Carnaval: qual a origem dos blocos de rua?
Os blocos que arrastam milhares de pessoas todos os anos no carnaval brasileiro nasceram no século 17 e tem relação íntima com manifestações culturais dos negros escravizados.
Os blocos de rua são uma das manifestações mais expressivas do carnaval brasileiro.
Todos os anos, centenas de blocos de carnaval desfilam pelas ruas brasileiras arrastando milhares de pessoas ao som de samba, frevo, funk, maracatu, axé e mais uma infinidade de ritmos carnavalescos. Só em São Paulo, cerca de 350 blocos desfilam no carnaval, segundo a prefeitura da cidade.
Os blocos de rua são uma das manifestações mais expressivas do carnaval brasileiro, e sua origem pode ser relacionada às festas católicas europeias que ocorriam nos dias anteriores à Quaresma.
Segundo o artigo "A Origem do Carnaval", disponível na biblioteca do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), os blocos de rua surgiram dos “entrudos” portugueses.
Os entrudos chegaram ao Brasil por volta do século 17 e se tratavam de comemorações populares nas quais as pessoas brincavam jogando água, ovos, farinha, frutas podres e restos de comida umas nas outras. A brincadeira na rua, no entanto, era principalmente feita por pessoas negras escravizadas, enquanto as famílias brancas se divertiam em suas casas derramando baldes de água suja em passantes desavisados.
A partir do século 19, segundo o artigo, a prática do entrudo passou a ser criminalizada, em uma tentativa de reprimir manifestações dos negros, principalmente na cidade do Rio de Janeiro. Sem a festa de rua, a elite (branca) do então império brasileiro começou a se organizar, criando bailes de carnaval em clubes e teatros.
Mas as camadas populares não desistiram de suas práticas carnavalescas. O artigo explica que, no final do século 19, a fim de se adaptarem às tentativas de disciplinamento policial, foram criados os cordões e os ranchos. Estes eram blocos de pessoas que saíam às ruas seguindo carros decorados de forma parecida às procissões religiosas, mas que incluíam expressões da cultura popular, como jogar capoeira e tocar tambor.
Esses cordões e ranchos evoluíram ao longo dos anos, agregando cada vez mais tons da cultura brasileira, como as marchinhas de carnaval e o samba, que passaram a integrar as festividades no século 20, segundo o artigo da UFRB.
De carnaval em carnaval, essas festas de rua continuaram a crescer, e grupos foram surgindo, formando os blocos propriamente ditos. No Rio de Janeiro, um dos primeiros blocos foi o Cordão do Bola Preta, fundado em 1918. Em 2023, a agremiação fará seu 103º desfile pelas ruas cariocas.
