Crocodilo “caipira” encontrado em Minas Gerais caminhava como um cão há mais de 80 milhões de anos

Fóssil pré-histórico datado da parte superior do período Cretáceo é um dos mais bem preservados já achados no Brasil, diz geólogo.

Por Gabriel de Sá
Publicado 17 de set. de 2018, 17:44 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Ilustração do paleoartista Rodolfo Nogueira mostra como era o Caipirasuchus Mineirus: animal não se rastejava como ...
Ilustração do paleoartista Rodolfo Nogueira mostra como era o Caipirasuchus Mineirus: animal não se rastejava como os atuais crocodilos.
Foto de Rodolfo Nogueira, Divulgação

Um crocodilo bem diferente daqueles que estamos acostumados a ver: essencialmente terrestre, pequeno, com cerca de 70cm de comprimento, este animal caminhava suspenso pelas quatro patas como um cão, em vez de rastejar como os répteis modernos. Assim era o Caipirasuchus mineirus, espécie de crocodiliforme que viveu há mais de 80 milhões de anos e cujo esqueleto foi encontrado quase intacto na região de Campina Verde (MG), em 2014. Um estudo detalhado sobre o fóssil foi publicado semana passada na revista científica PeerJ.

“Esse esqueleto talvez seja um dos fósseis mais bem preservados já encontrados no Brasil, mantendo mais de 90% de seu formato original articulado e em posição de vida”, disse à National Geographic, por telefone, o geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), onde o estudo foi conduzido. Ribeiro é coautor do estudo, ao lado de Agustín Martinelli, Thiago Marinho e Fabiano Iori.

O fóssil foi encontrado na fazenda Três Antas, no município de Campina Verde, no Triângulo Mineiro, durante uma escavação em julho de 2014, e um estudo da anatomia do esqueleto revelou que se trata de uma nova espécie. Crocodilos do mesmo gênero (Caipirasuchus – sendo suchus um termo em grego para crocodilo) já haviam sido encontrados no estado de São Paulo: o Caipirasuchus montealtensis, o Caipirasuchus paulistanus e o Caipirasuchus stenognathus.

Esqueleto encontrado na região de Campina Verde (MG) mantém mais de 90% de seu formato original. Animal tinha cerca de 70 centímetros.
Foto de Centro Paleontológico Price, UFTM, Divulgação

Agora, o “caipira” de Minas Gerais, do tipo herbívoro-onívoro, vem contribuir de forma decisiva para ampliar o conhecimento científico sobre este gênero de crocodiliformes. Segundo o estudo, o Caipirasuchus mineirus se diferencia dos outros fósseis sobretudo em relação à configuração de alguns ossos cranianos e da cauda mais curta. Além disso, no esqueleto está presente a bacia (pélvis), a única conhecida até o momento para todos os integrantes deste grupo. O fóssil encontrado em Minas possui osteodermos (placas ósseas que revestiam o dorso do animal formando uma couraça) mais reduzidos, restritos à região posterior do tórax até o final da cauda, contudo ausentes na porção do pescoço.

Ribeiro observa que as formações rochosas em que o fóssil foi encontrado datam da parte superior do período Cretáceo. Logo, o “caipira mineiro” provavelmente viveu entre 80 e 85 milhões de anos atrás. O geólogo conta, ainda, que a região mineira é muito rica em termos de preservação de fósseis e que a equipe da Universidade Federal do Triângulo Mineiro deve apresentar estudos sobre novos achados em breve.

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