Festas de fim de ano: dicas para aproveitar as celebrações de forma mais sustentável

Especialistas fazem recomendações de como evitar desperdícios.

Um boneco de neve de tumbleweed, construído pela Autoridade Metropolitana de Controle de Inundações de Albuquerque Arroyo do Novo México, sobe ao longo da Interestadual 40. Albuquerque, Novo México.

Foto de Diane Cook LEN JENSHEL
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 19 de dez. de 2022, 15:29 BRT

As festas de fim de ano são um momento de celebração com família e com amigos, mas também podem significar um consumo  exagerado por causa das decorações típicas, dos presentes e até da comida ocasionalmente feita em excesso para a virada. 

Mas será que é possível desfrutar desta época de forma um pouco mais sustentável? Para responder a esta pergunta, National Geographic falou com especialistas que recomendam como celebrar levando em conta uma preocupação maior com o meio ambiente – sem perder a magia que a ocasião pede.

Existe árvore de Natal sustentável? 

O Natal é frequentemente acompanhado de luzes, decorações e, é claro, de uma árvore (em geral, um pinheiro) onde são dispostos os presentes. A escolha desta “peça decorativa” pode ser complexa se a ideia é prezar pela sustentabilidade, como adverte a mexicana Elisa Garza García, agricultora urbana e criadora do blog Elisa Hortaliza, focado no cuidado caseiro com plantas.

Elisa adianta que "não há resposta correta" sobre qual seria o pinheiro de Natal ideal, já que todas as opções geram um impacto ambiental. No caso do pinheiro feito de plástico, bastante comum em lares brasileiros, ainda que dure alguns anos, ele costuma ser descartado sem os cuidados necessários quando sua vida útil termina. 

A árvore artificial se transforma em microplástico, ou seja, ele se decompõe em pequenas partículas que permanecem na terra, contaminam e afetam a saúde humana.

Quem que já tem um pinheiro plástico em casa deveriam reutilizá-lo ou adotar uma postura circular e trocá-lo com outras pessoas para continuar dando utilidade, sugere Dafna Nudelman, ativista ambiental argentina, especialista em economia circular e consumo responsável, além de ser criador do blog "La loca del taper" ("A louca das vasilhas", em tradução livre para o português).

Outra opção para a questão das árvores de Natal são aquelas feitas com plástico compostável. Embora, neste caso, explica a agricultora mexicana, seja necessário investigar as certificações que garantem que o objeto adquirido é verdadeiramente compostável e encontrar um lugar adequado onde ele deve ser descartado.

No caso das árvores naturais, "não há nada de ecológico nisso porque você está cortando uma árvore e jogando-a fora alguns dias depois", explica Dafna Nudelman. Além disso, acrescenta Elisa Garza García, “estes pinheiros são plantados e cultivados com pesticidas".

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As árvores possuem milhares de anos e demoram para amadurecer até o estado de reprodução.

Diante deste cenário, "a melhor opção seria não ter uma árvore de Natal ou plantar uma do lado de fora de casa", ela recomenda. Outra boa saída é usar materiais recuperados para criá-los manualmente. "É bom colocar um pouco de criatividade, amor e personalização para tentar evitar o consumo", reflete a argentina.

Além do pinheiro, vários objetos são comumente usados para decorar esta árvore e a casa. O ideal neste caso, diz a agricultora, é não se guiar por tendências ou moda, que levam à compra de diferentes itens a cada ano e geram desperdício. 

(Você também pode estar interessado em: Moda sustentável: uma alternativa à “fast fashion”).

Como celebrar o Natal e o Ano Novo sem desperdiçar alimentos

Compartilhar uma refeição com entes queridos durante as festas é uma tradição para inúmeras  famílias a cada ano. No entanto, este pode ser um momento em que muitos alimentos são desperdiçados. Entretanto, para evitar que isso aconteça, a chave está na organização, diz a criadora do blog Elisa Hortaliza.

Antes de tudo, ela sugere dividir a produção de alimentos entre quem estará presente e fazer cálculos para evitar a produção de alimentos extras. "Cerca de 150 gramas de alimentos por pessoa bastam para fazer as contas e preparar apenas isso”, diz. "Estamos muito imersos no que as pessoas vão dizer se não houver comida suficiente, por exemplo. O planejamento é algo que nos ajuda a todos". 

A ativista ambiental Dafna Nudelman, por sua vez, sugere saladas temperadas no prato de cada um dos convidados, para evitar a cozedura excessiva e o descarte de vegetais. Além disso, sugere que se aproveite ao máximo cada produto: preparar petiscos com peles de batata, por exemplo, ao invés de jogá-las no lixo. 

E se sobrar alguma comida, divida-a entre os convidados para que levem para casa e o alimento não termine estragando na geladeira.

Uma árvore de Natal feita de tumbleweeds, parte seca de certos tipos de plantas ramificadas. Chandler, Arizona.

Foto de Diane Cook LEN JENSHEL

Economia de energia em dezembro: é possível?

No final do ano, guirlandas de luzes são frequentemente usadas para decorar a casa. No entanto, esta e outras decorações com foco em iluminação podem gerar gastos consideráveis,  diz Elisa Garza García. Em vez disso, é possível fazer um uso consciente da energia diariamente. 

