
Cogumelos mortais: quais são os 5 tipos mais venenosos do mundo
Acima, exemplares do cogumelo Amanita phalloides, conhecido popularmente no Brasil como chapéu-da-morte e considerado um dos mais letais do mundo.
Muitas espécies de cogumelos contêm toxinas fortes pela mesma razão que diversos animais e plantas também são venenosos: a autodefesa. Como a maioria dos seres vivos, os cogumelos desenvolveram mecanismos para se manterem vivos e poderem se reproduzir, como as toxinas que afastam possíveis predadores.
Embora apenas algumas das 70 a 80 espécies de cogumelos venenosos sejam realmente fatais quando ingeridas, “muitos desses fungos mortais têm uma semelhança infeliz com espécies comestíveis e, portanto, são especialmente perigosos”, afirma a Encyclopædia Britannica (plataforma de conhecimentos gerais do Reino Unido).
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Estes cogumelos podem ser podem ser potencialmente fatais
Como entre as várias espécies de fungos venenosos alguns são potencialmente mortais, é essencial saber quais são os mais tóxicos para descobrir o que evitar de ingerir e ficar livre de sérios perigos ao escolher um cogumelo para fazer parte da sua alimentação.
National Geographic lista alguns dos mais perigosos – e eles existem também em território brasileiro.

Ilustração colorida e também com corte transversal de um cogumelo venenoso, o chapéu-da-morte (Amanita phalloides).
1. Chapéu-da-morte (Amanita phalloides): está entre os cogumelos mais venenosos do mundo
Conhecido no Brasil com diversos nomes, como chapéu-da-morte, cicuta-verde ou rebenta-bois, o Amanita phalloides é um dos cogumelos mais venenosos do planeta, se não for o realmente mais tóxico, como comenta a Britannica. Tanto que seu nome em inglês é “death cap” – cuja tradução literal seria mesmo “chapéu da morte”.
Esse cogumelo mortal também é encontrado em toda a Europa e é muito semelhante aos cogumelos comestíveis. Suas amatoxinas (um tipo de toxina) resistem às temperaturas de cozimento (estáveis ao calor) e, ao serem ingeridas, danificam rapidamente as células de todo o organismo humano, conforme explica a fonte inglesa.
Entre seis e 12 horas após o consumo, surgem dores abdominais violentas, vômitos e diarreia com sangue. A pessoa pode apresentar sinais de grave comprometimento do fígado, rins e sistema nervoso central, que segue para a diminuição da produção urinária e a redução do nível de açúcar no sangue.
Isso porque sua ingestão acarreta à insuficiência hepática, insuficiência renal, uma condição que leva ao coma e à morte em mais de 50% dos casos, afirma o site da BBC Wildlife (uma divisão da BBC, rede de comunicação pública da Inglaterra).
Entre as mortes notáveis em decorrência da ingestão do chapéu-da-morte do estão a do Papa Clemente 7º, que morreu por envenenamento acidental deste cogumelo venenoso em 1534.
No entanto, nem todas as mortes famosas causadas por esse cogumelo foram acidentais, sendo suspeita, por exemplo, a morte do Imperador Romano Cláudio, em 54 d.C., a qual é atribuída a uma ação de sua esposa Agripina, de acordo com a BBC.
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Um gênero de cogumelo muito tóxico e, ao mesmo tempo, de difícil identificação é o Cortinarius, como os da espécie a cortinarius rubellus (acima).
2. Webcaps (cogumelos do gênero Cortinarius), um dos mais difíceis de identificar
Sem nome próprio em português, esses cogumelos do gênero Cortinarius contam com mais de 2 mil espécies, das quais apenas algumas são venenosas. Mas todas devem ser tratadas com cautela, devido à dificuldade em identificá-las, segundo explica a BBC Wildlife.
Entre as espécies do Cortinarius venenosas existem duas consideradas mais perigosas: a cortinarius rubellus e a cortinarius orellanus, muito semelhantes entre si e encontradas normalmente na Europa e na América do Norte. “Estes cogumelos contêm uma substância tóxica chamada orellanina, que inicialmente causa alguns sintomas semelhantes aos da gripe comum”, descreve a Britannica.
No entanto, esses cogumelos venenosos precisam de muito mais tempo para levar uma pessoa à morte. Isso porque a toxina orellanina afeta o fígado e os rins, mas age bem lentamente. Ela tem um período de latência longo e pode levar de dois dias a três semanas para causar sintomas, diversas vezes levando a um diagnóstico incorreto.
Só que ingerir esses cogumelos pode causar insuficiência renal grave e consequente morte, se não for tratada corretamente.

