Chris Hemsworth revela jornada emocionante pela saúde do pai em doc da National Geographic

O ator, famoso por ser super-herói nas telas, mostra toda sua humanidade em conversa com a NatGeo sobre a viagem de sua vida para ajudar a despertar velhas memórias em seu pai, com Alzheimer.

Por Bethany Brookshire
Publicado 24 de nov. de 2025, 07:02 BRT
Chris Hemsworth e seu pai, Craig Hemsworth, em uma cerimônia de bênção em Bulman, no norte ...

Chris Hemsworth e seu pai, Craig Hemsworth, em uma cerimônia de bênção em Bulman, no norte da Austrália. Os dois usaram a terapia da reminiscência para desbloquear memórias antigas e criar novas.

Foto de Craig Parry, National Geographic

Chris Hemsworth não cede ao medo — ou pelo menos é o que parece. O astro de filmes de ação, que é conhecido também por ser o super-herói Thor, da Marvel, passou a infância aventurando-se pelo interior da Austrália e, agora, ele mesmo faz algumas de suas acrobacias nos filmes. 

Ele escalou a superfície vertical de uma barragem, treinou com equipes militares de elite e viu seus filhos darem saltos mortais em suas motos off-road, canalizando qualquer ansiedade que pudesse sentir ao longo do caminho em um pouco mais de coragem.

Mas a verdadeira bravura reside na vulnerabilidade e no enfrentamento de nossos medos mais profundos, que muitas vezes são mais mentais do que qualquer outra coisa. Hemsworth agora está se aprofundando nessa vulnerabilidade, enfrentando o medo que muitas pessoas têm de perder a memória — a sua própria ou a de seus entes queridos.

Durante a 1ª temporada de sua série documental da National Geographic, “Chris Hemsworth: Sem Limites, Vivendo Melhor”, Hemsworth descobriu que herdou duas cópias da variante do gene APOE4. Existem três versões naturais do gene APOE, mas cerca de 20% da população humana tem uma cópia do APOE4, o que aumenta o risco de desenvolver a doença de Alzheimer em duas a três vezes mais que outras pessoas. 

De acordo com a revista científica Stanford Medicine2% a 3% das pessoas têm uma dose dupla da variante genética, o que aumenta a probabilidade de desenvolver a doença em oito a dez vezes. Hemsworth também revelou que um de seus avós sofreu de doença de Alzheimer.

Agora, em seu novo documentário produzido pela National Geographic, “Chris Hemsworth: Uma Viagem para Recordar”, Hemsworth fala abertamente sobre o declínio cognitivo de seu pai, que está em estágio inicial de Alzheimer. 

Após consultar neurocientistas sobre uma técnica chamada terapia da reminiscência, Hemsworth e seu pai fazem uma viagem de motocicleta, percorrendo os antigos locais favoritos de seu pai, Craig Hemsworth, pela Austrália. Juntos, eles buscam recuperar e reviver memórias antes que elas desapareçam.  

National Geographic conversou recentemente com Hemsworth sobre essa jornada pai-filho que virou documentário e sobre tudo o que ele aprendeu sobre a terapia da reminiscência.

** Esta entrevista foi editada para maior clareza e concisão.

(Sobre Ciência e Saúde, leia também: Desmistificando a terapia hormonal: a virada da ciência no tratamento da menopausa)

“Uma Viagem para Recordar” foi algo muito pessoal para você e sua família. Por que você decidiu criar essa aventura tão íntima?


Chris Hemsworth: Depois de fazer a 1ª temporada de “Sem Limites”  e falar abertamente sobre minha composição genética, que me colocava em uma categoria de maior risco de Alzheimer, recebi um feedback muito positivo do público, de pessoas que conheciam alguém que estava passando por declínio cognitivo ou Alzheimer e demência, ou que elas mesmas estavam passando por isso.

Conversei sobre isso com meu pai, que foi diagnosticado com doença de Alzheimer. Discutimos algumas vezes sobre a possibilidade de examinar isso mais a fundofazer essa viagem e analisar a ciência por trás das relações conectadas e da terapia da reminiscênciaEle ficou muito interessado e entusiasmado com a ideia; acho que isso pode ter lhe dado alguma autonomia pela primeira vez. Meu pai também queria conscientizar as pessoas sobre o assunto e oferecer alguns conselhos ou informações que pudessem ajudá-las a tomar decisões diferentes ou lidar com esse tipo de diagnóstico.

