Ciclone extratropical: o que é o fenômeno que tem ocorrido com frequência no Sul do Brasil
O ciclone extratropical que pode ter ventos de mais de 100 km/h irá atingir o Sul do país nos próximos dias.

Ciclone pode causar ventos de até 110 km/h em cidades do Rio Grande do Sul.
O Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (Inmet) alerta para a formação de ciclone extratropical para os próximos dias, especialmente na região Sul do país (vindo da Argentina e com impactos também no Uruguai) e podendo chegar mais fraco no Sudeste e Centro-Oeste no final de semana.
Esse novo ciclone irá, intensificar os ventos ao longo dos dias e trazer temporais fortes sobre essa parte do país - uma região que vem passando por ciclones extratropicais com mais frequência, além de ter vivenciado grandes chuvas em 2024. As rajadas podem superar os 100 km/h em alguns pontos do estado do Rio Grande do Sul.
Segundo pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), explicação para a formação de mais ciclones extratropicais na região Sul do Brasil está na diferença de temperatura e umidade entre o continente e as águas do mar próximas à costa nessa parte do país. E eles apontam ainda o aumento da intensidade do fenômeno, que em 2023 já ocorreu mais vezes e seguirá assim esse ano.
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O ciclone extratropical está associado sempre a uma frente fria que avança de forma continental pelo país. No verão de 2024, os temporais e ciclones se mostraram presentes principalmente no Sul e em partes do Sudeste e isso vem se apresentando já para a temporada de 2025 também, com o avenço desse novo ciclone no final de outubro.
O que é um ciclone extratropical?
Os ciclones podem ser caracterizados de três formas: extratropical, subtropical e tropical. A diferença, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS, na sigla em inglês), é importante uma vez que os sistemas tropicais têm o potencial de se transformar rapidamente em furacões, enquanto as tempestades extratropicais ou subtropicais não o fazem.
Os ciclones extratropicais, diz a NWS, possuem ar frio em seu núcleo e se desenvolvem quando há uma separação de uma massa de ar quente da massa de ar frio. Isso faz com que a pressão no centro do distúrbio diminua levando a ponto das massas de ar iniciarem uma circulação ciclônica.
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O fenômeno pode se formar tanto em terra quanto no oceano, como foi o caso de um ciclone extratropical no Sul do Brasil em julho de 2023, e pode ter ventos tão fracos quanto uma depressão tropical (inferior a 62 km/h) ou tão fortes quanto um furacão (acima de 118 km/h).
Onde um ciclone extratropical pode ocorrer?
Este sistema de tempestade é formado em latitudes médias ou altas (a partir de 30º), em regiões com grandes variações de temperatura, chamadas de zonas frontais, explica a Enciclopédia Britannica, uma plataforma do Reino Unido voltada para a educação. Já os ciclones ou furacões mais violentos dos trópicos se formam em regiões de temperaturas relativamente uniformes.
Sequências climáticas típicas podem ser observadas na formação de um ciclone extratropical, informa a Britannica. Por exemplo, nuvens que se tornam cada vez mais densas e mais baixas, seguidas de precipitação, que normalmente persiste até que o centro do ciclone passe.
A plataforma do Reino Unido também explica que a dissipação desse fenômeno só ocorre quando o ar frio varre todo o ar tropical quente do sistema, de modo que o ciclone inteiro seja composto pela massa de ar frio.
