
Rio Amazonas: os 6 animais surpreendentes que habitam o maior rio do mundo
O jacaré-açu (Melanosuchus niger) é considerado o maior predador da bacia do rio Amazonas e é um mestre em se camuflar em seu habitat natural.
O rio Amazonas é um sistema de água doce superlativo: é o rio mais longo do mundo, superando o rio Nilo em 140 Km, e o maior também em relação ao volume de água (capaz de emitir até 12,54 bilhões de m³ de água por minuto em épocas de cheias), segundo um artigo publicado aqui na National Geographic Brasil, em 2023.
Além disso, é o lar de uma ampla biodiversidade que vai desde espécies aquáticas até aves que sobrevoam o grande rio. Especificamente, o rio Amazonas abriga “a maior megafauna aquática do que qualquer outro lugar da Terra”, afirma a The Nature Conservancy (TNC), uma organização ambiental global sem fins lucrativos.
Neste artigo, a National Geographic Brasil explora algumas das espécies emblemáticas do rio Amazonas. Descubra mais sobre a impressionante fauna do maior rio do planeta:
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O pirarucu (Arapaima gigas) é um dos maiores peixes aquáticos do mundo. Em média, ele atinge 1,8 m de comprimento.
1. Pirarucu (Arapaima gigas)
O pirarucu (Arapaima gigas), também conhecido como paiche ou arapaima em alguns lugares, é um peixe nativo da bacia amazônica. Ele se alimenta de insetos, outros peixes, anfíbios e até aves aquáticas, entre outros, segundo conta a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), uma organização civil sem fins lucrativos que trabalha pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia.
É um dos maiores peixes de água doce do mundo. De acordo com a ficha informativa da National Geographic sobre o pirarucu, eles geralmente medem cerca de 1,8 m de comprimento e pesam 90 Kg, embora tenham sido relatados já exemplares ainda maiores, de até 4,6 m de comprimento e 200 Kg.
Além do pirarucú, pelo menos outras 2.500 espécies de peixes nadam no rio Amazonas, de acordo com a Encyclopædia Britannica – plataforma de conhecimento do Reino Unido. E, de acordo com a TNC, o rio “abriga aproximadamente 15% das espécies de peixes do mundo”.

Como visto nesta foto acima, o tracajá jovem (Podocnemis unifilis) costuma ter manchas amarelas na cabeça.
2. Tracajá (Podocnemis unifilis)
Conhecida como tracajá (ou popularmente também como “zé-prego” quando macho), a Podocnemis unifilis é uma espécie de cágado nativa da bacia do rio Amazonas. Elas descansam nas margens e nas águas tranquilas de grandes rios e seus afluentes, indica o Instituto Smithsonian de Biologia da Conservação, uma unidade do Instituto Smithsonian dos Estados Unidos, que se esforça para salvar espécies selvagens da extinção.
Esta espécie de réptil pode viver até 70 anos e é reconhecível por conta de sua carapaça escura e abaulada. Os indivíduos jovens de tracajá apresentam manchas amarelas visíveis na cabeça que diminuem à medida que crescem; embora os machos conservem algumas dessas marcas, as fêmeas as perdem completamente ao crescer.

O peixe-boi-da amazônia (Trichechus inungui) foi originalmente descrito como uma combinação entre um hipopótamo e uma foca, devido à sua semelhança com ambos os animais. Este mamífero é nativo da bacia amazônica.
3. Peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis)
O peixe-boi-da-amazôna (Trichechus inunguis) é um mamífero herbívoro endêmico da bacia amazônica. “Ele está distribuído ao longo da maior parte da região do rio Amazonas, em sistemas fluviais de rios e afluentes, desde suas cabeceiras na Colômbia, Equador e Peru até a foz do rio Amazonas no Brasil”, detalha a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Trata-se de um animal solitário e totalmente aquático, embora ele levante suas narinas para fora da água para respirar a cada 4 minutos. O peixe-boi-da-amazônia já foi descrito antigamente com uma aparência que faz “uma curiosa combinação de hipopótamo e foca”, segundo a Wildlife Conservation Society Ecuador, uma organização de conservação fundada em 1895.

