O que é a transição energética, tema urgente da COP30 que coloca o Brasil como exemplo
Entenda o movimento para substituir petróleo e carvão por fontes solares e eólicas, vital para frear a mudança climática.

O Brasil é um dos líderes mundiais na transição energética, com parques eólicos localizados majoritariamente no Nordeste. Atualmente, o país possui um total de 568 parques eólicos, com uma capacidade instalada de 14,34 GW. Estima-se que até 2026, a capacidade instalada dos parques eólicos brasileiros seja de 28,5 GW (com taxa de crescimento de 1,1 a 2 GW por ano), segundo dados da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).
Os apelos para que a transição no uso de energia no mundo se intensifique e o uso majoritário de fontes energéticas deixe de ser ancorado nos combustíveis fósseis (como petróleo e carvão) e migre para a chamada energia limpa alcançou níveis urgentes, explica um relatório da agência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU).
Ainda que a civilização humana passe por algum tipo de transição energética desde seus primórdios, o nível de extração, queima e consumo de combustíveis fósseis a partir da Revolução Industrial vem gerando níveis de poluição recordes nos últimos anos, os quais são responsáveis pelo aquecimento do planeta e pela mudança climática.
Por isso mesmo e de acordo com a OMM, “estamos lutando contra o tempo”. A adoção do uso de energias consideradas renováveis – como a solar, a eólica, a hidrelétrica e os biocombustíveis – ainda está em ritmo mais lento do que deveria, apesar de seu uso estar previsto para dobrar até 2030, continua a entidade.
O setor energético global sozinho é responsável por cerca de 75% das emissões globais de gases de Efeito Estufa (os GEEs), continua a fonte. “A melhoria da eficiência energética e a busca por matrizes mais limpas são vitais para prosperarmos no século 21”, defende Petteri Taalas, chefe da OMM.

Painéis solares mostram o desenvolvimento da energia renovável no deserto da Califórnia, nos Estados Unidos, um dos estados mais "verdes" do país. Segundo a agência do clima da Organização das Nações Unidas, a transição energética chegou a um momento urgente e crucial por causa da crise climática e o aquecimento do planeta.
O Brasil é referência mundial na transição energética
Dentro do cenário de transição energética, o Brasil sai na frente, já que a matriz elétrica brasileira já é renovável e baseada em fontes com baixa emissão de GEEs”, informa um artigo sobre o tema da Agência Nacional de Energia, um órgão do Ministério de Minas e Energia brasileiro.
Atualmente, “o país já utiliza 48% de energia renovável, acima da média mundial que é de 15%", informam dados do Ministério de Minas e Energia, ainda que o potencial para explorar recursos hídricos, solares e eólicos continue sendo grande.
O Brasil também é líder em uso de energia limpa dentro do G20, à frente de Canadá, Alemanha e Reino Unido, por exemplo, como explica um ranking da EMBER, uma organização independente de energia que promove a transição para energia limpa.
Em relação ao uso de biocombustíveis, o Brasil também se sai bem, a ponto de servir de consultor para outras nações, como a Índia, por exemplo. A nação mais populosa do mundo vem adotando o uso do etanol (e a produção de cana-de-açúcar) depois de ser assessorada por um time brasileiro de especialistas, como contou o presidente da COP30 André Corrêa do Lago, em entrevista ao podcast de notícias “A Hora”.
A Índia, inclusive, tem uma ambiciosa meta de atingir 500 GW de capacidade de energia não-fóssil em 2030, afirma a Agência Internacional de Energia.

O fim da energia baseada em combustíveis fósseis é essencial para controlar a crise climática e evitar o aumento da temperatura do planeta até um ponto de não-retorno.
Transição energética: em busca da meta zero de emissões para 2050
A Organização Meteorológica Mundial afirma também que a meta com a qual as nações devem trabalhar é a de zerar as emissões de GEEs até o ano de 2050. “Mas só chegaremos lá se dobrarmos o fornecimento de eletricidade de baixa emissão nos próximos oito anos”, diz.
Ao mesmo tempo e segundo o relatório “World Energy Outlook 2024”, da Agência Internacional de Energia (AIE), “até 2035, é esperado que o mundo adicione, a cada ano, o valor equivalente às necessidades de energia elétrica do Japão (que é de 909 terawatts-hora)”.
Neste cenário também tem se destacado atualmente a China. Apesar de ainda estar entre os países que mais emitem gases do Efeito Estufa, a nação “vem liderando aumento da capacidade de eletricidade renovável”, diz a AIE, “com quase 350 GW adicionados em 2023, dois terços de toda a implantação global”, detalha a fonte.
Ainda de acordo com a EMBER, que faz o monitoramento sobre o uso de energia renováveis, alguns dados recentes merecem destaque. Entre eles estão:
- 41% é a participação global da eletricidade limpa em 2024;
- 1,29% foi o crescimento da geração de energia solar em 2024;
- 7,9% foi a porcentagem de crescimento da geração eólica em 2024;
Em contrapartida, em 2024 ainda se registrou um crescimento de 1,4% na geração a partir de combustíveis fósseis e 40Mt (milhões de toneladas) de gás metano vazado de minas de carvão em 2024, o que significa que ainda há muito, muito trabalho para ser feito na transição energética.