Quem foi Alan Turing, pioneiro no desenvolvimento da inteligência artificial e da computação moderna

É muito graças ao trabalho do matemático inglês que os computadores são capazes de decifrar sistemas encriptografados e encontrar soluções para problemas humanos

Um close-up mostra a configuração da fiação no computador experimental no laboratório Axion Dark Matter.

Foto de TONY LUONG
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 23 de jun. de 2023, 10:45 BRT

O dia 23 de junho marca o nascimento de uma das mentes humanas mais importantes do progresso tecnológico e científico de todos os tempos: o matemático inglês Alan Mathison Turing (1912 – 1954), considerado o “pai da computação”.

Turing foi uma das primeiras pessoas a pensar nos computadores como um sistema capaz de responder a qualquer tipo de problema, segundo a revista científica Nature em seu artigo “Turing at 100: Legacy of a Universal Mind” (“Turing aos 100 anos: Legado de uma Mente Universal”, em tradução livre).

Os computadores podem pensar? 

O matemático fez dessa pergunta uma hipótese interessante para ser investigada no início da década de 1950, sendo um dos primeiros cientistas do mundo a questionar tal possibilidade. 

De acordo com a enciclopédia Britannica (serviço de dados voltado para a educação do Reino Unido), todos os computadores modernos são, em essência, o produto do avanço tecnológico promovido por Turing.

Um robô de segurança com sistema de mapeamento a laser e câmera de 360 ​​graus em frente a um guarda humano, Tóquio, Japão.

Foto de Spencer Lowell

O primeiro trabalho substancial no campo da inteligência artificial ocorreu em meados do século 20, por meio de uma decodificação que levaria o nome de "Máquina de Turing".

Em 1935, informa a Britannica, o pesquisador desenvolveu esse modelo de computação que consistia em uma memória e um scanner que tinham a tarefa de identificar e ler uma série de símbolos espalhados em uma fita que se movia para frente e para trás. 

Assim, a máquina operava e estudava essa série de símbolos a fim de interpretá-los e modificar seu próprio algoritmo de acordo com as instruções dispostas em sua memória. 

Para Turing, a inteligência computacional do futuro deveria ser uma máquina capaz de aprender com a experiência. O caminho para conseguir isso era permitir que uma máquina inteligente alterasse as próprias instruções fornecidas por seu mecanismo, defendia o matemático.

Esse princípio tornou-se um fundamento da teoria moderna da computação. Se hoje os computadores são algo comum na realidade humana, muito disso se deve às contribuições de pesquisadores como Turing, complementa a fonte britânica.

O código de Alan Turing que ajudou a parar a Segunda Guerra Mundial  

Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Alemanha Nazista usava criptografia para se comunicar através de mensagens, impedindo, assim, que seus inimigos decifrassem a localização das tropas alemãs, as estratégias de guerra e o avanço territorial do país, como explica um artigo da National Geographic Espanha

Esse computador, chamado de "Enigma", foi desenvolvido por Arthur Scherbius, um engenheiro alemão, e se baseava no envio de mensagens criptografadas que alteravam a forma, mas não o conteúdo, a cada 24 horas. O objetivo era evitar que as criptografias fossem decifradas em caso de interceptação das mensagens pelos inimigos.

No final de 1939, Turing estava trabalhando na sede de comunicações do governo do Reino Unido (a nação fez parte do grupo conhecido como Aliados, que enfrentou a Alemanha Nazista).

Juntamente com seu amigo e matemático Gordon Welchman, ele desenvolveu a contraofensiva tecnológica que permitiu aos Aliados decifrarem o código com o qual os alemães planejavam suas estratégias. 

Esse precursor dos computadores digitais programáveis foi batizado de “Bombe”, nome derivado de uma palavra polonesa que designa um sabor de sorvete. 

De acordo com a National Geographic Espanha, em 1942, mais de 40 mil mensagens criptografadas dos nazistas foram interceptadas, das quais duas eram decifradas a cada minuto.

Turing ajudou a encurtar a guerra na Europa em um período entre dois a quatro anos, salvando assim quatorze milhões de vidas, reconheceu Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido durante a maior parte da Segunda Guerra Mundial, e segundo explica um artigo da National Geographic Espanha

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