Coroação de Charles 3º: quais são os rituais e símbolos da coroação dos monarcas britânicos

No dia 6 de maio, Charles 3º será coroado como soberano do Reino Unido. A cerimônia é envolta de símbolos e rituais que são realizados desde os primeiros reis e rainhas da Inglaterra.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 4 de mai. de 2023, 11:41 BRT
Rainha Elizabeth e Príncipe Philip na cerimônia da Ordem da Jarreteira.

Rainha Elizabeth e Príncipe Philip na cerimônia da Ordem da Jarreteira.

Foto de Jim Richardson

Em 6 de maio, Charles 3º será coroado como o rei do Reino Unido, posto que ocupa desde a morte de sua mãe, a Rainha Elizabeth 2ª, em setembro de 2022. A cerimônia de coroação, que será realizada na Abadia de Westminster, em Londres, segue rígidos protocolos e carrega uma simbologia que vem sendo construída desde os primeiros monarcas britânicos. 

De acordo com o Royal UK, site oficial da realeza britânica, a forma contemporânea da coroação data de 1902, quando o Rei Eduardo 7º foi alçado ao posto mais alto da monarquia do Reino Unido. Desde então, a formalidade consiste em uma procissão do Palácio de Buckingham até a Abadia, outra procissão no interior da catedral, além dos ritos do Reconhecimento, a Unção, o Juramento da Coroação e a Homenagem. Finalmente, a cerimônia se encerra com outra procissão da Abadia Westminster de volta a Buckingham.

A própria igreja de Westminster já é um símbolo forte da coroação inglesa. A catedral tem sido o cenário de todas as coroações desde 1066. Antes de ela ser construída, a cerimônia era realizada onde fosse conveniente, podendo ocorrer nas cidades de Bath, Oxford ou Canterbury. Neste ano, Charles 3º será o quadragésimo soberano a ser coroado na Abadia de Westminster

Conheça mais sobre outros ritos e símbolos que estarão presentes na coroação do monarca britânico. 

1. Procissões reais 

A Procissão do Rei, um rito que é feito no dia da coroação desde 1902, sairá do Palácio de Buckingham com Charles 3º e a Rainha Consorte, Camilla Parker Bowles, acompanhados pela Escolta do Soberano da Casa de Cavalaria. 

Ainda de acordo com o Royal UK, as majestades estarão no Diamond Jubilee State Coach, uma carruagem feita para a Rainha Elizabeth 2ª comemorar o 60º aniversário de seu reinado, em 2012. O carro só é usado para o transporte do soberano britânico, ocasionalmente acompanhado pelo consorte ou um Chefe de Estado visitante.

Para chegar à Abadia de Westminster, a procissão sairá pelo Portão Central do palácio e seguirá pela avenida The Mall, passando pelo Admiralty Arch, pelas ruas Whitehall e a Rua do Parlamento, seguindo para os lados leste e sul da Praça do Parlamento e do Broad Sanctuary. 

Após a cerimônia de coroação, haverá a Procissão da Coroação, que fará o mesmo trajeto da manhã, mas ao contrário. Esta, no entanto, é em maior escala. A Procissão incluirá as Forças Armadas de toda a Commonwealth e dos Territórios Ultramarinos Britânicos, todos os Serviços das Forças Armadas do Reino Unido e ao lado da The Sovereign's Bodyguard (Guarda-costas do Soberano) e os homens da Royal Watermen, responsáveis por remar as barcaças reais pelos rios ingleses. 

O trajeto de volta também tem uma troca de transporte, segundo o site oficial da realeza britânica. Depois de coroados, o Rei e a Rainha Consorte viajarão no Gold State Coach, uma carruagem fechada de quatro toneladas que será puxada por oito cavalos. O carro é usado pela família real em grandes ocasiões de Estado, como coroações, casamentos reais e jubileus de um monarca e tem sido empregado na coroação de todos os reis e rainhas britânicos desde Guilherme 4º, em 1831.

2. Vestes cerimoniais para a coroação

Charles 3º reutilizará vestimentas históricas que foram usadas ​​por monarcas em coroações anteriores. Entre eles o Colobium Sindonis, a Supertúnica, o Manto Imperial, o Cinto da Espada da Coroação e a Luva da Coroação.

Segundo a Royal UK, o Colobium Sindonis é uma túnica de linho branco com gola lisa fechada com um único botão, de forma a representar uma veste sacerdotal. Ela é colocada para a cerimônia da Unção, em que o monarca é ungido com óleo de crisma. A vestimenta que será usada por Charles é a mesma da coroação de seu avô, o Rei George 6º, em 1937. 

