Na foto, um dos ossos do fóssil encontrado no sul do Brasil. Trata-se da escápula do ...

Fóssil de dinossauro carnívoro é descoberto no Rio Grande do Sul: espécie viveu a 230 milhões de anos e ossos foram exposto pelas enchentes

Animal que pertence ao grupo Herrerasauridae é um predador do topo da cadeia alimentar de seu tempo. O fóssil encontrado é o segundo em melhor estado de conservação no planeta.

Na foto, um dos ossos do fóssil encontrado no sul do Brasil. Trata-se da escápula do dinossauro do grupo Herrerasauridae. 

Foto de Rodrigo Temp Müller
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 25 de jul. de 2024, 15:01 BRT

Uma empolgante descoberta pré-histórica foi registrada este mês por pesquisadores brasileiros no sul do Brasil. Trata-se de um dinossauro predador carnívoro, que viveu a mais de 230 milhões de anos e era um indivíduo do topo da cadeia alimentar de sua época. O animal do grupo Herrerasauridae teve seu fóssil encontrado em maio de 2024, na cidade de São João do Polêsine, interior do Rio Grande do Sul, e sua confirmação ocorreu no mês seguinte, em junho. 

A descoberta foi feita em um sítio paleontológico da região pelo grupo de paleontólogos do Cappa (Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia), do qual faz parte o paleontólogo Rodrigo Temp Müller, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Neste caso, um dado em especial faz o surgimento do fóssil ser bastante surpreendente: ele teria sido exposto no solo em decorrência da erosão causada pelas enchentes que castigaram parte do estado este ano. 

National Geographic Brasil conversou com Rodrigo Temp Müller para entender melhor a importância do material encontrado e em qual estado está o material. O pesquisador conta que existe outro dado por trás da descoberta: o recente fóssil do Herrerasauridae é o segundo mais completo para este tipo de dinossauro no mundo

Acompanhe, a seguir, os destaques da entrevista

Os paleontólogos no trabalho de preparação do fóssil encontrado no sítio fossilífero de São João do ...

Os paleontólogos no trabalho de preparação do fóssil encontrado no sítio fossilífero de São João do Polêsine.

Foto de Rodrigo Temp Müller

Como era o dinossauro descoberto no Rio Grande do Sul este ano? 

"O dinossauro que a gente encontrou é um animal que teria aproximadamente 2,5 metros e meio de comprimento, era carnívoro, bípede – então ele tinha as mãos livres para manusear presas, por exemplo, e pertence ao grupo dos herrerasauridae", explica Rodrigo. "Eles são dinossauros predadores de topo de cadeia que viveram por volta de 230 milhões de anos atrás". 

Rodrigo ressalta que ainda não é possível dizer se o material encontrado refere-se a uma uma espécie nova ou se pertence a alguma já conhecida: "A gente precisa terminar de fazer a preparação do fóssil para constatar, mas temos quase todo o esqueleto dele preservado, está bem completo", afirma. 

"Agora, nesse momento, o fóssil encontrado ainda vai passar pelo processo total de preparação, que seria essa 'limpeza', digamos assim. Depois disso, ele será estudado e, por fim, aí sim vai para a exposição. Ele poderá ser visitado, mas isso deve levar pelo menos mais um ano ainda", adianta o pesquisador.

Que tipo de dinossauros eram os herrerasaurus

Segundo detalha Müller, o indivíduo encontrado possuía cerca de dois metros e meio de comprimento, mas os herrerasauridae podiam alcançar até cinco ou seis metros de comprimento. 

"Então, talvez ele fosse crescer bem mais ainda, se ele não tivesse vindo a falecer antes. Eles eram todos carnívorosanimais predadores, foram inclusive os primeiros dinossauros predadores de topo de cadeia, e estão entre os dinossauros mais antigos do mundo, que é bem interessante", conta o paleontólogo. 

Portanto, além de ser "um dos primeiros grupos de dinossauros", como explica Müller, eles também foram animais que "conseguiram dominar os ambientes no qual eram os predadores", detalha. 

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    Na fotos, o laboratório de preparação dos paleontólogos do CAPPA, da Universidade Federal de Santa Maria, ...
    À esquerda: No alto:

    Um close dos elementos do fóssil de dinossauro Herrerasauridae encontrado no Rio Grande do Sul. O material ainda passa por uma espécie de "limpeza" e segue sendo estudado antes de ser liberado para visitação do público. 

    À direita: Acima:

    Na fotos, o laboratório de preparação dos paleontólogos do CAPPA, da Universidade Federal de Santa Maria, onde o fóssil encontrado está sendo avaliado. 

    fotos de Rodrigo Temp Müller

    Onde exatamente o herrerasauridae foi encontrado no Rio Grande do Sul? 

    Segundo Rodrigo, esta parte bem no centro do estado gaúcho possui diversos sítios paleontológicos importantes, incluindo o sítio fossilífero de São João do Polêsine, onde o dinossauro foi encontrado, e que fica a cerca de 46km da cidade de Santa Maria. 

    Por isso mesmo, os pesquisadores já esperavam que pudessem achar ossadas relevantes no local. "Nesse sítio em si, a gente nunca havia encontrado um fóssil tão completo e tão bem preservado. Mas já encontramos outros fósseis de outros animais e até havia um registro de um dinossauro desse tipo nesse mesmo sítio, mas ele era muito incompleto – composto só por dois ossos, dos ossos da região sacral. Então foi uma surpresa, claro, trabalhávamos com a possibilidade".

    Em qual época viveram os dinossauros herrerasauridae?

    O paleontólogo explica que os animais desse grupo habitaram a Terra há cerca de 230 milhões de anos. "Nessa época, existiam muitos desses rincossauros, que são outros répteis que não-relacionados com os dinossauros. A gente também tinha os cinodontes, que são os precursores dos mamíferos, que são bastante comuns nos ecossistemas onde tem esses dinossauros", explica Rodrigo Müller. 

    Além disso, continua o pesquisador, nesta mesma época também viviam muitos animais da linhagem que mais tarde dá origem aos jacarés e crocodilos. "Mas é uma linhagem bem diversa no passado, ela não tem muito a ver com os jacarés e crocodilos atuais em termos de forma. Eles eram animais bem mais diversosocupavam outros papéis ecológicos, digamos assim. Não eram animais só aquáticos – a maioria deles era terrestre", define.

    Os pesquisadores trabalhando no resgate do fóssil do Herrerasauridae no sítio paleontológico que fica perto da ...

    Os pesquisadores trabalhando no resgate do fóssil do Herrerasauridae no sítio paleontológico que fica perto da cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul

    Foto de Rodrigo Temp Müller

    Qual é a importância dessa descoberta para a investigação paleontológica no Brasil? 

    "O Brasil já se tornou referência mundial em relação à paleontologia, principalmente nessa questão da origem dos dinossauros e encontrar esse fóssil reforça a importância da paleontologia brasileira", defende Rodrigo Müller. 

    "A gente já tem visto vários exemplos de fósseis muito importantes para um contexto mundial da paleontologia. Aqui no Brasil a gente tem alguns dos dinossauros mais antigos do mundoeles também são muito bem preservados", continua. 

    Para quem ainda desconhece o lugar do país no cenário da paleontologia mundial, o especialista confirma: "Hoje em dia, quase tudo que a gente sabe sobre a origem dos dinossauros é resultado das descobertas aqui dessa região no Brasil – e isso falo em um contexto mundial", finaliza Rodrigo Temp Müller.

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