Que efeito o chocolate tem no cérebro?

Essa iguaria alimentar desperta sentimentos de desejo e prazer nas pessoas e pode ser considerada um vício.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 13 de set. de 2023, 08:00 BRT

Últimos retoques em bolos de chocolate feitos em Bayonne, na França.

Foto de Brian Finke

chocolate é, em seu nome literal, o alimento dos deuses, como explica um artigo publicado na revista científica Science de 2011. O produto é feito a partir do cacau, fruto de uma árvore chamada Theobroma cacao, cujo significado é, justamente, "alimento dos deuses".

O artigo aponta também que, psicologicamente, o grau de desejo que o chocolate produz em algumas pessoas pode coincidir com o impulso pelo consumo de álcool em quem é dependente dessa substância. 

A pessoa viciada em chocolate recebe o nome de chocoólico ou chocólatra. Isso porque uma série de sensações e efeitos são despertados no cérebro com o consumo do chocolate. 

1. O chocolate é um ativador natural da serotonina

O impacto do chocolate no cérebro pode ser considerado impressionante, diz o artigo. O desejo por chocolate em pessoas viciadas causa euforia, alegria e uma grande sensação de bem-estar. É por isso que o alimento também é considerado afrodisíaco. 

A ciência associa o consumo de chocolate ao aumento da liberação de serotonina no cérebro humano. "A serotonina é uma substância química produzida no cérebro responsável por elevar o humor", diz o artigo da  Science

Portanto, a sensação de querer comer chocolate pode ser um sinal de um baixo nível de serotonina no corpo e a necessidade de reabastecê-la com o consumo do doce. 

Entretanto, a ciência adverte que comer chocolate nem sempre ajuda o indivíduo a se sentir melhor. "Se você estiver em um estado de espírito normal ou feliz, o chocolate o deixará mais feliz. No entanto, se você estiver deprimido, ele não reverterá seu humor nem diminuirá a intensidade da depressão", afirma o artigo. 

2. Comer chocolate gera sentimentos de desejo

Em um segundo artigo, publicado na revista Science em 2001 e denominado “This is what your brain is like when you eat chocolate” (“É assim que seu cérebro fica quando você come chocolate”, em tradução livre), foi realizado um estudo para entender o que acontece em relação à atividade cerebral quando as pessoas comem chocolate. 

Durante a pesquisa, os participantes foram forçados a comer chocolate até "sentirem nojo", a fim de reconhecer as regiões do cérebro que são ativadas tanto pela sensação de um estímulo bom quanto por um estímulo que se torna ruim. 

"O sistema límbico do cérebro, que processa as emoções, entrou em ação de maneiras diferentes, dependendo se os indivíduos acharam o chocolate gratificante ou repugnante", mostrou a pesquisa, que foi feita com o uso de tomografia computadorizada. 

Diante da sensação de querer mais chocolate, os participantes do estudo ativaram regiões do cérebro envolvidas no desejo, como o mesencéfalo e a ínsula. Como a Science aponta, isso também ocorre quando as pessoas usam drogas como a cocaína.

Em vez disso, quando os participantes comeram mais chocolate do que o normal, o sangue fluiu para áreas como a região pré-frontal. Essas partes do cérebro normalmente ajudam a tomar a decisão de parar de comer. Além disso, várias regiões do córtex orbitofrontal, que está envolvido na ponderação das motivações, foram ativadas, informou a equipe de pesquisa. 

3. O chocolate pode despertar uma sensação de prazer no cérebro

Chocolate quente: cacau com leite vendido na beira de uma estrada do estado de Tabasco, no México.

Foto de ANDREW EVANS

Os efeitos positivos do chocolate vêm da semente do cacau, que contém mais de 800 compostos químicos. Por esse motivo, quanto mais escuro o chocolate, mais compostos benéficos ele contém, adverte o artigo “The Chemistry of Chocolate” (“A química do chocolate”)publicado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH).

Em oposição, o chocolate ao leite e o chocolate branco são variantes cujo teor de cacau é menor e até mesmo nulo no caso da última opção. 

Em uma análise química por trás do chocolate, os estudos do NIH determinaram que a teobromina e a feniletilamina são os dois compostos químicos mais importantes e abundantes no chocolate amargo.

A teobromina é um alcalóide encontrado em muitas substâncias, como o cacau, o café e o chá, por exemplo. Entretanto, é no cacau em que ela está presente em maior quantidade. Ela também é quimicamente semelhante à cafeína e tem um efeito estimulante similar no cérebro.

De acordo com o NIH, "a combinação de teobromina e cafeína encontrada no chocolate cria o pequeno impulso que sentimos depois de comê-lo". 

Já no caso da feniletilamina, ela é um componente químico responsável por despertar a sensação de prazer no cérebro e, portanto, na pessoa que está comendo chocolate.

4. Os flavonoides do cacau melhoram o fluxo sanguíneo

Outro efeito positivo do chocolate amargo ou escuro para a saúde é que ele estimula a atividade cerebral em adultos mais velhos. 

De acordo com um artigo do NIH intitulado “Chocolate Health Claims – Sweet Truth or Bitter Reality?” (algo como “As reivindicações de saúde do chocolate – doce verdade ou amarga realidade?), publicado em 2021, determinados nutrientes do cacau melhoram a saúde do coração e do cérebro, especialmente em adultos mais velhos.  

Os pesquisadores acreditam que isso pode ser devido a compostos chamados flavonoides, que são um grupo de compostos químicos ativados nos grãos de cacau. O chocolate amargo contém mais cacau e, portanto, mais flavonoides do que outros tipos de chocolate.

De acordo com os institutos norte-americanos, os flavonoides do cacau melhoram a função cardíaca e o fluxo sanguíneo, portanto, os cientistas acreditam que eles também podem beneficiar os pequenos vasos sanguíneos do cérebro. 

Entretanto, conclui o artigo, ainda é cedo para responder se os impactos do cacau nas funções cognitivas de longo prazo – como na memória e na concentração – realmente melhoram a condição de pessoas adultas.

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