Quais são as bebidas mais populares feitas com erva-mate?

Devido à sua importância cultural em muitos países da América do Sul, um dos produtos feitos a partir da erva-mate tornou-se Patrimônio Cultural da Humanidade.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 17 de out. de 2023, 12:00 BRT

Bagualeros ou vaqueiros que capturam gado selvagem, comem churrasco e bebem mate na Patagônia chilena. Apreciada por suas qualidades medicinais, a erva-mate está ligada à história da América do Sul e à herança de seus povos originários.

Foto de Tomás Munita Nat Geo Image Collection

erva-mate (Ilex Paraguariensis) é uma árvore que, na natureza, pode atingir uma altura de 12 a 16 metros e é cultivada na zona subtropical da América do Sul, como informa um artigo publicado pelo governo da Argentina. O país está entre os que mais consome a erva, bem como seus vizinhos da região – Uruguai, Paraguai, Chile e também Brasil.

Para serem consumidas, as folhas da erva-mate são cortadas à mão, postas para secar, acabam moídas e, na sequência, envelhecidas em um ambiente controlado por 9 a 24 meses. Este processo foi descrito no artigo da National Geographic Estados Unidos, intitulado “What is yerba mate-and is this caffeinated drink really good for you?!” (“O que é erva-mate – e essa bebida com cafeína é realmente boa para você?!”), em tradução livre, publicado em 2023.

Qual é a origem da erva-mate?

A história da erva-mate tem origem no povo indígena guarani, que usava as folhas da árvore como bebida, objeto de adoração e moeda. De acordo com o artigo da National Geographic norte-americana, os guaranis foram os primeiros a consumir a planta e consideravam a bebida um presente dos deuses.

Durante o período de dominação da Espanha em boa parte do território da América do Sul, os espanhóis notaram que esse grupo de indígenas apresentava maior resistência física após a ingestão desse líquido considerado “sagrado” pelos nativos. 

Mais tarde, os padres da ordem jesuíta introduziram o uso da erva em suas missões religiosas pela região e contribuíram para sua difusão e comercialização de tal forma que a infusão ficou conhecida como “chá dos jesuítas”.

Quais são as bebidas mais comuns feitas à base de erva-mate?

Como explica Lucas Brun, pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) da Argentina, em um artigo na revista da entidade, a erva-mate é consumida principalmente como cevada em uma bebida chamada mate, ou na forma de “tereré” (outra bebida feita com a erva e de nome indígena), e ainda como mate fervido.

No primeiro caso, a erva é colocada em um mate (recipiente feito de madeira, plástico ou outro material – que no Brasil também é conhecido como “cuia”), acrescenta-se água quente e bebe-se por meio de uma bomba (espécie de canudo de metal com um bojo na ponta que possui pequenos furinhos que filtram a erva), explica o especialista. É o famoso chimarrão, tão presente nos estados do sul, em especial no Rio Grande do Sul. 

Já a outra bebida feita com erva-mate é o “tereré” (palavra de origem guarani que se refere ao ruído de quando o mate está terminando). Ele é tradicionalmente preparado com água fria com pohã ñana, uma outra erva já previamente triturada.

O tereré é servido em um recipiente que contém a erva e é absorvido com uma bomba de metal ou de junco, explica a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A bebida é mais consumida no Paraguai e no estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil. 

Finalmente, no mate fervido, a erva-mate vem em um saquinho em forma de pó (semelhante ao chá), explica Brun. Ela é consumida assim, quente ou fria, após infusão em água.

Qual é a importância da erva-mate para a América do Sul?

A relevância desse produto para a região é tão grande que alguns países e organizações internacionais, como a Unesco, o destacam tanto por seu valor social e cultural, quanto pelo lado econômico.

Esse é o caso da Argentina, que declarou o mate como a infusão nacional. Segundo o governo argentino, o país consome uma média de 6,4 quilos de erva-mate por habitante por ano, e o produto está presente em mais de 90% dos lares. 

O tereré, por sua vez, está inscrito na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. De acordo com a Unesco, essa bebida ancestral é particularmente importante para o povo paraguaio.

De acordo com a organização, essa prática cultural (de beber tereré) promove a coesão social porque o contexto espacial e temporal do consumo incentiva a inclusão, a amizade, o diálogo, o respeito e a solidariedade.

O chimarrão, como o mate é conhecido no Brasil, é considerado uma força motriz na economia da região sul graças à exploração e ao comércio da erva-mate, como informa um documento divulgado pelo governo do estado do Rio Grande do Sul.

Por mais de 100 anos (especialmente no século 18), a erva-mate foi o pilar da economia da região. Além disso, é a bebida oficial do Rio Grande do Sul.

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