É possível sobreviver a um encontro com a cobra mais venenosa do mundo?
A cobra australiana – que tem o veneno considerado como o mais tóxico entre todas as serpentes – possui temperamento tímido e raramente é encontrada por humanos na natureza.

O olho de uma jibóia colombiana, Boa constrictor imperator.
A taipan-do-interior ou taipan-ocidental (Oxyuranus microlepidotus) ocupa o pódio da cobra mais venenosa do mundo. Entretanto, este réptil original da Austrália pode não ser tão perigoso quanto parece. De acordo com o Museu Australiano, o temperamento tímido e tranquilo do animal faz com que humanos não o encontrem com frequência.
Por que a taipan-ocidental é a cobra mais venenosa do mundo?
A cobra taipan-ocidental chega a ter um comprimento médio de dois metros, sendo que a maior já registrada alcançou 2,5 metros, segundo explica o Museu Australiano, instituição localizada em Sydney, Austrália. Dona de uma coloração bege pálido com tons de marrom amarelado e mais escuro, esse animal raramente é encontrado na natureza por pessoas comuns devido à sua localização quase sempre remota.
Mas a cobra, que pode ser encontrada no extremo oeste e sudoeste de Queensland, e no nordeste da Austrália do Sul, é temida por possuir o veneno mais potente entre todas as cobras terrestres do mundo.
Segundo a instituição australiana, o padrão aceito para comparar a toxicidade dos venenos de cobras foi desenvolvido na década de 1970 a partir de testes feitos em camundongos vivos. A medição considera a quantidade de veneno necessária para matar 50% dos animais de teste, obtendo um número chamado LD50 (Dose Letal 50) que quanto menor o número, mais tóxico o veneno.
O LD50 da taipan-do-interior é de 0,025 miligramas por quilo (mg/kg), o mais tóxico entre todos os venenos de cobras já testados dessa forma. Em outras palavras, uma única mordida poderia matar quase 250 mil camundongos.
Quão perigosa é a taipan-ocidental?
Além da toxicidade do veneno, o perigo relativo das cobras venenosas depende de muitos fatores, como a quantidade de veneno injetado, o comprimento das presas, a sensibilidade da vítima ao veneno e, em primeiro lugar, a probabilidade de ser mordido.
Considerando esses fatores, de acordo com o Museu Australiano, a taipan não é um réptil que deve causar um grande alarde entre as pessoas.
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As taipans-ocidentais possuem presas curtas (de 3,5 a 6,2 milímetros) e injetam apenas cerca de um terço do veneno por mordida. Além disso, são reclusas e, por viverem em locais remotos, não costumam entrar em contato com pessoas.
Essa espécie é, na verdade, bastante tímida, e muitos criadores de répteis a consideram uma cobra tranquila para manusear, informa o Museu. Nas raras ocasiões em que se pode encontrar uma taipan no mato australiano, o que geralmente se vê é um lampejo de escamas escuras à medida que a cauda desaparece sob a pilha de folhas mais próxima ou dentro de um tronco oco.
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No entanto, como qualquer animal, ela se defenderá quando provocada. Ao se sentir ameaçada, a taipan-ocidental levanta sua parte anterior em uma curva baixa em forma de S, com a cabeça voltada para o agressor, como um aviso. Se esse aviso é ignorado, o animal pode atacar dando uma única mordida ou várias mordidas rápidas.
Nos humanos, os sintomas do envenenamento incluem dor de cabeça, náusea, vômito, dor abdominal, colapso e paralisia e é capaz de ser letal dependendo da quantidade de mordidas e se a vítima não for tratada em até uma hora.
Entretanto, segundo o Museu, não há registros de mortes causadas pela picada de taipan. Até o momento, poucas pessoas foram mordidas por esta espécie, em sua maioria tratadores desses animais em cativeiro ou que as usam para a extração do veneno, e todos sobreviveram devido à rápida aplicação de primeiros socorros e tratamento hospitalar corretos, afirma a instituição.