Curiosamente, antes ele e eu não tínhamos falado muito sobre isso. Não era por evitar, mas por não saber realmente como abordar o assunto — talvez houvesse algum tipo de resistência à verdade do que estamos enfrentando como família. Eu estava definitivamente ansioso com tudo isso, mas [também] motivado pelo entusiasmo dele. Achei isso muito pessoal e profundo.

mais populares

    veja mais
    Chris olha para uma foto favorita da sua infância, em que aparece com o pai.

    Chris olha para uma foto favorita da sua infância, em que aparece com o pai.

    Foto de Craig Parry, National Geographic
    Chris e Craig conversam ao redor de uma fogueira durante sua viagem. A terapia da reminiscência ...

    Chris e Craig conversam ao redor de uma fogueira durante sua viagem. A terapia da reminiscência recria elementos do passado para promover o estímulo mental e evocar memórias.

    Foto de Craig Parry, National Geographic

    No documentário, vocês fizeram uma viagem de motocicleta aos lugares onde você passou sua infância. Como estimular as memórias de um ente querido ajuda no combate ao declínio cognitivo?


    Chris HemsworthUma das piores coisas a fazer é deixar os pacientes completamente isolados, que é basicamente o que o cérebro está fazendo. Ele está tentando reduzir seu mundo, e com isso vem outros problemas associados, como a depressãoa ansiedade e a resistência contra a exploração de coisas novas. Tudo se resume ao que é familiar para a pessoa.

    A ciência por trás da terapia da reminiscência consiste em estimular o hipocampo, que é a mesma parte do cérebro afetada pela doença de Alzheimer e pela demência

    Assim, ao revisitar memórias antigas, ela ajuda a construir uma proteção contra a resiliência, de certa forma. Para a terapia da reminiscência, seja olhando fotos antigas, relembrando e conversando sobre momentos do passado ou reunindo-se com amigos… Tudo isso é extremamente importante, tanto para o indivíduo que tem Alzheimer quanto para seus cuidadores.

    (Você pode se interessar: 7 práticas para melhorar a memória)

    Chris e Craig encontram-se com um amigo, Spencer, em Bulman, na sua primeira visita em 35 ...

    Chris e Craig encontram-se com um amigo, Spencer, em Bulman, na sua primeira visita em 35 anos: “É muito importante concentrarmo-nos não no que perdemos, mas no que partilhámos.”

    Foto de Craig Parry, National Geographic

    A terapia da reminiscência também pode ajudar os entes queridos do paciente a lidar com a doença?


    Qualquer coisa que possa aliviar o fardo e oferecer uma experiência potencial que possa retardar o declínio cognitivo é algo fantástico. Mas também, para que mais estamos aqui, se não for para nos conectarmos?

    Quando a memória de alguém está sendo tirada, isso é tão trágico para os entes queridos e cuidadores quanto para o próprio indivíduo. Acho [ótimo] lembrar-nos uns aos outros da importância do que passamos juntos e dos momentos felizes que compartilhamos, e como somos sortudos e afortunados por ter tido isso. E acho que é válido se concentrar não no que está sendo perdido, mas no que compartilhamos, também é muito importante.

    Tenho certeza de que, daqui a muitos anos, vou olhar para trás e ficar muito grato por ter documentado essa viagem que fizemos.

    (Conteúdo relacionado: Alzheimer: confira 4 mitos sobre a doença)

    Existem áreas de pesquisa sobre o declínio cognitivo que lhe dão esperança neste momento?


    As pessoas estão correndo para tentar descobrir isso, e quem conseguir provavelmente ganhará um Prêmio Nobel. Por enquanto, a coisa mais importante que você pode fazer agora neste momento — isso está comprovado — é [cuidar] da sua saúde e bem-estar

    Concentre-se na sua alimentação, pratique meditação, aprenda a tocar um novo instrumento ou uma nova habilidade, como aprender uma nova língua, continue estimulando sempre o cérebro e fazendo com que ele busque novos conhecimentos, e faça coisas que sejam desafiadoras. O benefício é desenvolver partes do cérebro que são atacadas pelo Alzheimer.

    Gostaria de ter a pílula mágica e a resposta para um tipo de medicamento que fosse resolver isso, mas acho que aplicar todas as coisas que sabemos definitivamente tem um efeito positivo.   

    Chris Hemsworth: Uma Viagem para Recordar” estará disponível no Disney+ a partir de 24 de novembro

     

    mais populares

      veja mais
      loading

      Descubra Nat Geo

      • Animais
      • Meio ambiente
      • História
      • Ciência
      • Viagem
      • Fotografia
      • Espaço
      • Saúde

      Sobre nós

      Inscrição

      • Assine a newsletter
      • Disney+

      Siga-nos

      Copyright © 1996-2015 National Geographic Society. Copyright © 2015-2025 National Geographic Partners, LLC. Todos os direitos reservados