Horn of the 19,700-year-old woolly rhinoceros found in the melting permafrost of the Yakutia. The longest ...

O maior chifre de rinoceronte do mundo foi descoberto por conta do derretimento de permafrost na Sibéria

Um morador local encontrou os restos mortais do animal de 19.700 anos. Seu chifre recorde oferece novas perspectivas sobre a vida na Era do Gelo.
Horn of the 19,700-year-old woolly rhinoceros found in the melting permafrost of the Yakutia. The longest animal horn discovered thus far, it measured about 5 feet 5 inches long. Photograph of one horn from two sides.
Foto de Ruslan Belyaev
Por Mark DeGraff
Publicado 5 de nov. de 2025, 07:02 BRT

Nos confins da região de Yakutia, ou Iacútia, na Sibéria, uma região acidentada da Rússia que detém o título de lugar habitado mais frio da Terramistérios se escondem sob o solo congelado.

Roman Romanov, um caçadorpescador e colecionador de fósseis local, descobriu um desses mistérios no verão passado. Enquanto caminhava ao longo de um riacho na tundra, ele avistou algo emergindo do permafrost derretido: um crânio e um chifre enorme e curvo saindo do solo.

Romanov desenterrou os restos congelados e os levou para o Museu do Mamute, na capital regional de Yakutsk, onde muitas criaturas retiradas do solo gelado são armazenadas e estudadas. Os cientistas do museu determinaram que o crânio pertencia a um rinoceronte lanudo de 19.700 anos – uma espécie de rinocerontes já extinta há cerca de 14 mil anos.

Quando vagava pela área há milhares de anos, ele teria sido tão pesado quanto um carro SUV e coberto por uma pelagem felpuda. Os pesquisadores mediram o seu chifre e constataram que tem 1,65 m de comprimento.

Em seguida, eles realizaram uma análise abrangente de todos os chifres de rinoceronte registrados, tanto vivos quanto extintos. A partir de sua análise, eles determinaram que o chifre de rinoceronte-lanudo recém-descoberto é o maior chifre de animal já encontrado na Terra, uma descoberta que eles publicaram em setembro de 2025 no Journal of Zoology. O novo chifre superou o campeão anterior, um rinoceronte branco da África do Sul, por apenas cinco centímetros.

O paleontólogo Gennady Boeskorov segurando o chifre recordista. Ele pertencia a uma fêmea de rinoceronte-lanudo.

O paleontólogo Gennady Boeskorov segurando o chifre recordista. Ele pertencia a uma fêmea de rinoceronte-lanudo.

Foto de Mammoth Museum, Yakutsk, Russia

Ficamos surpresos com a quantidade de conclusões diferentes que conseguimos tirar ao estudar esse chifre recordista”, afirma Ruslan Belyaev, zoólogo da Academia Russa de Ciências e um dos autores do estudo.

Os anéis de crescimento gravados na queratina do novo recordista revelam que o animal viveu pelo menos 40 anosEstudos sobre o envelhecimento sugerem que os rinocerontes africanos selvagens vivem normalmente até 40 anos.

“Pela primeira vez, conseguimos mostrar que, nas condições adversas da Era do Gelo, os rinocerontes lanudos podiam viver tanto quanto as espécies modernas”, afirma Belyaev.

(Conteúdo relacionado: Permafrost do Ártico está descongelando em ritmo acelerado, e consequências são para todos)

As fêmeas do rinoceronte extinto tinham chifres mais longos


forma do crânio também indicava que o chifre excepcionalmente longo pertencia a uma fêmea. “Essa característica também é algo que comum aos rinocerontes africanos modernos, cujos chifres recordistas eram de fêmeas”, diz Belyaev.

Mas, devido à escassez de chifres de rinocerontes lanudos disponíveis para estudo, os cientistas não têm certeza se as fêmeas sempre tiveram chifres mais longos, explica Ralf-Dietrich Kahlke, paleobiólogo da Estação de Pesquisa Senckenberg para Paleontologia Quaternária, que não participou desta pesquisa. “Simplesmente não temos material suficiente”, afirma ele.

Os chifres dos rinocerontes lanudos tinham em média cerca de 1 metro de comprimento, quase o dobro do comprimento da segunda espécie de rinoceronte com maiores chifres, do rinoceronte branco africano, que tem em média cerca de 30 centímetros. Kahlke diz que esses chifres enormes serviam a um propósito incomum

A parte inferior do chifre é frequentemente achatada, sugerindo que esses animais o raspavam repetidamente contra o solo congelado para desalojar bocados de grama congelada, diz ele.

Assim como os rinocerontes modernos, os rinocerontes lanudos provavelmente também usavam seus chifres como armas. Os entalhes no meio de alguns dos chifres que foram descobertos podem ter se formado quando eles bateram contra o chifre de outro rinoceronte, de acordo com Kahlke.

Cenas dessas batalhas épicas foram imortalizadas em uma pintura rupestre de 30 mil anos na França, que mostra dois rinocerontes lanudos em confronto. Como muitos de seus parentes, os rinocerontes lanudos também tinham um segundo chifre mais curto, mais próximo da cabeça, que provavelmente protegia seu cérebro durante essas lutas, acrescenta Kahlke.

(Leia também: É verdade que os rinocerontes realmente estão em perigo de extinção)

Uma mina de ouro congelada para a fauna da Era do Gelo


Os rinocerontes lanudos costumavam vagar pela estepe mamute, uma pradaria fria e seca que se estendia pela EuropaÁsia e Canadá. Eles viveram ao lado de leões das cavernasmamutes lanudos e até mesmo humanos até serem extintos há cerca de 14 mil anos.

Além dos rinocerontes lanudos, Yakutia é uma mina de ouro para a fauna da Era do Gelo. O permafrost profundo e extenso da região pode preservar animais congelados por dezenas de milhares de anos, diz Gennady Boeskorov, paleontólogo da Academia Russa de Ciências e principal autor do estudo. 

Até os tempos atuais, em que o aquecimento global vem contribuindo para o degelo dos permafrost do Ártico, e apresentando ao mundo descobertas como a desse rinoceronte de chifres enormes – além de consequências sérias ao meio ambiente, como a evasão de gases tóxicos.

Em 2024, cientistas revelaram um filhote de um dente-de-sabre com 32 mil anos retirado do gelo derretido da Yakutia

E, à medida que o gelo da região continua a derreter, muitos outros mamíferos extintos há muito tempo serão libertados. Kahlke suspeita que o resto do corpo do rinoceronte recordista permaneça enterrado no gelo nas proximidades, esperando para ser encontrado.

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