Conheça Tzukán, a gigantesca cobra mitológica dos maias
A serpente mítica Tzukán é conhecida por ser a protetora dos cenotes da Península de Yucatán, no México.
Tzukán, a serpente protetora dos cenotes, é uma lenda bem conhecida que foi até mesmo tema de uma exposição no Centro Cultural da Espanha, no México, em 2022.
Qual é a relação entre os belíssimos cenotes típicos da Península de Yucatán, no México, e uma serpente que faz parte da história e mitologia da civilização maia?
Por mais que pareça algo inusitado, há uma ligação direta: a serpente Tzukán é uma cobra lendária que há séculos é considerada a protetora dos cenotes, cavernas e grutas nessa região mexicana, segundo explica o site do próprio governo do México.
A seguir, descubra essa curiosa história:
Qual é a lenda da serpente Tzukán?
O site governo mexicano publicou um artigo que conta a relação entre os cenotes (uma formação geológica com águas subterrâneas) da região de Yucatán e uma antiga lenda da antiga civilização maia.
Na cultura maia, os cenotes eram considerados “portais sagrados” que conectavam o mundo dos vivos com o Xibalba (o submundo espiritual), e por conta de sua importância, os cenotes tinham um guardião: a serpente Tzukán – poderosa por seu grande tamanho e misticismo.
A lenda, descrita no site oficial governamental, conta a história de como a Tzukán se tornou a serpente protetora dos cenotes: durante a primeira seca do Império Maia, há milhares de anos, Chaac (o deus da chuva) foi encarregado de coletar a água do subsolo e levá-la para o resto do império. Chaac procurou água por toda parte, mas os lagos, rios e cenotes estavam secos.
Cansado, Chaac decidiu descansar um pouco e sentou-se em um tronco, que começou a se mover. A divindade se assustou ao ver que não era um pedaço de madeira, mas o corpo de uma enorme cobra. Faminto, o réptil abriu as mandíbulas e, em só uma mordida, devorou o cavalo alado que estava com Chaac antes que ele pudesse levantar voo.
O deus da chuva, enfurecido, subiu nas costas da cobra e a chicoteou dizendo: “Agora você será minha montaria por ter comido meu cavalo", disse Chaac ao chicoteá-la. A poderosa cobra também estava nervosa e disse: “Quem é você para me chicotear?”, conta o artigo mexicano sobre a fábula.
Segundo a lenda, Chaac então se apresentou como diindade e disse que a partir de então também seria o senhor da cobra. “Você me levará ao mar para trazer água para os cenotes que estão vazios”, afirmou o deus. Só que a enorme cobra Tzukán ficou ainda mais furiosa e se contorceu violentamente para se livrar de Chaac.
O desfecho entre a cobra e o deu maia, de acordo com o artigo mexicano, narra que apareceram ainda enormes asas apareceram nas laterais do corpo da cobra e os dois voaram para o mar.
A serpente ficou maravilhada com a imensidão do oceano e, por isso, disse que não queria mais voltar aos cenotes. Só que Chaac ordenou que Tzukán deveria terminar sua missão: “Você será encarregada de guardar os cenotes, as grutas e as cavernas e assim, nunca lhes faltará água. Você será a guardiã da água e somente quando estiver velha permitirei que volte para o mar".
No caminho de volta para os cenotes, Tzukán derrubou Chaac com um chacoalhão, mas o deus da chuva estalou seu chicote e causou um trovão que imediatamente matou a serpente, transformnado-a em milhares de gotas de água que caíram na terra. Teria cumprido assim, de acordo com a mitologia, a sua missão de trazer água à sua terra, pois rios, cavernas e cenotes da região se encheram de água novamente.
Ainda conforme a lenda, pouco a pouco uma parte dessa água se condensou no fundo de uma gruta até tomar a forma de uma serpente, que cresceu e ganhou asas novamente.
Desde então, Tzukán foi condenada a sempre que tentasse ir ao mar completar o ciclo de morte e reencarnação para manter os cenotes, cavernas, grutas e rios de Yucatán cheios de água.
Um santuário em homenagem a Tzukán
Atualmente, há um local turístico na região os cenotes mexicanos chamado Santuário Tzukán, localizado na cidade de Pisté (bem próximo ao famoso sítio arqueológico da antiga cidade maia de Chichén Itzá).
Lá também se pode visitar um cenote também chamado Tzukán e celebrar o mito da serpente vivenciando rituais místicos, culturais e gastronômicos inspirados pela lenda maia de Tzukán.