Espinossauro: ossos antigos revelam uma dinastia incomum de dinossauros

A descoberta de mais ossos do espinossauro na Espanha – uma das mais antigas espécies conhecidas de espinossauro já encontradas – confirma que a árvore genealógica desse monstro fluvial tem origem na Europa Ocidental.

Por Riley Black
Publicado 24 de mai. de 2023, 10:07 BRT
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O recém-descoberto dinossauro carnívoro Protathlitis cinctorrensis perseguiam presas em antigas linhas costeiras.

Foto de Image by Grup Guix

Os espinossauros eram dinossauros que quebraram todas as regras. Em vez de um crânio otimizado para o poder de morder, como o do T. rex, esses carnívoros do Cretáceo desenvolveram mandíbulas semelhantes às dos crocodilos, mais adequadas para agarrar presas em dificuldades. Muitos ostentavam grandes cristas espinhais em suas costas e pelo menos algumas espécies viviam da captura de peixes ao longo de antigas linhas costeiras em vez de perseguir presas em terra.

E agora, graças a fósseis de 130 milhões de anos encontrados na Espanha, os cientistas estão revelando o início dessa dinastia incomum de dinossauros. Uma nova espécie, descrita em um estudo da Scientific Reports, está entre os espinossauros mais antigos conhecidos.

O novo dinossauro foi batizado de Protathlitis cinctorrensis, que significa "campeão de Cinctorres", em homenagem a uma cidade próxima e à vitória de 2021 do time de futebol local na UEFA Europa league. Em vida, o animal provavelmente tinha mais de 9 metros de comprimento e atacava suas presas com mandíbulas longas e rasas, repletas de dentes cônicos. 

Para saber se o Protathlitis tinha uma garra enorme no polegar ou uma grande crista nas costas, como outras espécies relacionadas, será necessário aguardar o aparecimento de outros fósseis. Apenas uma pequena coleção de ossos do dinossauro foi encontrada desde que os paleontólogos começaram a pesquisar o local em 2002: parte da mandíbula superior e cinco vértebras da cauda.

Trabalhar com um pequeno número de ossos torna difícil a identificação de uma nova espécie de dinossauro. Os fósseis do Protathlitis apresentam uma característica particular na mandíbula que não é vista em outros espinossauros, diz o paleontólogo do Field Museum (Chicago, EUA) Matteo Fabbri, que não participou do novo estudo. Essa característica sutil não é tão óbvia quanto uma crista ou um chifre, mas ainda assim distingue o Protathlitis como um novo espinossauro diferente dos parentes conhecidos.

As rochas onde o Protathlitis foi encontrado revelam que essa área já foi um estuário pré-histórico onde se misturavam água salgada e doce. O animal provavelmente compartilhava a região com outros de sua espécie, como o Baryonyx, de tamanho semelhante, que preferia habitats úmidos onde os peixes eram abundantes e os dinossauros de presas menores bebiam água. O Protathlitis pode ter levado uma vida semelhante, perseguindo as antigas linhas costeiras, mas são necessários mais fósseis para descobrir como ele era e como se comportava.

Outro espinossauro misterioso também viveu na mesma época, chamado Vallibonavenatrix, embora seja possível que esse dinossauro, também conhecido por um punhado de fragmentos fósseis, fosse na verdade o mesmo animal que o recém-descoberto Protathlitis.

No entanto, a descoberta de mais restos de espinossauro na Espanha ressalta que a Europa Ocidental foi o local da evolução inicial dos espinossauros. "O que é surpreendente para mim é a súbita explosão de novas espécies de espinossauros, que foram descritas em Portugal, na Espanha e no Reino Unido nos últimos anos", diz Fabbri.

Os ossos antigos ajudam a entender como esses comedores de peixe estavam começando a se diversificar antes de se espalharem pelo que hoje é o Brasil, o Marrocos, o Laos e outros locais, tornando-se, por fim, alguns dos maiores predadores terrestres da Terra.

As origens de um monstro aquático

Os paleontólogos dividiram os espinossauros em dois grupos, um que era um pouco menor e tendia a não ter cristas nas costas, chamado baryonychines, e os spinosaurines maiores, com cristas. A abundância de espécies de espinossauros primitivos na Europa Ocidental indica que esses ramos principais da árvore genealógica do animal se originaram no continente muito antes da evolução de gigantes posteriores, como o famoso Spinosaurus – um carnívoro monstruoso que podia atingir mais de 13 metros de comprimento e tinha uma crista de 1,5 metro de altura projetada de suas costas.

Quando o Protathlitis viveu, a maior parte da América do Norte, da Europa e da Ásia estava unida em um supercontinente chamado Laurasia. "Durante o início do Cretáceo na Laurásia, as duas subfamílias de espinossauros ocuparam a parte ocidental da Europa", diz Andrés Santos-Cubedo, paleontólogo da Universidade Jaume I, na Espanha, e principal autor do novo estudo. Os baryonychines, provavelmente incluindo o Protathlitis, tornaram-se comuns na Europa, enquanto os spinosaurines maiores prosperaram na África antiga.

Para saber exatamente quando os espinossauros começaram a desenvolver suas habilidades aquáticas, serão necessárias mais pesquisas. Por um lado, observa Fabbri, é provável que os primeiros espinossauros tenham evoluído no período Jurássico anterior, mas ainda não foram descobertos. Os paleontólogos estão trabalhando de trás para frente, a partir dos espinossauros mais antigos, para descobrir como o grupo se separou de outros dinossauros.

O desempenho dos espinossauros na água também está em debate, e pesquisas recentes concluíram que algumas espécies provavelmente caçavam perto das margens dos rios, enquanto outras podem ter mergulhado completamente debaixo d'água para perseguir suas presas. Tudo, desde ossos densos que atuavam como lastro biológico até o conteúdo intestinal contendo peixes, ressaltou a importância de uma vida semiaquática para pelo menos alguns espinossauros.

Não se sabe o suficiente sobre o Protathlitis para determinar se o dinossauro estava correndo atrás de peixes ou se preferia alimentos mais terrestres. "Uma avaliação adequada da hipótese aquática requer testes biomecânicos, bem como comparações de corpos e membros", diz Santos-Cubedo.

Tais estudos são difíceis porque os fósseis de espinossauros "não são muito abundantes", observa ele, mas descobertas futuras podem fornecer os ossos necessários para investigar por que alguns espinossauros preferiam caçar em terra, enquanto outros se escondiam à beira da água.

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