Como as mudanças climáticas impactam a América Latina de 5 formas diferentes

Os dados mostram que as temperaturas globais estão aumentando e, como consequência, a intensidade e a frequência de eventos climáticos extremos – como secas e inundações – já pode ser sentida.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 24 de out. de 2023, 15:25 BRT
O registro de uma chuva intensa acompanhada de rajadas de vento, que alagou as ruas na ...

O registro de uma chuva intensa acompanhada de rajadas de vento, que alagou as ruas na região central do Rio de Janeiro, Brasil, no começo de janeiro de 2023. 

Foto de Fernando Frazão Agência Brasil

Inundações, secas, incêndios... Os eventos climáticos e meteorológicos extremos estão se tornando mais graves na América Latina e no Caribe à medida que as tendências de aquecimento de longo prazo e o aumento do nível do mar se aceleram, de acordo com um relatório recente da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

De acordo com o relatório "O Estado do Clima na América Latina e no Caribe 2022”as temperaturas aumentaram em média 0,2° Celsius por década entre 1991 e 2022, a maior taxa já registrada. O aumento é maior no México e no Caribe.

"Muitos dos eventos extremos foram influenciados pelo episódio de La Niña de longa duração, mas também foram característicos da mudança climática devido à atividade humana", reconhece o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Como destaca o documento, o aquecimento global altera a intensidade e a frequência de muitos eventos climáticos extremos, provocando ou exacerbando outros fenômenos de alto impacto, como enchentes, deslizamentos de terra, incêndios florestais e avalanches. 

Por ocasião do Dia Internacional da Mudança Climática, em 24 de outubro, saiba mais sobre alguns dos eventos que vêm ocorrendo na região e foram registrados até 2022 – tudo em decorrência da desestabilização climática.

1. Tempestades tropicais

A temporada de furacões do Atlântico de 2022 teve um número próximo à média: terminou com 14 tempestades nomeadas. No entanto, nove delas afetaram áreas do interior da região e deixaram graves consequências para a população local. Entre elas, o furacão Fiona foi o terceiro ciclone tropical a causar mais perdas econômicas em Porto Rico desde 1980.

Um deles, o furacão Ian, produziu entre 785 e 1.500 milímetros de chuvas, além de tempestades que provocaram inundações localizadas e a perda de mais de 20 mil hectares de terra para a produção de alimentos no oeste do Caribe e em Cuba.

2. Aumento do nível do mar

O aumento do nível do mar é outro fator da mudança climática.

Foto de Erika Larsen

A elevação do mar continuou a aumentar em um ritmo mais rápido no Atlântico Sul e no Atlântico Norte subtropical do que a média global. Isso ameaça grande parte da população da América Latina e do Caribe, as quais vivem em áreas costeiras, pois contamina os aquíferos de água doce, erode os litorais, inunda áreas baixas e aumenta o risco de inundações costeiras, como adverte o órgão mundial.

3. Derretimento das geleiras

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    Vista da Geleira Holanda a partir do Canal de Beagle, estreito que fica na Terra do Fogo, na Argentina.

    Foto de Ian Teh

    O derretimento das geleiras também piorou, segundo o relatório. Isso ameaça os ecossistemas e a futura segurança hídrica de milhões de pessoas.

    No verão de 2022, especificamente, houve uma perda quase total da cobertura de neve nas geleiras dos Andes centrais, de modo que as camadas mais sujas e escuras das geleiras absorveram mais radiação solar, o que, por sua vez, acelerou o derretimento do gelo.

    4. Enchentes e deslizamentos de terra

    Ainda segundo o relatório, em 2022 as chuvas fortes acima da média causaram inundações e deslizamentos de terra. Esse fenômeno resultou em perdas humanas, bem como em efeitos sobre a economia de toda a região. 

    Por exemplo, em apenas algumas semanas, de 15 de fevereiro a 20 de março, dois desastres relacionados à chuva devastaram Petrópolis (no estado do Rio de Janeiro, Brasil), resultando em 230 mortes. Somente no primeiro dia em que a tromba d’água caiu na cidade, foi registrado um total de 530 milímetros de precipitação em 24 horas, um número bem acima da média mensal de 210 milímetros.

    5. Aumento das secas

    As condições de seca prolongada contribuíram para os efeitos negativos em vários setores econômicos da região, incluindo agricultura, energia, transporte e abastecimento de água. 

    No Brasil, o índice de produção agrícola caiu 5,2% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, devido a uma queda na produção de soja e milho.

    Ao mesmo tempo, a seca na bacia do Paraná-Plata, no sudeste da América do Sul, e onde fica um dos maiores celeiros agrícolas do mundo, foi a pior desde 1944. 

    Por sua vez, a falta de chuvas levou a um declínio na produção de energia hidrelétrica em grande parte da América do Sul devido ao baixo fluxo dos rios, resultando em um aumento acentuado na demanda por combustíveis fósseis em uma região com um grande potencial de energia renovável ainda inexplorado.

    A seca, acompanhada de calor extremo e baixa umidade do ar, levou a períodos sem precedentes de incêndios florestais no meio do verão de 2022.

    Incêndios registrados entre as cidades de Miranda e Corumba, no estados do Mato Grosso do Sul, Brasil, e onde fica parte do Pantanal brasileiro. 

    Foto de CHICO-RIBEIRO GOVERNO MATO GROSSO, AGENCIA BRASIL

    Além disso, as emissões de dióxido de carbono (CO₂) de incêndios florestais de janeiro a março foram as mais altas dos últimos 20 anos. No Brasil, por exemplo, o destaque negativo ficou com o estado do o estado do Amazonas, que registrou o maior total de emissões causadas por incêndios entre julho e outubro nos últimos 20 anos com pouco mais de 22 megatoneladas, quase 5 megatoneladas a mais do que o recorde anterior de emissões em 2021.

    Já no sul do continente, em janeiro e fevereiro de 2022, tanto a Argentina quanto o Paraguai registraram um aumento de 283% e 258%, respectivamente, no número de incêndios, de acordo com a OMM, se comparado com a média do período de 2001 a 2021. 

    Não fazer nada contra a crise climática custa caro

    Para se adaptar de forma mais eficaz às consequências das mudanças climáticas e ao consequente aumento da intensidade e da frequência de eventos climáticos extremos, os sistemas de alerta precoce na região precisam ser fortalecidos, bem como devem chegar às comunidades que mais precisam deles, diz a OMM.

    É importante observar que existem muitas soluções conhecidas para as mudanças climáticas que podem contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas, proteger o meio ambiente e reduzir a incidência de desastres. 

    De acordo com as Nações Unidas, "a ação climática exige um investimento financeiro significativo por parte de governos e empresas. Mas a inação é muito mais cara”.

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