Já a Supertúnica, um casaco dourado com mangas, é colocada logo após a Unção e presa com o Cinto da Espada da Coroação. A veste que será usada no dia 6 de maio foi feita em 1911 para a coroação do Rei George 5º e segue o design das vestimentas feitas para coroações nos tempos medievais, segundo a Royal UK. 

Depois de vestida a Supertúnica, o monarca é coberto com o Manto Imperial. O Manto é a vestimenta mais antiga usada no serviço de coroação e é confeccionado em tecido de fios de ouro, prata e seda. Charles 3º usará o Manto feito para a coroação de George 4º em 1821 e que foi vestido pelos reis George 5º, George 6º e pela Rainha Elizabeth 2ª.

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3. O rei se sentará em duas cadeiras e em um trono

Segundo a Royal UK, o Rei será coroado na Cadeira de Santo Eduardo, também chamada de Cadeira da Coroação, feita em 1300 para Eduardo 1º e usada em todas as coroações desde então. O artefato é mantido permanentemente na Abadia de Westminster.

Além da Cadeira de Santo Eduardo, o Rei e a Rainha Consorte também estarão sentados nas Cadeira do Estado e Cadeira do Trono em diferentes pontos durante a cerimônia.

As Cadeiras do Estado são feitas de madeira de faia esculpida e dourada no estilo do século 17, informa o site oficial da realeza britânica. Estes assentos serão usados durante as primeiras partes do serviço e para a coroação da Rainha Consorte.

Já as Cadeiras do Trono só serão usadas depois da coroação de fato, para os ritos de entronização e homenagem. Os tronos foram feitos para a coroação do Rei George 6º e também usados para a da Rainha Elizabeth 2ª.

(Relacionado: 1992: Um “annus horribilis” para a Rainha Elizabeth 2ª)

4. O que é a regalia da coroação

A regalia da coroação é composta de objetos geralmente exibidos como parte das jóias da coroa na Torre de Londres e que, segundo a Royal UK, são itens sagrados e seculares que simbolizam o serviço e as responsabilidades do monarca. O conjunto inclui três coroas, um orbe, cetros, esporas, pulseiras de ouro, dois anéis e cinco espadas. 

Entre os itens que mais chamam a atenção estão a Coroa de Santo Eduardo, o Orbe do Soberano e o Anel do Soberano. 

A Coroa de Santo Eduardo, feita no século 17, será colocada na cabeça do Rei durante o serviço de coroação. Segundo a Royal UK, ela pesa cerca de 20 quilos e é feita de ouro maciço. A coroa é encimada por um orbe e uma cruz, simbolizando o mundo cristão, e é composta por uma moldura de ouro cravejada de rubis, ametistas, safiras, granadas, topázios e turmalinas. A regalia tem sido usada na coroação de todos os monarcas britânicos desde a chegada de Carlos 2º ao trono, em 1661.

Já o orbe se trata de uma esfera oca de ouro, cravejada de pérolas, pedras preciosas e uma grande ametista sob a cruz. Feito para representar o poder do Soberano e como símbolo do mundo cristão em 1661, o objeto é dividido em três seções com faixas de jóias, uma para cada um dos três continentes conhecidos até então, diz a Royal UK. 

Já o Anel do Soberano foi originalmente feito em 1831 para Guilherme 4º. Como símbolo de dignidade real, o anel é composto por uma safira com uma cruz de São Jorge (o santo padroeiro da Inglaterra) feita de rubi incrustada em diamantes

5. As tradições cristãs presentes na coroação

A coroação dos monarcas britânicos também reforça o caráter cristão da monarquia inglesa. De acordo o site oficial da Igreja Anglicana (The Church of England), durante a cerimônia ocorrerá a liturgia, um ato cristão de adoração que honra a antiga tradição de unção e coroação de monarcas. Por longa tradição, o Arcebispo de Canterbury autoriza uma nova liturgia para cada coroação.

Enquanto acontece a liturgia, o monarca será ungido com um óleo de crisma, consagrado em Jerusalém alguns meses anteriores à coroação, diz o Royal UK. Neste momento, o sacerdote utiliza a Colher da Coroação, o item mais antigo ainda em uso nos serviços.

O emprego do utensílio, segundo o site oficial da realeza britânica, foi registrado pela primeira vez em 1349. Esta é a única peça de ourivesaria real que sobreviveu desde o século 12 e vem sendo usada para ungir novos monarcas desde então.

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