Na foto, cogumelos (Galerina marginata) que de tão tóxico costuma até apodrecer a madeira onde cresce. Na foto, o exemplar é de uma floresta localizada na província de Friesland, nos Países Baixos.
3. Galerina mortal (Galerina marginata), um cogumelo que causa falência dos órgãos
Popularmente conhecida no Brasil como galerina mortal, capacete mortal de outono (uma tradução livre de seu nome em inglês “Autumm skullcap”) ou ainda, sineta funerária, a Galerina marginata é um cogumelo que apodrece a madeira em que costuma crescer, pois contém os mesmo tipos de toxinas que o cogumelo chapéu-da-morte, afirma a BBC.
Mais facilmente encontrado no Hemisfério Norte e em partes da Austrália, esse cogumelo venenoso está repleto de amatoxinas que afetam o fígado e os rins, causando diarreia, vômitos, hipotermia e possível falência dos órgãos, podendo levar à morte se não for tratada.
Embora não seja especialmente semelhante a espécies comestíveis, várias mortes e envenenamentos já foram atribuídos a coletores que confundiram a espécie tóxica com os cogumelos Psilocybe, que são alucinógenos.

Muito similar aos cogumelos comestíveis, o Lepiota brunneoicarnata é altamente tóxico e pode ser letal, sendo perigoso ao ser confundido e ingerido acidentalmente.
4. Lepiota brunneoincarnata, um cogumelo que parece inofensivo, mas é letal
Sem nome popular em português, o cogumelo Lepiota brunneoicarnata é bem comum na Europa e em partes da Ásia, e tem o nome em inglês de “deadly dapperling”, que em tradução livre seria “morte elegante” – algo nada animador. Como a galerina mortal e o chapéu-da-morte, esse cogumelo também possui várias amatoxinas.
Por ter uma aparência similar à vários fungos comestíveis, ele é facilmente confundido. Só que o seu consumo acidental leva a uma grave toxicidade hepática e pode ter consequências letais se não for recebido tratamento imediato, explica a Britannica.
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O gênero Amanita é também muito perigoso por ser tóxico e também semelhante à diversos fungos comestíveis, especialmente a espécie (Amanita bisporigera), considerado o cogumelo mais tóxico da América do Norte.
5. Anjos destruidores (espécies brancas do gênero Amanita): os fungos mais tóxicos da América do Norte
Chamadas de “anjos destruidores” por seu grau de periculosidade, eles pertencem a várias espécies de cogumelos brancos do gênero Amanita (o mesmo do chapéu-da-morte). Conforme relata a Britannica, esses fungos incrivelmente tóxicos são muito semelhantes em aparência aos cogumelos comestíveis, e já foram colhidos e ingeridos por engano em várias ocasiões.
Três espécies em especial, Amanita bisporigera, Amanita ocreata, Amanita virosa são bem venenosas e perigosas, pois possuem amatoxinas e são nativas de bosques da Europa e da América do Norte. Segundo a enciclopédia inglesa, uma dessas espécies, a Amanita bisporigera, é considerada o cogumelo mais tóxico da América do Norte.
As amatoxinas são compostos extremamente tóxicos que viajam pela corrente sanguínea, danificando consequentemente muitos órgãos, incluindo o fígado e o coração. Os sintomas de quem ingere esses cogumelos demoram de 5 a 24 horas para aparecer e incluem vômitos, delírio, convulsões, diarréia, insuficiência hepática e renal, e muitas vezes levam à morte.