Neste sentido, a ativista argentina sugere algumas medidas bem simples. Entre elas, usar ar condicionado (em países onde o clima estará quente) a, no máximo, 24 graus Celsius e somente quando necessário. Já ao cozinhar, recomenda desligar o forno alguns momentos antes de o alimento estar pronto para usar o calor residual no cozimento; outra ideia é não abrir a geladeira constantemente e ter em mente que aparelhos como os secadores de cabelo consomem muita energia. 

Maneiras de evitar o plástico nas festas de fim de ano

A época das festas tem impacto direto na geração de lixo. Para se ter uma ideia, só nas praias do Rio de Janeiro, onde se concentra a mais popular  festa da virada de ano, cerca de 600 toneladas de resíduos são deixadas nas praias da cidade somente na virada do dia 31 de dezembro para 1 de janeiro. O levantamento é feito todos os anos pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), empresa responsável pela limpeza da capital fluminense, e dentro desse número o plástico é material mais do que presente. Justamente por isso, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep) é categórico: "Não podemos nos dar ao luxo de baixar a guarda. Nem mesmo durante as férias”.

Diante deste panorama, as especialistas consultadas concordam que é essencial estar ciente de que a produção de resíduos gerados têm um impacto mesmo depois que esses materiais são descartados. A especialista argentina reforça que Natal e Ano Novo são boas épocas para praticar o consumo circular e no caso do plástico, especificamente, sugere algumas ações como escolher bebidas em embalagens retornáveis ao invés de plásticas e apostar na compostagem de resíduos orgânicos. 

Além disso, o Pnuma oferece mais sugestões para se ter em mente durante as férias, como não usar copos e talheres descartáveis; evitar recipientes plásticos desnecessários ao comprar alimentos e carregar bolsas e embalagens reutilizáveis ao ir ao supermercado.

Dar presentes no Natal ou compartilhar bons momentos? 

"O presente é um gesto, uma demonstração de amor e carinho, portanto, precisamos repensar o que deve ser, de fato, um presente", sugere a ativista Dafna Nudelman. Evitar comprar coisas e investir em algo feito pela própria pessoa que deseja presentear alguém é uma saída. É possível focar, por exemplo, em presentear o outro com uma planta para o jardim, dar algo feito à mão, presentear com uma comida ou um serviço.

"Você também pode escolher um produto que, em si, reflete uma mudança de hábito e ajuda a outra pessoa a usar menos plásticos de utilização única, por exemplo. Ou investir em presentear com  cosméticos naturais, que são menos poluentes, além de escolher empresas de triplo impacto”, acrescenta Nudelman.

Para Elisa Garza García, existem alternativas que, embora ainda signifiquem certo impacto, são opções amigáveis ao meio ambiente. Por exemplo, ele aconselha dar experiências como presentes (como um dia de spa ou um corte de cabelo) e trocar presentes de modo que apenas um deles seja dado por pessoa.

Outra opção é gerar dinâmicas de intercâmbio para agradecer e destacar o que foi compartilhado, seja através de cartas ou oralmente. "Este tipo de coisa que às vezes não dizemos também se torna um presente interessante", diz ela. 

Ao mesmo tempo, a especialista aconselha a não presentear alguém apenas por compromisso, pois a outra pessoa pode, ao  final, não precisar desse novo objeto. "Às vezes, acabamos dando coisas que a outra pessoa nem precisava. Uma carta, por exemplo, poderia fazer com que se sintam mais especiais”, sugere.

No caso das embalagens, Nudelman sugere reutilizar papel ou sacos, embrulhar com tecidos ou até mesmo evitar qualquer tipo de embalagens. "Não existe uma solução fácil, rápida, conveniente, despreocupada, sem esforço e ecologicamente correta", adianta ela, reforçando que quanto mais embalagem, mais lixo. O primeiro passo é se perguntar que presente você vai dar e qual é a finalidade dele. 

(Veja também: Dia da Terra: 7 ações (diárias) para o planeta)

Festas e sustentabilidade: uma boa hora para começar

A blogueira argentina sugere que justamente a virada de ano e o encerramento de ciclo podem ajudar a pensar sobre o tema do desperdício. "Há muitas coisas, como celebrar com a família ou os amigos, que são ótimas, e outras que temos herdado de uma cultura de desperdício possível de ser repensada e colocada em perspectiva em termos de qual será nossa contribuição", diz Dafna Nudelman.

Para concluir, a ativista acrescenta que uma boa maneira de mudar hábitos e ter um final de ano sustentável é questionar o que estamos fazendo e o porquê. Já Garza García é enfática ao sugerir ser possível ter um Ano Novo sustentável. 

Para conseguir isso, diz ela, é necessário estar consciente de que trata-se de uma celebração, de agradecer pelo que vivemos e refletir sobre o motivo do encontro. "Escolhemos muito bem com quem passar estas datas, por isso, sugiro darmos importância ao que é realmente importante",  afirma. "Acredito que é disso que precisamos: um pouco mais de consciência e um pouco mais de amor. De empatia por nosso planeta.”

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