Os 4 impactos do glúten no corpo de pessoas celíacas
A doença celíaca é uma condição autoimune crônica que causa intolerância ao glúten. Confira como organismo de pessoas com esta condição reage ao glúten.
O glúten está presente em alimentos como o pão.
Presente na alimentação humana há milênios, o glúten vem sendo questionado cientificamente sobre seu impacto na manutenção de um estilo de vida saudável.
No entanto, segundo a médica especialista em nutrição aplicada e nutrição esportiva funcional Thais Barca, não há comprovação pela ciência de que essa proteína presente em alimentos como o pão, por exemplo, faça mal à saúde. “Salvo em casos em que a pessoa tenha já alguma intolerância ao glúten, como acontece com pessoas alérgicas ou que possuem doença celíaca.”
O que é a doença celíaca?
A medicina ainda não sabe exatamente o que causa a doença celíaca. “Alguns estudos indicam uma relação genética, outros relacionam a estilo de vida, como estresse ou ansiedade. Mas ainda não há nada definido”, afirma Barca.
Mas o que significa para uma pessoa ser celíaca?
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A doença celíaca, segundo explica a profissional de nutrição, é uma condição autoimune crônica que causa uma intolerância ao glúten e que impacta principalmente o intestino. Em pessoas celíacas, quando o glúten presente em pães, bolos, molhos, temperos e em diversos outros alimentos chega no intestino, principalmente no delgado, o sistema imunológico encara o nutriente como algo a ser combatido.
Essa resposta do organismo inflama as microvilosidades do intestino – pequenas dobras na superfície interna do órgão responsáveis pela absorção de nutrientes. Por conta da inflamação, há uma atrofia dessas estruturas, o que prejudica diversas funções do órgão. A seguir, a especialista listou para National Geographic 4 impactos do glúten que se pode notar no organismo de pessoas celíacas:
1. O glúten prejudica a digestão em pessoas celíacas
De acordo com a nutricionista, um dos primeiros impactos do glúten em pessoas celíacas é na função principal do intestino: a digestão.
Por conta da inflamação do órgão, a pessoa pode experienciar diarreia ou constipação, que também pode ser acompanhada de sintomas como empachamento gástrico (sensação de inchaço), cólica intestinal e desconforto abdominal.
2. Pode impactar o sistema imunológico
Outra consequência da ingestão de glúten por celíacos é um sistema imunológico deficiente. “A intolerância ao glúten interfere na microbiota intestinal (bactérias benéficas que vivem no órgão que, dentre outras funções, ajudam o sistema imune a identificar microorganismos invasores), o que causa uma piora na resposta imunológica da pessoa”, diz a médica.
3. Diminui a capacidade de absorção de nutrientes
A doença celíaca também pode desencadear outras condições de saúde, principalmente as ligadas a alguma deficiência nutricional, como anemia (por falta de ferro), ou perda de peso sem motivo aparente.
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Isso porque, segundo explica a médica, a inflamação na parede intestinal impede com que o corpo absorva os nutrientes durante o processo de digestão. Por causa disso, algumas pessoas celíacas também podem desenvolver sintomas de intolerância à lactose, não por realmente serem intolerantes, mas por não conseguirem absorver os nutrientes do leite.
4. A doença celíaca afeta o sistema nervoso central
A doença celíaca também pode afetar o sistema nervoso. O intestino, apesar de estar longe do cérebro, também possui neurônios o suficiente para formar um sistema nervoso próprio, responsável por coordenar tarefas como a liberação de substâncias digestivas e os movimentos que o alimento faz até sair do corpo como bolo fecal.
Além disso, o intestino é considerado o responsável pela produção de mais de 90% da serotonina do corpo humano, molécula que nos leva ao estado de bem-estar e essencial na comunicação entre o sistema digestivo e o cérebro. “Com o intestino debilitado, há uma menor produção de serotonina que, além de problemas na digestão, pode gerar maior irritabilidade e sintomas de depressão”, diz a médica especialista em nutrição.
Como tratar a doença celíaca
De acordo com a especialista, a doença normalmente se manifesta na infância com sintomas como anemia, constipação e diarreia frequentes, e dores abdominais mais acentuadas. Mas ela também pode aparecer já na fase adulta: “Nesses casos, os sintomas são mais tênues, o que dificulta o diagnóstico”, completa.
Atualmente, não existe uma cura para a doença celíaca, portanto, o tratamento da condição é voltado para a qualidade de vida da pessoa. “O primeiro passo é interromper o consumo de glúten e, dependendo do quadro de saúde, a pessoa pode precisar de acompanhamento com suplementos vitamínicos e uma adequação alimentar, com uma dieta rica em fibras para melhorar o funcionamento do intestino”, informa Barca.