Estrela de Belém: 5 teorias que poderiam explicar o fenômeno que guiou os Reis Magos
Vistos da Terra, Júpiter e Saturno parecem estar um em cima do outro, mas na realidade esses dois planetas estão separados por 734 milhões de quilômetros. Nesta fotografia, tirada no Havaí durante a grande conjunção em 20 de dezembro de 2020 no Gemini North, parte do Observatório Internacional Gemini, é possível ver que o ponto mais próximo dessa conjunção coincidiu com o solstício de inverno em 21 de dezembro, semelhante à grande conjunção de 7 a.C. – que é uma das muitas explicações possíveis para a origem da estrela de Belém.
A história da estrela de Belém (também conhecida como Estrela de Natal e Estrela-Guia), contada no Evangelho de Mateus (o primeiro livro do Novo Testamento da Bíblia católica), descreve como este ponto brilhante como um objeto celeste guiou três homens sábios do Oriente (conhecidos como os Reis Magos) a Belém, há mais de 2 mil anos, ao local onde um profeta chamado Jesus teria nascido.
A veracidade desse evento tem sido objeto de debate ao longo do tempo, levando a uma pergunta intrigante: o que era realmente essa estrela? Ela existiu de fato?
Pesquisadores de várias disciplinas lidaram com esse enigma, combinando abordagens históricas, religiosas e científicas. Com o avanço da astronomia moderna, foram descobertas novas possibilidades que poderiam oferecer respostas mais concretas, considerando a possibilidade de que a estrela de Belém fosse um fenômeno como uma conjunção de planetas ou um cometa.
Para entender melhor o fato, National Geographic usou dados do Royal Museums Greenwich (organização composta por quatro museus em Greenwich, no leste de Londres, entre eles um observatório astronômico) para explicar as cinco possíveis respostas para o fenômeno celeste conhecido como Estrela de Belém – e que é revivido a cada Natal. Descubra-as abaixo.
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Um mosaico bizantino da cidade de Ravena, na Itália, representando os Reis Magos visitando o menino Jesus Cristo após seu nascimento em Belém.
1. Será que Estrela de Belém teria sido um cometa?
Uma das hipóteses mais comuns para explicar a Estrela de Belém vista pelos Reis Magos, segundo o Royal Museums Greenwich, seria a de que a estrela se tratava, na realidade, de um cometa. Segundo Orígenes, o mais antigo teólogo cristão conhecido, essa teoria proposta em 248 d.C. sugeria que um cometa teria guiado os viajantes.
Já registros astronômicos de origem chinesa mencionam uma possível aparição de um cometa em 5 a.C., mas as evidências são insuficientes, reconhece o Royal Museums Greenwich. Mesmo assim, os cometas têm um movimento visível no céu, o que poderia ser consistente com a ideia de uma “estrela” que parecia se mover junto com os magos.
Vale a pena observar ainda que o cometa Halley, provavelmente o mais conhecido popularmente, passou perto da Terra em 12 a.C., o que o torna um candidato improvável para o evento relatado nos Evangelhos.
Além disso, observa um outro artigo da National Geographic de 2022, os cometas eram vistos naquela época como presságios negativos, o que dificultaria sua interpretação como um sinal divino.
2. A Estrela de Belém foi uma supernova?
A teoria de que os reis magos poderiam ter visto uma explosão estelar, seja de uma estrela nova ou supernova, foi proposta pelo astrônomo, astrólogo e matemático alemão Johannes Kepler entre os séculos 16 e 17.
No entanto, o Royal Museums Greenwich deixa claro que não há registros astronômicos ocidentais de uma supernova naquela época e que, se ela tivesse ocorrido, haveria um remanescente observável até a atualidade.
Nos registros chineses, há uma referência a esse evento por volta do nascimento de Jesus, mas não há provas conclusivas, acrescenta a entidade britânica.
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3. Conjunções planetárias: uma explicação para a estrela de Belém
Uma terceira teoria também apresentada por Kepler sugere que a Estrela de Belém pode ter sido, na verdade, o resultado de uma conjunção planetária entre Júpiter, Saturno e a Lua em 6 a.C., menciona um artigo publicado pela National Geographic Espanha e intitulado “A Estrela de Belém: uma explicação astronômica”.
Segundo o texto, Kepler argumentou que “esse evento poderia ter brilhado intensamente no céu, indicando o nascimento do Messias”.
“Hoje, no entanto, cálculos muito mais detalhados da posição dos planetas do Sistema Solar aos quais Kepler não poderia ter tido acesso, parecem indicar que esses gigantes não se aproximaram de fato o suficiente para brilhar excepcionalmente acima das outras estrelas”, esclarece o artigo espanhol.
O cometa ISON brilha nesta exposição de cinco minutos tirada no Marshall Space Flight Center, da Nasa, em 8 de novembro de 2013. A possibilidade de que a estrela de Belém fosse um cometa é apenas uma das muitas teorias que explicam o fenômeno.
4. Será que Sírius, a estrela mais brilhante do céu noturno, foi o guia dos reis magos?
Outros estudiosos, por sua vez, apontam Sírius – conhecida como a estrela mais brilhante do céu – como a possível Estrela de Belém.
Com duas vezes a massa do Sol e 20 vezes o seu brilho, Sírius é facilmente identificável à esquerda do Cinturão de Órion. Alguns astrônomos acreditam que essa estrela pode ter sido a verdadeira guia daqueles que buscavam Jesus, observa o artigo da National Geographic Espanha.
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5. Seria a Estrela de Belém uma conjunção entre os planetas Júpiter e Vênus, e a Regulus?
Finalmente, o Royal Museums Greenwich esclarece que também existe a ideia de que a Estrela de Belém possa ter sido o resultado de uma série de conjunções entre Júpiter, a estrela Regulus e o planeta Vênus.
Essa combinação, que ocorreu perto da época estimada do nascimento de Jesus, envolve corpos celestes com significados simbólicos nas culturas da época, diz o museu britânico.
Na tradição hebraica, Júpiter era conhecido como Sedeq, geralmente traduzido como “justiça”. Já Regulus, em latim, significa “príncipe” ou “pequeno rei”, enquanto Vênus era associado ao amor, à fertilidade e ao nascimento. Assim, “a combinação desses objetos próximos no céu poderia ter levado à interpretação do nascimento do ‘Rei dos Reis’”.