Diferente de outras espécies de jacarés – como aqueles que vivem no Pantanal, por exemplo, que costumam viver e caçar em grupo – o jacaré-açu tem comportamento mais solitário: “Dificilmente você vai ver eles próximos um dos outros”, explica o biólogo consultado por NatGeo.
4. Jacaré-açu (Melanosuchus niger)
O jacaré-açu (Melanosuchus niger) é considerado o maior jacaré da América do Sul e pode atingir mais de 4 m e pesar até cerca de 400 Kg, embora tenham sido encontrados exemplares maiores, como explicou Gustavo Figueirôa, biólogo especializado em Gestão e Conservação da Fauna, em um artigo da National Geographic Brasil sobre o animal.
Conforme explica o biólogo, o jacaré-açu está no topo da cadeia alimentar e pode se alimentar até de onças-pintadas e sucuris. O jacaré-açu é conhecido por ser o maior predador da bacia do rio Amazonas, além de ser também o maior membro da família Alligatoridae, como descreve a Britannica.
(Conteúdo relacionado: As 5 curiosidades sobre o maior rio do mundo)

Acima, uma sucuri-verde (Eunectes murinus) uma cobra não peçonhenta mas que é capaz de se alimentar de grandes animais, como capivaras e até jacarés.
5. Sucuri-verde (Eunectes murinus)
A sucuri-verde (Eunectes murinus) é encontrada facilmente em toda a região da bacia do rio Amazonas, especialmente na porção brasileira. Além de ser encontrada também na bacia do rio Orinoco, no leste da Colômbia, e nas pastagens sazonalmente inundadas dos Llanos, na Venezuela.
Trata-se de uma cobra de regiões alagadas, que fica às margens dos rios e tem hábitos noturnos que tem maior atividade no final do dia, segundo a IUCN. Ela também é conhecida por ser a cobra mais pesada do mundo: as fêmeas têm uma massa corporal maior que os machos e podem pesar até 250 Kg, segundo um artigo da NatGeo Brasil.
As sucuris-verdes (também conhecidas como anacondas) não são venenosas e matam suas presas por constrição, ou seja, enrolam seu corpo em torno da vítima e aplicam uma intensa força muscular que provoca um colapso circulatório na vítima.
Embora possam devorar animais de grande porte (incluindo grandes mamíferos), “não há evidências de que essa espécie tenha um comportamento predatório voltado para os seres humanos”, esclarece Lucas Simões, biólogo e técnico em manejo de animais do Instituto Butantan (instituição brasileira de pesquisa científica do governo estadual de São Paulo), em entrevista exclusiva para a National Geographic Brasil.
(Mais sobre cobras: Pítons x sucuris: semelhanças e diferenças entre as maiores cobras do mundo)

Boto-cor-de-rosa nadando na Amazônia. Este boto fluvial é endêmico da bacia amazônica e também conhecido como boto-vermelho, boto-branco, Iara e uiara.
6. Boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis)
O boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) é um mamífero típico de água doce e é considerado o maior golfinho de água doce do mundo, como afirma o site Animal Diversity Web (ADW), base de dados online sobre seres vivos do planeta.
Segundo a IUCN, ele é endêmico dos rios da Amazônia, circulando por países variados da América do Sul que constituem esse bioma, entre eles estão Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, diz a fonte. Na região amazônica do Brasil, ele é conhecido popularmente também como boto-vermelho, boto-branco, Iara e uiara.
Sua presença na região da bacia amazônica é tão forte que o animal se tornou inclusive parte de uma conhecida lenda folclórica. Na lenda, o boto-cor-de-rosa durante à noite, se transformaria em um belo e charmoso rapaz, saindo da água para conquistar as mulheres ribeirinhas na Amazônia.
Porém, além da sua importância cultural, esse boto também cumpre uma função essencial para manter o equilíbrio do ecossistema. Como predador, ele ajuda no controle populacional de peixes e outros animais aquáticos e também é presa para espécies como onças e jacarés.
Além desses animais, no rio Amazonas existem ainda diversas espécies, como jacarés, pacu, piranha, ariranhas, pacas, capivaras, entre outros, conclui a Britannica.
