Como e quando foram disputados os primeiros torneios oficiais de futebol feminino
O futebol feminino está passando por um processo de profissionalização que avança de forma constante. De acordo com dados da FIFA, a participação de mulheres e meninas no futebol federado chegará a 16,6 milhões em 2023. As jogadoras canadenses retratadas aqui usam suas medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos (2016).
Em 1895, a cidade de Londres, na Inglaterra, assistiu à primeira partida de futebol feminino, como informa a Fédération Internationale de Football Association (FIFA). A primeira Copa do Mundo, no entanto, viria muito, muito mais tarde.
Essa partida inaugural foi organizada pelo British Ladies Football Club (BLFC), colocando dois times locais um contra o outro, e mais de 10 mil pessoas assistiram ao evento na época, que teve também a cobertura de um grande número de jornalistas.
O início do futebol feminino na América Latina e no mundo
Como aponta um artigo da National Geographic Latino-americana, a presença feminina em diversas áreas da sociedade antes dominada por homens ganhou fôlego no pós-guerra. O esporte estava entre elas, e foi assim que as mulheres passaram a se dedicar, em maior número, ao futebol.
Na América Latina, por exemplo, as primeiras partidas de futebol feminino já datam da década de 1910. Tal como aconteceu com a partida inaugural inglesa, o jogo também recebeu atenção do público. É o que adianta um documento da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), de 2023, intitulado “Manual do Futebol Feminino”.
Na Argentina, por exemplo, a primeira partida disputada por mulheres ocorreu em 1923 e foi assistida por mais de 6 mil pessoas.
(Talvez você se interesse por: Mulheres na ciência: conheça 8 cientistas que fizeram história)
O futebol feminino foi proibido por 50 anos
Embora as primeiras partidas organizadas pelo BLFC tenham sido assistidas por muitas pessoas, o apoio não foi permanente, pois a Associação Britânica de Futebol proibiu o futebol de ser praticado por mulheres durante 50 anos, a partir de 1921. A informação é do The National Archives, um departamento não ministerial e o arquivo e editora oficiais do governo do Reino Unido.
O acesso das mulheres ao esporte também se tornou restrito na América Latina , admite a Conmebol no documento de 2023.
A primeira Copa do Mundo Feminina da FIFA foi realizada em 1991, na China. Na foto, uma partida entre Canadá e Brasil, na qual as canadenses venceram por 2x1 e conquistaram a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do ano de 2016.
Segundo o texto, a proibição ocorreu em lugares como o Brasil, por exemplo, entre 1941 e 1979, quando uma legislação proibia as mulheres de jogar futebol sob o pretexto de proteger sua “integridade procriativa”, diz a fonte esportiva.
As restrições só começaram a ser relaxadas na região na década de 1970,continua a confederação.
Quando foi disputada a primeira Copa do Mundo feminina?
Um marco importante para essa mudança de status sobre a presença de mulheres no futebol remonta a uma competição internacional de futebol feminino na Itália, em 1970. Na época, um grupo de mexicanas participou do evento e, um ano depois, em 1971, o Estádio Azteca, no México, tornou-se o novo local para esse confronto esportivo. A partida, que terminou com uma vitória por 3x0, fez da seleção feminina da Dinamarca a campeã e as mexicanas ficaram em vice.
Quase duas décadas depois, em 1988, a FIFA organizou o Torneio Internacional de Futebol Feminino na China. No mesmo ano, a FIFA aprovou a realização da primeira Copa do Mundo Feminina da FIFA, que ocorreria em 1991, também em território chinês. Na estreia da Copa jogada por mulheres, a equipe vencedora foi a dos Estados Unidos, que derrotou a Noruega por 2 a 1.
Após esse marco esportivo, gradualmente as mulheres começaram a desempenhar um papel de destaque no esporte a nível internacional, ganhando apoio popular. Estima-se que em 1996, por exemplo, cerca de 80 mil torcedores assistiram ao time de futebol feminino norte-americano ganhar a medalha de ouro durante as Olimpíadas de Atlanta.
Outros destaques do futebol feminino regional incluem a inclusão do esporte nos Jogos Pan-Americanos em 1999 e a primeira Copa Libertadores da América Feminina (um torneio realizado na América do Sul) em 2009, que terminou com a vitória do time brasileiro (e feminino) do Santos.
A CONCACAF W Gold Cup é mais um passo para as equipes de futebol feminino. A primeira edição do torneio será disputada em 2024, entre 17 de fevereiro e 10 de março, e é outra oportunidade para as mulheres e meninas da região, diz a Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf).
Um futuro brilhante para as jogadoras de futebol do mundo
A jogadora de futebol Marta (Marta Vieira da Silva), seis vezes eleita Jogadora do Ano da Copa do Mundo Feminina da FIFA, é a primeira mulher a entrar para o Hall da Fama no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, Brasil.
Cada vez mais mulheres estão calçando chuteiras e entrando em campo para desfrutar do esporte e mostrar seu talento. "Hoje, o futebol feminino é mais relevante do que nunca e está evoluindo em todo o mundo, seja em termos do número de mulheres e meninas que praticam o esporte, do nível de profissionalização ou da receita comercial gerada", reconhece a FIFA.
De acordo com seu relatório ·Women's Football: A Survey of Member Federations 2023·, 16,6 milhões de meninas e mulheres estão envolvidas em futebol federado, um aumento de 25% em relação a 2019.
Sua participação em torneios também aumentou. A Copa do Mundo Feminina de 2019 contou com 24 equipes. Em 2023, 32 equipes participaram do evento.
Nos últimos anos, a presença de mulheres no esporte cresceu consideravelmente em países com tradição no futebol. É o caso do México, que viu um crescimento espetacular no número de mulheres e meninas que participam do futebol federado: saltou de 50 mil em 2019 para 1 milhão e 500 mil em 2023 (um aumento de 2.900%).
"As mulheres estavam em campo desde o início, jogavam em condições irregulares com talento, sacrifício e senso de justiça. Elas não só mudaram a cara do futebol mundial e regional, como também fazem parte da construção de uma sociedade mais justa, plural e inclusiva", conclui a CONMEBOL.