Noite de Halloween, Dia de Todos os Santos e Dia dos Mortos: o que eles têm em comum?

Marcados no calendário do mundo ocidental há séculos, estes três dias reúnem algumas das festividades mais conhecidas de todo o mundo. Quais são suas origens e o que os diferencia?

A Catrina original do artista José Guadalupe Posada, chamada Calavera Garbancera, foi pintada para representar os mexicanos nativos que adotaram modas aristocráticas europeias como vestidos de baile, luvas formais e leques de renda retratados aqui durante um desfile em Oaxaca (um acessório que veio do Japão para a Europa).

Foto de Daniel Kudish National Geographic Your Shot
Por Cristina Crespo Garay
Publicado 31 de out. de 2022, 11:40 BRT

Todos os anos, à medida que 31 de outubro se aproxima, cidades ao redor do mundo são enfeitadas com caveiras, teias de aranha e abóboras, que decoram cada canto ao ritmo de risadas malignas e gritos de gelar o sangue: a noite de Halloween está chegando

Ano após ano, essas tradições se misturam às culturas dos países ocidentais nos últimos dias de outubro e início de novembro. A globalização que o século 21 misturou bolinhos fritos com doces, abóboras ou pão dos mortos. Mas, qual foi realmente a origem de todas essas festividades?

Dia das Bruxas: Halloween

Muitas pessoas associam os Estados Unidos com a origem da noite de Halloween. No entanto, seu início remonta muito mais longe no tempo: há mais de 3000 anos, segundo a Universidade de Oxford. No final do outono, os antigos povos celtas comemoravam o fim da colheita com uma grande cerimônia que coincidia com o final do ano celta.

Essa festa, batizada de Samhain – cujo significado é o fim do verão –, servia para despedir-se de Lugh, o deus do Sol, e dar as boas-vindas ao outono. A queda das folhas nesta estação sinalizava o início de um ciclo e o fim de tudo o que havia antes, e os rituais de caráter purificador eram típicos de despedida do ano.

Esta data também marcou o momento em que os dias começaram a ficar mais curtos e as noites mais longas, mas como acontecia em muitas culturas pré-hispânicas, também se acreditava que os espíritos dos mortos saíam dos cemitérios e caminhavam pelas ruas naquela noite especial.

Era costume deixar oferendas nas portas das casas, como doces ou bebidas, e acender velas para ajudar as almas errantes a encontrar o caminho de volta ao seu mundo, à luz.

Além de fazer sacrifícios aos deuses e se reunir em torno de fogueiras, os celtas usavam fantasias de pele de animal para confundir os espíritos, de acordo com o American Folklife Center da Biblioteca do Congresso dos EUA. Já as máscaras poderiam ter o objetivo de personificar os mortos.

Do Samhain ao Halloween

Hoje em dia, as casas e outros edifícios são adornados com todo o tipo de decorações assustadoras, e nas escolas é a desculpa perfeita para criar todo o tipo de temas misteriosos como vampiros, bruxas, lobisomens e zumbis. Ao cair da noite, as crianças saem às ruas fantasiadas para brincar pelo bairro recitando o famoso “Doçuras ou travessuras?”.

Na antiguidade, acredita-se que tenha surgido dos celtas que, disfarçados de espíritos, iam de casa em casa pedindo comida e bebida. Com a conquista do território celta pelo Império Romano, o Samhain misturou-se a outras festas de origem romana, como a Festa da Colheita.

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    Porém, com a ascensão do catolicismo, essa festa pagã passou a ser chamada de “Véspera de Todos os Santos”, em inglês “All Hallow’s Eve”, o que acabou levando ao “Halloween” como o conhecemos hoje.

    A tradição chegou aos Estados Unidos e Canadá das mãos de imigrantes irlandeses em 1840, mas só em 1970 ganhou um caráter internacional devido ao cinema e à televisão.

    O dia de Todos os Santos

    À medida que os feriados pagãos diminuíam e as celebrações cristãs aumentavam, o Dia de Todos os Santos surgiu em 1º de novembro. Sua origem mais remota se encontra em Antioquia (Turquia), no domingo anterior às festividades de Pentecostes, quando a Igreja decretou um dia comum para homenagear todos os mártires. 

    Frequentemente, os mártires morriam em grupos, o que levou a nomear um dia como uma celebração comum, especialmente após a chamada Grande Perseguição, a última e talvez a mais sangrenta perseguição aos cristãos pelo Império Romano.

    Posteriormente, o Papa Gregório 3º mudou o festival para 1º de novembro como uma resposta à celebração pagã do Ano Novo Celta, para que os novos crentes abandonassem suas antigas crenças. Várias tradições são celebradas em todo o mundo no Dia de Todos os Santos, e uma das mais marcantes é levar flores aos entes queridos nos cemitérios.

    O Dia dos Mortos

    No próprio Dia de Todos os Santos, costuma começar a celebração do Dia dos Mortos,  cuja origem é anterior à influência do catolicismo, embora hoje todas as festividades misturem tradições católicas com, neste caso, indígenas. O colorido esqueleto mexicano, o famoso Catrina, circulou o globo por semanas antes da noite de Halloween, mas sua origem remonta aos festivais astecas que adoravam deuses como a "dama dos mortos". 

    Esta festa é celebrada desde os tempos pré-hispânicos no México, embora também fosse costume homenagear os falecidos em outras épocas do ano, quando a colheita terminava nas diferentes áreas da sociedade asteca. Naquela época, a mitologia mexicana acreditava em um Senhor da Morte, chamado "Mictlantecuhtli", que habitava o submundo, o "Mictlán". Com a chegada dos espanhóis, a festa se espalhou e também se misturou aos costumes católicos; surgiram novos significados, como a cruz de flores, que hoje homenageia os ancestrais.

    Embora cada um dos lugares lhe dê um significado diferente, geralmente há em comum o significado alegre para homenagear o falecido. Compartilhar histórias de outrora, comer, beber e até dançar em homenagem aos nossos ancestrais enche as ruas durante o dia, em uma tradição que, há décadas, atravessa as fronteiras de sua origem mexicana e atinge o mundo inteiro. Seja qual for o costume de cada lugar, o importante é que este dia honre todas as almas que mudaram o mundo terreno pelo dos espíritos. Seja com pão de osso, maracas e balões de caveira, as cidades latinas desfilam disfarçadas ao som de poemas que nos lembram que todos, quem quer que sejamos na vida, retornarão à terra.  

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