
Há três espécies de orangotangos na natureza: o orangotango de Bornéu (Pongo pygmaeus), que habita a ilha de Bornéu; o orangotango de Sumatra (Pongo abelii) e o orangotango de Tapanuli (Pongo tapanuliensis), ambos encontrados ao norte da ilha de Sumatra, como detalha a ADW (Animal Diversity Web), enciclopédia online mantida pelo Museu de Zoologia da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Medindo cerca de 1,3 metro de altura e pesando aproximadamente 130 quilos (os machos), os orangotangos impressionam não somente por seu tamanho, mas especialmente por apresentarem um comportamento peculiar de grande inteligência, sendo primatas capazes de criar e usar ferramentas; ter boa percepção de espaço, tempo e temperatura, além de inteligência emocional e de comunicação entre eles, como conta a ADW.
Conheça algumas características que fazem dos orangotangos um dos primatas mais inteligentes da natureza.
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As espécies de orangotangos, que são nativas das ilhas de Bornéu e Sumatra (no Leste Asiático), demonstram sua inteligência usando ferramentas, entre outras coisas. Esse é um comportamento aprendido desde a infância passado quase sempre de mãe para filho.
Orangotangos criam e usam ferramentas
O uso de ferramentas definem os orangotangos e demonstram o seu grau de inteligência. Há estudos, segundo a ADW, que mostram as diferenças comportamentais entre as espécies regionais de orangotangos, das ilhas de Bornéu e Sumatra. Todos usam ferramentas, mas em graus de dificuldade diferentes, sendo que os filhotes aprendem seus comportamentos com a mãe, inclusive o uso de ferramentas.
Os orangotangos de Sumatra fabricam e usam ferramentas. Algo comum que fazem, é desfolhar gravetos para extrair insetos ou mel dos buracos das árvores e para tirar sementes de frutas de casca dura, como explica a Encyclopædia Britannica (plataforma de conhecimento do Reino Unido).
O mundo inteiro se impressionou com um ato de um orangotango da ilha de Sumatra (Pongo abelii) em maio de 2024, após a divulgação de um artigo publicado na revista científica Nature sobre Rakus, um orangotango macho da região que aprendeu a fabricar uma pasta medicinal de plantas para tratar um machucado em seu rosto.
Como relatado no artigo da Nature, Rakus três dias após o ferimento, arrancou seletivamente as folhas de uma trepadeira com o nome comum Akar Kuning (Fibraurea tinctoria), mastigou-as e, em seguida, aplicou repetidamente o suco resultante no ferimento facial.
Orangotangos constroem telhados para se proteger
Outra demonstração do uso da inteligência dos orangotangos é o fato de muitos construiram telhados nos locais ondem vivem (quase sempre em árvores) com folhas para se protegerem do sol e da chuva Esse comporntamento foram observados em algumas das populações de Bornéu e Sumatra, mas não em todas, segundo relata a ADW.
Uma jovem orangotango de Bornéu se balança nos cipós no Parque Nacional Gunung Palung, na ilha de Bornéu, na Indonésia.
Os orangotangos são comunicativos e sociáveis
A comunicação entre os membros do gênero Pongo talvez seja uma das características mais complexas e diversas desses primatas. A forma mais famosa de comunicação dos orangotangos é o "chamado longo", realizado apenas por machos adultos com flanges (um tipo bochecha característica). Esse chamados são ouvidos a mais de 1 Km de distância e por mais de um minuto e provocam respostas comportamentais de todas as idades e sexos, mas os machos adultos são os que mais respondem.
Para emitir uma série de "rugidos" longos, suas bochechas afunilam o som em uma direção específica, e às vezes ele fazem esses chamados na direção em que estão viajando para avisar a outros machos que estão indo para esses locais com até um dia de antecedência. Alguns machos usam seus chamados longos para atrair as fêmeas, e foi observado que as orangotangos fêmeas de Bornéu conseguem reconhecer os chamados de cada macho.
Quanto a sociabilidade, os orangotangos de Bornéu são geralmente mais sociais. Quando em cativeiro, eles aprendem alguns comportamentos de orangotangos e até de humanos que obviamente não são de sua espécie ou de sua mãe direta. Sabe-se que eles fazem pinturas em cativeiro, bem como aprendem a linguagem de sinais.
Alguns exemplares de orangotangos em reabilitação no Parque Nacional Tanjung, em em Bornéu, na Indonésia, foram vistos imitando comportamentos humanos, como lavar roupas, escovar os dentes e martelar pregos, conforme relatado pela ADW.
Orangotangos podem ter consciência de tempo e espaço
Conforme um artigo publicado na Smithsonian Magazine (revista virtual do Museu Smithsonian), alguns pesquisadores há muito tempo acreditam que os orangotangos também podem tem consciência de tempo e espaço.
Uma equipe de estudiosos publicou em 2018 na revista Science Advances, um artigo que se baseou em sete mães orangotangos levadas a pensar que haviam visto predadores em potencial – que na verdade eram os dois cientistas envoltos em lençóis com listras de tigre. Ao longo de 24 exposições simuladas, eles registraram 12 casos em que as mães gritavam avisando para seus bebês dos perigos.
Os autores desse estudo também observaram correlações entre lapsos no tempo de alerta e a distância da mãe de um predador percebido, bem como a idade dos bebês envolvidos. Quanto mais próximo o predador estava, menor era a probabilidade de os orangotangos emitirem qualquer sinal de alerta.